Teoria da "Dominância" facto ou mito?

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LuMaria
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segunda jun 15, 2009 6:24 pm

Com base num artigo que saíu na revista Cães & Companhia deste mês, escrito por Cláudia Estanislau (aquela forista que entrou de forma desajeitada e infelizmente fugiu mais desajeitadamente ainda), deixo aqui parte do artigo. Espero tenham paciência para ler o "testamento" e para comentar. :wink:
A teoria da dominância está desesperadamente a necessitar de uma substituição. Schenkel protestou no instante em que a teoria foi usada para explicar a organização de lobos, mas por algum motivo, as pessoas ignoraram-no. Não demorou muito a que o mesmo mito fosse aplicado aos cães. Nem sequer podemos chamar a isto má aplicação da ciência, porque na realidade não é sequer ciência, afirma Alexandra Semyonova autora do estudo acerca da organização social canina(...) Muitos nomes notáveis em várias áreas do estudo do comportamento de cães e de lobos já publicaram vários estudos que clarificam a falácia da dominância e, acima de tudo, clarificam a ideia de que os cães não são lobos e não se comportam como lobos. O biólogo David L. Mech, considerado actualmente a autoridade máxima no estudo de lobos no seu ambiente natural, tem vindo gradualmente a tentar desfazer o que ele chama de algo mais do que um simples problema de semântica. A expressão Lobo Alpha, e toda a carga informativa que este traz com ela, não faz sentido. De acordo com o entendimento que se tem de como funcionam e se organizam as matilhas de lobos, não existe nenhum tipo de relacionamento confrontacional relacionado com a manutenção de uma hierarquia e os relacionamentos entre lobos são à base de manifestações de sinais de apaziaguamento e não de conflito. Segundo Mech: "Em vez de ver uma matilha de lobos como um grupo de animais organizados com um lider que lutou com todos até chegar a essa posição, ou com um par macho e fémea agressivos, a ciência entendeu que a maioria das matilhas de lobos são simplesmente familias, formadas exactamente da mesma forma que as familias Humanas se formam.

A comparação entre o comportamento dos nossos cães e o comportamento dos lobos é enganoso. Apesar do cão ser descendente do lobo, este ultimo mudou quase nada. Nós ao contrário, produzimos raças de todos os tamanhos e feitios(...) Os cérebros dos cães mudaram, são mais pequenos que os dos lobos. São motores inatos de padrões diferentes e motivações diferentes. "Um cão não é um lobo vestido de cão; é simplesmente um cão!" Diz Barry Eaton no seu livro " Dominance Fact or Fiction?".

O maior problema existente com o conceito da dominância é que este alimenta um relacionamento conflituoso e de disputa entre o animal e o seu dono, que por sua vez leva ao uso de métodos aversivos e técnicas coercivas(…) Estas técnicas estão documentadas no ultimo estudo recentemente publicado no jornal Elsevier de Ciência Aplicada ao Comportamento Animal, como um dos motivos principais para o desenvolvimento de agressões, medos e fobias nos cães, assim como no agravamento de problemas comportamentais.
A falta de informação e formação dos profissionais leva a que a dominância se torne numa justificação fácil para todo e qualquer comportamento que um cão exiba e possa ser problemático.

O treinador Barry Eaton, membro do Centro da Etologia Aplicada ao Animal de Estimação refere no seu livro (acima citado): A causa mais comum para a agressão é o medo.

Desde que a hierarquia linear foi postulada nos lobos, os donos de cães e treinadores excedem-se nos seus esforços em querer justificar todo e qualquer comportamento canino e interacção humano/canina em termos de “dominância”.
Os cães portam-se mal ou são desobedientes porque ninguém lhes mostrou quem é que manda. Tu deves ser o Alpha dentro da tua matilha. Para além de ser mais uma forma de justificar métodos de treino aversivos – implica que o cão supostamente passa as noites acordado a planear um “golpe de estado”, portanto é melhor que o mantenha no seu lugar com muita coerção. A dominância fornece explicações rápidas e simplistas para o comportamento canino, refere Jean Donaldson in “Culture Clash” Mesmo que existisse dominância nos cães, esta nunca poderia ser vista como uma característica que nasce com o cão. No mínimo, deveria ser vista como uma forma de interacção entre as mesmas espécies dentro de uma organização social.
(…)
Por exemplo, arreganhar os dentes, levantar o pelo e rosnar são muitas vezes, erradamente, tidos como sinais de dominância, enquanto que são, na realidade, muitas vezes, sinais de medo – Muito provavelmente resultado directo de uma pessoa bater no cão. Da mesma forma os donos são avisados que marcar território com urina, montar as pessoas, roubar comida, saltar para cima das pessoas e contacto visual prolongado são também sinais de dominância pelos quais o cão deve ser castigado. Estes conselhos são errados, maus e confusos e tiram o divertimento todo de sermos “donos de cães”, diz o Dr. Ian Dunbar, médico Veterinário, treinador especialista em comportamento canino e autor de um estudo de 30 anos sobre organização social canina.

