ainda não tinha arranjado coragem para vos contar a história do Paco, um Retriever do Labrador com 4 meses, mas aqui vai...
Andava eu a ver anúncios de animais para adopção e encontrei um que dizia "oferece-se labrador retriever com 4 meses, motivo: ida permanente para o estrangeiro". Resolvi ligar e perguntar à senhora pq razão não levaria o animal com ela, "falta de tempo" foi o que me respondeu. Fui ver o cachorro, pareceu-me normal, é muito bonito, está bem tratado (pelo, peso, dentes, tudo normal). Conversei com os donos, disseram-me que o não o podem levar para o sítio onde vão, não sabem quando voltam, etc etc etc, ainda pus a hipótese de tomar conta dele até eles voltarem, mas diseram que não o queriam, resultado trouxe o cachorro para minha casa.
Quando cheguei a casa reparei que tem uma pata (a posterior do lado direito), completamente torta, fomos ao veterinário que pensou ser uma fractura antiga na qual o osso tivesse solidificado torto, porque o Paco quando anda roda a pata toda para dentro, tirou radiografias mas não aparece nada de estranho. O Paco tem sensibilidade, não lhe dói a pata, o veterinário pensa que terá sido uma lesão a nível muscular que o faz andar daquela maneira. Está a fazer um tratamento a longo prazo, toma Anima Strath, Os-Can e Miostenil e tem que fazer fisioterapia, isto tudo até parar de crescer, nessa altura se fôr necessário será submitido a uma intervenção cirúrgica.
Quando pedi ao veterinário para confirmar se o Paco tinha microchip (os donos entregaram-me o LOP, boletim de vacinas e os papéis do SIRA) o veterinário não encontrou nada, pegámos no papel do SIRA e o nome do animal não corresponde ao nome de registo no LOP, mas o nº está correcto, ou seja, das duas uma, ou o animal nunca teve microchip ou então quando o puseram ficou fora do sítio e saiu.
A história nunca me cheirou bem desde o príncipio: ninguém dá um cão daqueles sem querer nada em troca, ninguém se desfaz de um animal sem problemas de consciência, os donos já deviam saber que o Paco tem um problema a nivel muscular e quiseram descartar-se dele o mais rapidamente possivel.
Já sei que muitos de vocês me vão apontar o dedo por ter ficado com o cão, eu não o pedinchei, mas foi um "click" quando li o anúncio e no minuto a seguir já estava a falar com a senhora ao telefone, não sei porque razão o trouxe para casa, quando dei por mim já o Paco me estava a encher de lambidelas e a abanar aquele rabiosque, e não resisti, os donos também ajudaram.
Vai ser difícil o Paco recuperar, mas como ainda é muito cachorro torna-se mais fácil, desde que faça exercício, tenha uma boa alimentação, e continue o tratamento. Eu não me importo, se fosse outro problema de saúde acho que também não me importaria de ajudá-lo, a única coisa que me interessa é vê-lo feliz, não seria capaz de lhe fazer o que os antigos donos fizeram, ver-me livre dele só pelo problema físico.
Agora só me resta fazer figas para que tudo corra bem
