PauloC1 Escreveu:Já seria uma 'vitória' levar algumas pessoas a ponderar realmente porque continuam com uma dieta omnívora.
Do meu lado a questão coloca-se antes de mais, porquê deixar-me de uma dieta omnivora?
Há muitas respostas com base científica que lhe mostram as vantagens em termos de melhorias de saúde e de contributo para uma melhor gestão dos recursos naturais do planeta.
Mas aquilo que o deve realmente levar a deixar de ter uma dieta omnívora é o facto de o querer fazer. O nosso cérebro é o que verdadeiramente nos distingue das restantes espécies. O nosso intelecto, a nossa capacidade de raciocinar, a nossa consciência global e interpretação da nossa influência no meio envolvente e vice-versa.
Uma farinheirazita num bom cozido à Portuguesa sabe bem? Sabe. A bela da picanha a pingar molhanga, um linguado bem grelhado e temperado, etc... Tudo excelentes iguarias que trabalham bem o sentido da degustação.
Mas somos nós humanos regidos totalmente pelos sentidos e impulsos ou pela sobretudo pela nossa consciência, força de vontade, pelo nosso querer?
O primeiro passo é ter o conhecimento que não tem necessidade de matar um animal para se deliciar sensorialmente quando pode fazê-lo com combinações de espécies vegetais que à partida não padecem do sofrimento físico ou psíquico no momento da sua morte. (e a conversa se as plantas são ou não inteligentes, sensíveis seria para tópico do tamanho deste...)
Tendo essa consciência, ou conhecimento, da relação entre a morte do animal e o sofrimento físico e psíquico a que é sujeito, fica ao cargo de cada um decidir se sente bem em fazê-lo, se não quer fazê-lo ou se não se importa em fazê-lo não querendo sequer pensar muito no assunto para não estragar o repasto.
Eu não conseguia olhar para a comida sem pensar no animal em vida. Ao mesmo tempo batia-me por ser defensor dos animais e andava a alimentar-me de alguns. Por isso decidi deixar de ser omnívoro para acabar com esta ambiguidade.
Hoje em dia muita gente sabe que o tabaco é danoso para si e para os outros e fuma-o conscientemente.
O importante é que tanto omnívoros como vegetarianos tenham a consciência de que é possível viver sem nos alimentarmos de animais. Por isso é como tantas outras coisas uma questão de opção ASSUMIDA. E não dizer que sou porque sou, porque sempre fui, porque é como as coisas são, etc...
Hoje em dia cada um é como é, em termos de regime alimentar, porque quer. Mas um omnívoro que se afirme defensor dos direitos dos animais deverá sempre colocar a salvaguarda "excepto daqueles que fazem parte do meu regime alimentar". E isso para mim é um grande par de pés de barro nesta matéria.