Morgan Spector, treinador desde 1989, escritor e vencedor de Campeonatos de Obediência afirma: “Nós iremos interagir melhor no comportamento e não na “atitude” dos nossos cães. Iremos interagir melhor se entendermos que o que nos deverá preocupar é o comportamento que o cão produz num dado momento”.
Um bom treino parte deste pressuposto e torna-se numa troca na qual o Humano diz ao cão: Dás-me o que eu quero e eu dou-te o que tu queres. O cão em retorno, aprende a “dizer” a mesma coisa ao Humano. Isto cria uma parceria benéfica na qual “dominância” é totalmente irrelevante. O condicionamento operante incorpora esta aproximação ou “parceria” simbiótica. O reforço positivo é o que nos permite dar ao cão o que ele quer, o que faz com que seja claro para o cão qual o comportamento que o Humano quer. Dominância não é tema.
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pendragon
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lindinha, a senhora gata

segunda jun 15, 2009 6:42 pm

Já tinha lido na propria revista...
Aguardo pela intervenção dos entendidos para reclamarem sobre a veracidade (ou nao) do artigo...
Filipa Costa
PauloC1
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segunda jun 15, 2009 6:53 pm

Eu não concordo com a maior parte do que é dito no artigo. Acho que dizer-se que tudo deve ser corrigido à porrada é obviamente errado, mas também não posso concordar com quem diga que a dominância não existe e que a agressao não é usada TAMBÉM como um meio para definir hierarquias e marcar posições no 'reino' do cão e do Lobo. Esta acção 'disciplinadora' começa bem cedo entre a cadela e os filhotes.
Obviamente que não é SÓ o conflito que estabelece estas hierarquias, há muitos outros factores INCLUSIVAMENTE alguns dos que sao enumerados no artigo. Aliás nem concebo como se pode falar em hierarquias sem reconhecer a existência da dominancia. Só quem nunca viu um grupo de cães ou de lobos em momentos como a alimentação pode acreditar neste mundo cor-de-rosa de pseudo-psicologos em que tudo se resolve com festinhas, beijinhos e recompensas.
dinodane
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segunda jun 15, 2009 8:33 pm

Quem sou eu para esgrimir argumentos com esses estudiosos.
:P
No entanto, gostaria de saber se foram efectuados alguns estudos de comportamento em cães ferais, assilvestrados, que suportem esses postulados.

"A inveja é a arma do incompetente" Anónimo

Carpeju
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segunda jun 15, 2009 10:19 pm

Já li algo de Ian Dunbar, o mesmo que foi citado. Tenho um documentário sobre lobos de pesquisadores do Zoo de Washington, não lembro o nome, depois posso ver.

Acho interessante a ótica da família, por exemplo, nós somos pais e mais velhos, portanto os cães devem nos obedecer, as vezes com alguns petelecos no focinho, tal qual o pai faz com um filho.

Vi apenas um trecho de cães vadios se não me engano na França e algo sobre os dingos, a hierarquia era bem definida tal como a matilha, apesar de srd, tinham curiosamente o mesmo padrão de altura e peso, talvez fruto da seleção entre os machos "dominantes"e as respectivas fêmeas. Embora outros estudos digam que na maioria das vezes a cobertura é feita pelo macho inferior, que por ser oportunista, acasala-se com a fêmea enquanto o "alfa" está afugentando outros lobos.

Sei lá, acho que discutem o sexo dos anjos por enquanto...

