Tenho 20 anos e como estou quase a sair da faculdade acho que devo estar para aí no grupo da "Geração sem Saldo" ou "Em Saldo" ou seja lá o que for que já lhes/nos chamaram. Por um lado actualmente passo muito do meu tempo no computador, a «voar» na Net e a fazer trabalhos (mas eu ainda fui do tempo em que os trabalhos eram feitos à mão, não é como agora que se tem um Magalhães - qualquer dia em vez de oferecermos aos recém-papás roupinhas, peluches, etc., começamos a oferecer um "enxoval" mais actualizado: um iphone, uma pendrive, um gps, um Magalhães...). Também ainda subi às árvores, rebolei na terra com os cães, passei tardes a brincar com os cabritos no curral (um cheirinho maravilhoso para curar narizes entupidos), rachei a cabeça, e muita sorte tive em não ter apanhado tétano de tanto prego que espetei nos pés. Hoje assisto à educação dos meus primos pequenitos com alguma preocupação. Porque moramos no campo os pais ainda os levam e eles gostam, de andar de bicicleta, de ir ver os mémés...Mas principalmente o mais velho (7 anos) só pensa no computador, e sabe jogar melhor que eu, mas depois não sabe ler (eu com menos três anos que ele já lia os livrinhos da Heidi

). Mas por exemplo uns primos dele - que não são meus - que costumam ir lá para casa, é a desgraça total. O miúdo oferecemos-lhe um chocolate ou qualquer outro doce, diz que não gosta. Está no seu direito. Mas depois investigando melhor percebe-se que o miúdo nunca pode mascar pastilha quanto mais comer chocolate. Vai à praia: não gosta: nunca o deixaram entrar na água, logo tem medo. A areia "incomoda-o". Tem medo de tudo quanto se mexa e não seja pessoa: a mãe não o deixa ter animais. Nem sequer um peixinho!!!??? Aliás acerca deste assunto estava no outro dia a mãe desta criança a falar com a minha prima (que tem um gato), dizendo-lhe que o animal era péssimo para as crianças (

) e que ela (minha prima) devia «Deitá-lo fora». Só me apeteceu foi chamar-lhe tudo e mais alguma coisa e dizer-lhe umas verdades, mas não tenho confiança para isso. Ainda outro dia, na brincadeira com este miúdo o meu primo tirou-lhe o boné. Na brincadeira, sem agressividade, deu-lhe só um toque na pala, fazendo-o cair. Começou a chorar que estavam na rua e podia apanhar sol na cabeça (estavam bem à sombra...) e podia morrer. Isto bem vi eu.
Enfim, reflexos da geração que um dia vai decidir os destinos do mundo...
Nascemos de um sonho, vivemos num sonho e morremos quando o sonho acaba.