Desculpe que lhe diga (se calhar estou a ser injusta) mas da forma que fala aqui você não é criadora - têm um Hobbie !
Oh lá lá, afinal parece que chegamos ao âmago da questão. Afinal o que é para si ser criador? É que para mim é isso mesmo, é um hobby, que tem que ser feito com muita, mas muita paixão mesmo. Não será nunca uma maneira de fazer dinheiro nem, consequentemente, actividade a tempo inteiro. E quem o fizer - minha cara, para mim é bem claro que não é criador.
Quanto ao CPC, não, não tenho amigos por lá. Aliás, que me lembre só votei uma vez na "tia" Carla. Agora, o que se passa é que eu sei o que é uma Canina, e como é que funcionam as Caninas em qualquer parte do mundo. NENHUMA, mas mesmo NENHUMA fiscaliza as condições de criação (tanto mais que, como já disse, pode sempre haver os canis "a sério" e os "canis para mostrar"). Os puppy mills foram inventados na Inglaterra e depois nos EUA sem que o KC (ou o AKC) lhes pudesse pôr cobro. A Canina Francesa tem um título de criador recomendado cujos requisitos fazem com que seja muito raramente atribuido e seja revisto de 3 em 3 anos (mas basicamente baseia-se em resultados de exposição). Na Bélgica, nos países nórdicos também se atribuem títulos, mas não sei quais os requisitos. De qualquer forma, baseando-se em resultados em exposição, o mais abjecto dos "canicheiros" pode ser criador recomendado (aliás por cá há alguns assim ...).
Já gora, quer saber para que serviam os registos (inventados como em tudo pelos ingleses)? Os registos eram só registos do nome - que no princípio da coisa todos os cães eram Bob e Laddie e coisas do estilo. Ao registar o nome do cão no KC, mais nenhum podia ser registado com aquele nome (o mesmo princípio se aplica hoje). Daí o aparecimento dos afixos e etc. Ainda hoje em Inglaterra os criadores apenas registam o nome dos cachorros e os pedigrees são preenchidos à unha (quem quiser um pedigree emitido pelo KC paga umas libras valentes).
Continuando com o papel do CPC. São objectivos do LOP:
O L.O.P. destina-se ao registo e identificação, em Portugal, dos animais de raça canina pura, tendo como objectivos principais:
a) Instituir as necessárias medidas para conservar puras todas as raças caninas;
b) Classificar as raças caninas portuguesas;
c) Inscrever e catalogar os animais de raças caninas puras;
d) Solicitar à F.C.I. a concessão dos afixos para os canicultores residentes em Portugal;
e) Proceder aos registos e conceder os certificados mencionados neste Regulamento;
f) Cumprir e fazer cumprir os regulamentos nacionais da especialidade, bem como os da F.C.I..
Não vejo aqui nada sobre protecção aos animais e criação ética. E entre ser puro e ser de qualidade vai um grande pulo.
Quanto à celebre inspecção, ela destina-se apenas a
A inspecção prévia deverá confirmar as declarações prestadas pelo criador no boletim de declaração de beneficiamento e nascimento de ninhada e consistirá na apresentação dos cachorros e sua progenitora, por parte do criador, a um inspector credenciado pelo C.P.C., e a sua verificação constará num Boletim de Verificação de Ninhada, fornecido pelo C.P.C. para esse efeito.
ou seja, serve basicamente para manter a integridade do LOP, como eu referi. Não serve para avaliar a qualidade dos cachorros nem as condições em que são criados.
Na versão actual do regulamento lá se puseram umas normazitas relativas às idades dos reprodutores, no sentido de evitar o abuso dos animais. O que é um bocado utópico, porque quem quiser continuará a cruzar a cadela a todos os cios, só não registará todas as ninhadas (e foi, a partir daí, ver o número de ninhadas sem LOP a aumentar ...).
Esta informação está disponível na net. Quem estiver interessado em comprar um cão com LOP só tem que consultar o Regulamento e ver em que condições o LOP é atribuido. Não há informação? Francamente, torno a dizer, só não se informa QUEM NÃO QUER.
Não percebi bem essa de não assumir responsabilidades. Eu assumo responsabilidades sobre aquilo que eu faço, ou seja, os cães que eu produzo. Agora, diga-me, vou ter que andar a distribuir folhetos pelas caixas do correio sobre como comprar cães?
PauloC Escreveu:O problema aqui é que, embora isto fosse correcto em condições 'normais', existe um público indisciplinado que transforma a visita às exposições numa ida à "feira pupular" ou ao jardim zoológico! ISTO é que está errado, e não o facto em si mesmo do público dever ter acesso ou não às exposições
Exactamente. O problema é que em Portugal 90% dos visitantes são tipo "passeio à
feira pupular", 9.99% vão para ver cães (simplesmente ver, sobretudo raças que não se vêem na rua aos pontapés, mas também vão em passeio, só que são mais educados) e só 0.01% estão realmente interessados. (Já agora, aisd, escolheu o "seu" criador numa exposição? Não, pois não?)
As pessoas avaliam carros porque têm muita informação disponível, diz a aisd. Bolas, não têm informação disponível sobre cães em livros, em revistas, na net? Até no meu site podem encontrar montes de informações (quer em inglês quer em português). Já recebi mails de pessoas dos EUA e do Canadá a dizer: "Obrigado pelas informações, muitas coisas lá escritas fizeram-me pensar". Os sites dos Clubes de Raça costumam ter informações e conselhos. Mais uma vez, MEXAM-SE . Têm mais cuidado a comprar um frigorífico que um cão (e olhe que não há revistas sobre frigoríficos).
"Quando o sábio aponta para a Lua, o idiota olha para o dedo" (provérbio chinês)