Muitos estudos de composição acompanhados por n gerações ainda não existem para corroborar uma teoria ou outra.
<p><strong>Mata Atl&acirc;ntica - RBMA</strong></p>
c_saraiva
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segunda jun 15, 2009 10:59 pm

(...)Morgan Spector, treinador desde 1989, escritor e vencedor de Campeonatos de Obediência afirma: “Nós iremos interagir melhor no comportamento e não na “atitude” dos nossos cães. Iremos interagir melhor se entendermos que o que nos deverá preocupar é o comportamento que o cão produz num dado momento”.
Um bom treino parte deste pressuposto e torna-se numa troca na qual o Humano diz ao cão: Dás-me o que eu quero e eu dou-te o que tu queres. O cão em retorno, aprende a “dizer” a mesma coisa ao Humano. Isto cria uma parceria benéfica na qual “dominância” é totalmente irrelevante. O condicionamento operante incorpora esta aproximação ou “parceria” simbiótica. O reforço positivo é o que nos permite dar ao cão o que ele quer, o que faz com que seja claro para o cão qual o comportamento que o Humano quer. Dominância não é tema.
Não creio que a dominancia seja um "mito".

No exemplo que citei, parece tratar-se de um caso de dominancia, o cão submete-se a vontade do dono para conseguir o que quer o e dono faz uso disso. Ora isto a meu ver é "dominar"...Só que não é uma dominancia imposta com violencia :wink: Na minha opinião várias formas de se estabelecer dominancia sem recorrer a violencia...e há alturas em que a "violencia"/agressão pode ser um mal necessário.

Em todas sociedades há liderança, ou seja, um indivuduo que é dominante sobre os restantes...ou estarei enganado?
Não acontece isto entre os proprios humanos?
mistik
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segunda jun 15, 2009 11:09 pm

c_saraiva Escreveu:
(...)Morgan Spector, treinador desde 1989, escritor e vencedor de Campeonatos de Obediência afirma: “Nós iremos interagir melhor no comportamento e não na “atitude” dos nossos cães. Iremos interagir melhor se entendermos que o que nos deverá preocupar é o comportamento que o cão produz num dado momento”.
Um bom treino parte deste pressuposto e torna-se numa troca na qual o Humano diz ao cão: Dás-me o que eu quero e eu dou-te o que tu queres. O cão em retorno, aprende a “dizer” a mesma coisa ao Humano. Isto cria uma parceria benéfica na qual “dominância” é totalmente irrelevante. O condicionamento operante incorpora esta aproximação ou “parceria” simbiótica. O reforço positivo é o que nos permite dar ao cão o que ele quer, o que faz com que seja claro para o cão qual o comportamento que o Humano quer. Dominância não é tema.
Não creio que a dominancia seja um "mito".

No exemplo que citei, parece tratar-se de um caso de dominancia, o cão submete-se a vontade do dono para conseguir o que quer o e dono faz uso disso. Ora isto a meu ver é "dominar"...Só que não é uma dominancia imposta com violencia :wink: Na minha opinião várias formas de se estabelecer dominancia sem recorrer a violencia...e há alturas em que a "violencia"/agressão pode ser um mal necessário.

Em todas sociedades há liderança, ou seja, um indivuduo que é dominante sobre os restantes...ou estarei enganado?
Não acontece isto entre os proprios humanos?
Ola,

Concordo com o que disse, claro que no "no nosso mundo de humanos" existe liderança, ha sempre aquelas pessoas que gostam de ser lideres , num grupo de pessoas ha sempre uma que se destaca mais perante os outros, fazem tudo para conseguirem os seus objectos de serem lideres e estarem acima de todos os outros de ser respeitado e os terem-no como exemplo.

Não acho que Dominancia seja um mito, ate mesmo porque tenho em casa um cão que considero Dominante e é!!!
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Carpeju
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Localização: Cadela: Kira

segunda jun 15, 2009 11:23 pm

Penso que a liderança não se impõe, se conquista, li isso num quadro antigo. :D

Um líder pode ser ou não dominante.

Liderar eu penso estar mais relacionado com atitude, tomar a frente, apaziguar. Dominar eu entendo como uma imposição.

