aisd Escreveu:
A questão aqui não é uivos ou o caraças é uma ameaça.
Exactamente o que disse o advogado com quem falei ontem.
Há aqui duas questões completamente distintas que por acaso se interligam.
Uma tem a ver com a atitude do homem ameaçar com um tiro. A outra, cuja discussão veio por acréscimo, tem a ver com a eventual justificação do protesto do homem.
Não há nada que justifique uma reacção que se concretize em dar um tiro e nisso creio que estamos todos de acordo. Nunca ninguém pôs iso em dúvida. Mas, como se costuma dizer, "não há fumo sem fogo". E isso levou-me a questionar se de facto não haveria mesmo uma justificação para essa ameaça. Também julgo que essa minha atitude (e não só minha) foi bem entendida.
Mas já que o tópico teve este desenvolvimento, gostaria de acrescentar ainda um aspecto.
Entre vizinhos não é invulgar criarem-se conflitos. Por vezes esses conflitos chegam a ser dramáticos e geram-se verdadeiros ódios por questões na maior parte dos casos de cácárácá.
Atenção, não estou a referir-me a este caso em particular. Estou a falar no geral.
Não sei se têm conhecimento das numerosas questões que nas aldeias são levadas a tribunal por causa de um palmo de terra. Não estou a exagerar na medida. Às vezes é mesmo por uma escassa distância de centímetros na demarcação das terras. É ridículo mas é verdade. E as partilhas? Quantos irmãos, primos e tias se zangaram de vez por causa de dois tarecos?
Desculpem-me a comparação, mas nós, tal como os cães, somos muito ciosos do nosso território.
Aquilo que chamamos de TOLERÂNCIA não passa de um conceito abstracto a partir do momento que olhamos pelos nossos interesses e pelo nosso território e principalmente quando esses bens são beliscados. Isso de tolerância passa a ser exigido apenas aos outros. Em nós esse princípio fica bloqueado (Continuo a falar em abstracto).
Entre vizinhos por vezes a tolerância é zero.
Então medem-se forças. E às vezes nem ganha o mais forte. Na maior parte dos casos nem ganha ninguém porque cada um fica na sua. Mas gera-se um clima de cortar à faca que não beneficia ninguém.
Na minha opinião, a melhor forma de vencer estes pequenos (grandes) obstáculos é o diálogo com base em dois princípios fundamentais: imparcialidade e tolerância. É muito complicado mas vale a pena.
Ser tolerante é muito difícil. Mas é um exercício muito interessante. E é gratificante. Ser imparcial é termos a capacidade de nos colocarmos do lado contrário. É mais difícil ainda mas é condição essencial para sermos tolerantes.
Por exemplo aqui no fórum existe pouca tolerância. Aqui não há propriamente bens ou domínios a defender. Mas há as nossas ideias e a nossa identidade, que por vezes se marca e se defende de forma muito pouco tolerante.