Também é usual lermos que na maioria das espécies os exemplares à medida que vão crescendo tornam-se mais calmos, confiantes e perdem, por vezes de forma bastante acentuada, a agressividade que demonstraram quando mais jovens.
Para além destes dois factores cada exemplar pode sofrer alterações de comportamento e temperamento circunstancial, em virtude de N factores e estímulos externos e internos.
Seria interessante, a meu ver, trocarmos experiências neste âmbito, nomeadamente que medidas ou processos utilizaram para "rectificar" ou minimizar algum traço do seu comportamento, que tipos de alteração experienciaram e que causas pensam estar na origem dessa alteração, etc.
Como exemplo gostaria de falar na minha L. g. holbrooki, A.K.A. Verdinha ou Green Dwarf.
Devo dizer que foi a minha primeira cobra e creio ser correcto afirmar que tive bastante sorte com a minha opção. Quando chegou a casa mostrou-se um exemplar relativamente calmo e confiante no faunário, tendo em conta que é uma Lampropeltis, a comer muito bem e sem qualquer problema de agrafar a presa directamente da minha mão e aplicar uma bela constrição.
Com calma fui pegando fui tentando manusear mas neste aspecto nunca foi uma cobra fácil já que era muito rápida e tentava, de forma por vezes obstinada, voltar para a sua toca, mas nunca de forma minimamente agressiva.
Dava-se bem no faunário com papel de cozinha mas quando a passei pela primeira vez para um substrato solto reparei uma alteração significativa do seu comportamento, passando a estar bastante mais tempo fora das tocas e a escavar com “contentamento”.
Mas claramente o ponto marcante em termos de alteração comportamental objectivamente isolável foi a introdução de outras espécies na sua zona imediata. Desde o momento desta introdução, o seu comportamento e temperamento sofreu uma alteração e uma inversão muito relevante, tornando-se menos confiante, bastante mais desconfiada, com influência directa no seu comportamento em sede de alimentação. A aceitação de alimento passou a ser bastante mais irregular, e não era raro estar 7 ou 8 dias sem aceitar alimento, quando antes facilmente aceitava de 4 em 4 ou 5 em 5 dias. Deixou de atacar o alimento passando a aceitar apenas (como regra geral) o alimento deixado no faunário, embora em algumas ocasiões aceitasse da mão ou pinça.
Este comportamento tem vindo a ser progressivamente ultrapassado não só com um manuseamento mais constante mas também dando-lhe um faunário que lhe permita sentir-se segura e ao mesmo tempo ser activa. Uma camada generosa de substrato, elementos interessantes como rochas, troncos, tocas diferentes e variação no alimento, bem como o processo natural de maturação e um manuseamento mais constante tem vindo progressivamente a torná-la mais confiante, calma e mais activa. Em termos de alimentação, e como já referi num outro post, ontem fiquei com a ponta da cauda na mão depois de ela me ter arrancado o rato da mão. Mais, não só aplicou uma forte constrição como teve a auto-confiança para não o libertar quando eu a testei e lhe dei uns toques e cheguei mesmo a pegar por instantes, que na verdade foram mais alargados que o pretendido já que ela sem pausar a ingestão da presa me prendeu os dedos com o quarto final do corpo.

Um grande progresso...
E agora, como já vai longo o meu post deixo o caminho livre para darem as vossas opiniões e sobretudo experiências pessoais neste campo.