Neste aspecto somos líderes e dominantes. Embora vejo nossa dominância no período em que o cão é filhote, a partir daí tornamos apenas líderes, não necessariamente dominantes, visto que o cão está teoricamente educado e respeita ao dono pela confiança que tem no mesmo. O cão não necessariamente sente-se "dominado". Acho que passa-se um respeito mútuo.
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nicasxi
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segunda jun 15, 2009 11:32 pm

Bem , já estou como a Dino : " quem sou eu ? ".
Mas como sou um bocadinho teimosa e baseio-me muito naquilo que vejo... acho que isso da dominancia não é mito.
Pelo menos não foi para os meus cães.
Quando fui buscar o Simão vinha muito apreensiva. Uma das razões da entrega no canil tinha sido precisamente a sua agressividade para com outros cães. Durante a estada no hotel, durante as minhas visitas pude constatar essa agressividade.Mas estava " apaixonada" pelo cão. E arrisquei trazê-lo. Muitos aqui sabem dos meus receios em relação à apresentação ao Bernie. O Bernie é um cão velho, já com algumas limitações fisicas e muito mais pequeno que o Simão. Morria de medo que no primeiro encontro se " pegassem". O Simão mesmo magro como vinha, dava a volta ao Bernie em três tempos...
Apresentei-os, em casa , para dar essa vantagem ao velho, o Simão cresceu ( ainda mais ) logo e quando se preparava para atacar o velho, foi apanhado de surpresa. O Bernie rosnou-lhe, deu-lhe umas dentadas no focinho e surpresa minha, o Simão deitou-se no chão a " dar" a barriga ao velhote. Desde aí, cada um tem o seu espaço, a sua tigela de comer , a sua cama , etc. mas... se o Bernie entender deitar-se na cama do Simão, o Simão sai. Se o Bernie entender beber água quando o Simão está a beber, o Simão sai. Convem dizer que isto não acontece com frequência, mas acontece e eu nunca interfiro, porque nitidamente quem " manda" é o velhote. Para mim, assim o estabeleceram.
Ah! E zaragatas ? Nada, nem ameaças..... Se isto não é dominancia e hierarquia, não sei que seja.... :roll:
Última edição por nicasxi em segunda jun 15, 2009 11:35 pm, editado 1 vez no total.
Dedico esta assinatura a quem lhe "acentar" a carapuça :
"Quem nasce lagartixa, nunca chega a jacaré, por muito que se inche .... " By , um amigo muito querido ...



"Dogs are better than human beings because they know but do not tell."
— Emily Dickinson

À espera que os frangos que o Terug, o Paulo Santos e o Zefe andam a virar, fiquem prontos.
... e já agora tambem das courgettes da LuMaria!;)
Gypsfulvus
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segunda jun 15, 2009 11:34 pm

O artigo tem um problema, cita tantas fontes ao mesmo tempo que se torna completamente imprestável para leitura: não se chega a nenhum lado fazendo uma manta de retalhos tirando um bocadinho dali e outro daqui, pois perde-se a essência do conhecimento.

Já não me lembro se foi o Carl Sagan que referiu a falsa ciência que se esconde em textos palavrosos mas sem sumo...estou um pouco esquecido.

Se essa pessoa que assina o artigo é a mesma que esteve a intervir aqui na arca, nem me dou ao trabalho de ver a cães e cia .
7Sansoni
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Localização: Chow Chow

terça jun 16, 2009 7:55 am

Carpeju Escreveu:Penso que a liderança não se impõe, se conquista, li isso num quadro antigo. :D

Um líder pode ser ou não dominante.

Liderar eu penso estar mais relacionado com atitude, tomar a frente, apaziguar. Dominar eu entendo como uma imposição.

...........
. Acho que passa-se um respeito mútuo.
Absolutamente de acordo.

Liderar implica ser reconhecido como...
Dominar, é algo imposto ao outro, portanto completamente diferente....
kitten
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Localização: muitos !!!!!

terça jun 16, 2009 8:54 am

dinodane Escreveu:Quem sou eu para esgrimir argumentos com esses estudiosos.
:P
No entanto, gostaria de saber se foram efectuados alguns estudos de comportamento em cães ferais, assilvestrados, que suportem esses postulados.
Ora bem, essa questão também eu gostaria de ver respondida.
É facto conhecido que os cães assilvestrados e que formam matilhas, têm hierarquias bem definidas, se isso não é dominância ...
Eu tenho 4 cadelas e entre as 4 está bem definida a hierarquia, a mais pequena manda e as outras obedecem, se para isso for necessário distribuir umas dentadas pelo caminho ela fá-lo sem hesitar, seja à whippet, seja à serra da estrela.

Neste momento entramos na "moda" do reforço positivo, o cão morde-nos e em vez de levar uma valente bofa no focinho, viramos as costas e ignoramos enquanto ele continua a ir atrás de nós a morder nos calcanhares.
Assistimos à mesma histeria colectiva com as crianças, se damos uma palmada no rabo porque fez uma asneira estamos a maltratar.
Para quem não entende, o que se segue é a minha assinatura
http://apterrariofilia.org/
Se algum dia sentir um vazio dentro de si ... vá comer que é fome !!!
Madalena Marques
texuga
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terça jun 16, 2009 9:53 am

Gypsfulvus Escreveu:O artigo tem um problema, cita tantas fontes ao mesmo tempo que se torna completamente imprestável para leitura: não se chega a nenhum lado fazendo uma manta de retalhos tirando um bocadinho dali e outro daqui, pois perde-se a essência do conhecimento.

Já não me lembro se foi o Carl Sagan que referiu a falsa ciência que se esconde em textos palavrosos mas sem sumo...estou um pouco esquecido.

Se essa pessoa que assina o artigo é a mesma que esteve a intervir aqui na arca, nem me dou ao trabalho de ver a cães e cia .
Plenamente de acordo.

Num outro fórum 8) , já lancei este debate na sequência de uma conversa que eu tive com a Cláudia sobre os métodos de treino que ela defende e os que eu defendo, mas ela ainda não apareceu para me elucidar... 8)

PauloC Escreveu:Eu não concordo com a maior parte do que é dito no artigo. Acho que dizer-se que tudo deve ser corrigido à porrada é obviamente errado, mas também não posso concordar com quem diga que a dominância não existe e que a agressao não é usada TAMBÉM como um meio para definir hierarquias e marcar posições no 'reino' do cão e do Lobo. Esta acção 'disciplinadora' começa bem cedo entre a cadela e os filhotes.
Obviamente que não é SÓ o conflito que estabelece estas hierarquias, há muitos outros factores INCLUSIVAMENTE alguns dos que sao enumerados no artigo. Aliás nem concebo como se pode falar em hierarquias sem reconhecer a existência da dominancia. Só quem nunca viu um grupo de cães ou de lobos em momentos como a alimentação pode acreditar neste mundo cor-de-rosa de pseudo-psicologos em que tudo se resolve com festinhas, beijinhos e recompensas.
Sem tirar nem pôr, é exactamente assim que eu penso, o que vai também de encontro à opinião da kitten :wink:

Mal comparado é o mesmo que não dar palmadas a crianças para não as traumatizar... o princípio é o mesmo :wink:
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jcsousa
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terça jun 16, 2009 10:55 am

dinodane Escreveu:No entanto, gostaria de saber se foram efectuados alguns estudos de comportamento em cães ferais, assilvestrados, que suportem esses postulados.
Li há já alguns anos um trabalho sobre cães assilvestrados na sierra Nevada. Segundo o mesmo, ao fim de poucos meses (penso que 3 meses) a estrutura hierárquica herdada do lobo estava restabelecida quase na sua totalidade em relação a comportamentos de caça e distribuição de recursos. Apenas em relação ao comportamento sexual aindã havia pouca definição hierárquica, aspecto relativizado pelos autores do trabalho face ao escasso tempo do estudo.
imarcelo
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terça jun 16, 2009 11:45 am

Em vez de ver uma matilha de lobos como um grupo de animais organizados com um lider que lutou com todos até chegar a essa posição, ou com um par macho e fémea agressivos, a ciência entendeu que a maioria das matilhas de lobos são simplesmente familias, formadas exactamente da mesma forma que as familias Humanas se formam.
Não estou de acordo com isto.
Também já vi um estudo sobre os lobos, e não há dúvida que há uma hierarquia rigida entre eles.
Quem começa a comer é sempre o macho e a fêma alfa.Depois a descêndencia.
O lobo omega é sempre o último a comer, é que nem tente aproximar-se! Não quer dizer que uma fêmea omega não possa vir a ser alfa aquando do cio e escolhida pelo macho alfa, mas não há dúvida que a hierarquia social é muito definida.
<p>Isabel</p>
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