PASTOR ALEMÃO - UM BECO SEM SAÍDA?
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Última edição por jcsousa em quarta mai 19, 2004 11:13 am, editado 1 vez no total.
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Olá José Carlos
Infelizmente a situação que descreves é a realidade.Desde que se instituiu uma linha de beleza e outra de trabalho a confusão instalou-se.Antigamente o Pastor era entendido acima de tudo como um cão de trabalho e mesmo que , nalguns casos , não estivesse totalmente dentro do estalão se demonstrasse as características inatas do Pastor para o trabalho , a sua nobreza , coragem , apego ao dono , inteligência , era sem dúvida um bom exemplar.Hoje as coisas já não são assim.Quantos pertencentes á linha de beleza em termos de carácter do verdadeiro Pastor deixam muito a desejar. São cães tímidos , ou demasiado nervosos, nos quais não se pode depositar confiança.
Na minha opinião a degradação ( e hoje não é fácil encontrar um Pastor como os de antigamente ) deveu-se á massificação com a proliferação dos dog shows com a criação a apenas ter como preocupação a linha do cão dentro ou não do estalão e muito menos o seu carácter.
Fazendio analogia no caso do Boerboel é uma raça não reconhecida pela FCI.E os principais criadores procuram com todo o esforço que assim se mantenha.Porquê? Para se evitar a massificação e a proliferação dos dogs shows que irá mais cedo ou mais tarde degradar a raça.
Mesmo em termos de avaliação no caso dos BB a avaliação é feita de cada cão individualmente relativamente ao estalão obtendo pontos positivos ou negativos caso esteja acima ou abaixo do estalão. Não existe um dog show no sentido de que competem x cães e ganha o que melhor dentre eles se aproxima do estalão.No caso do BB apenas os cães que obtenham classificações acima dos 70 % poderão ser inscritos como reprodutores e assim as suas ninhadas terem pedigree.Procura-se desta forma tentar preservar as características inatas do BB não só como cão de companhia , mas como cão de trabalho nomeadamente de guarda que foi para o que ele foi criado.
Refira-se que no caso do Pastor é com pena que vejo a evolução da espécie pois cada vez mais a linha de beleza se vai sobrepondo e qualquer dia temos cães perfeitamente dentro do estalão morfológico mas totalmente amorfos enquanto carácter.Para mim o mais valioso no Pastor é o seu carácter e a sua inteligência e é esses aspectos que gostaria de ver preservados.
Saudações
Infelizmente a situação que descreves é a realidade.Desde que se instituiu uma linha de beleza e outra de trabalho a confusão instalou-se.Antigamente o Pastor era entendido acima de tudo como um cão de trabalho e mesmo que , nalguns casos , não estivesse totalmente dentro do estalão se demonstrasse as características inatas do Pastor para o trabalho , a sua nobreza , coragem , apego ao dono , inteligência , era sem dúvida um bom exemplar.Hoje as coisas já não são assim.Quantos pertencentes á linha de beleza em termos de carácter do verdadeiro Pastor deixam muito a desejar. São cães tímidos , ou demasiado nervosos, nos quais não se pode depositar confiança.
Na minha opinião a degradação ( e hoje não é fácil encontrar um Pastor como os de antigamente ) deveu-se á massificação com a proliferação dos dog shows com a criação a apenas ter como preocupação a linha do cão dentro ou não do estalão e muito menos o seu carácter.
Fazendio analogia no caso do Boerboel é uma raça não reconhecida pela FCI.E os principais criadores procuram com todo o esforço que assim se mantenha.Porquê? Para se evitar a massificação e a proliferação dos dogs shows que irá mais cedo ou mais tarde degradar a raça.
Mesmo em termos de avaliação no caso dos BB a avaliação é feita de cada cão individualmente relativamente ao estalão obtendo pontos positivos ou negativos caso esteja acima ou abaixo do estalão. Não existe um dog show no sentido de que competem x cães e ganha o que melhor dentre eles se aproxima do estalão.No caso do BB apenas os cães que obtenham classificações acima dos 70 % poderão ser inscritos como reprodutores e assim as suas ninhadas terem pedigree.Procura-se desta forma tentar preservar as características inatas do BB não só como cão de companhia , mas como cão de trabalho nomeadamente de guarda que foi para o que ele foi criado.
Refira-se que no caso do Pastor é com pena que vejo a evolução da espécie pois cada vez mais a linha de beleza se vai sobrepondo e qualquer dia temos cães perfeitamente dentro do estalão morfológico mas totalmente amorfos enquanto carácter.Para mim o mais valioso no Pastor é o seu carácter e a sua inteligência e é esses aspectos que gostaria de ver preservados.
Saudações
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Olá José Sousa,
Sintetizou tão bem o que eu sinto em relação aos PA que poderia ter sido eu a escrever o seu post. Lembro-me de que há alguns meses, "caí" no meio de alguns comentários mais duros por ter dito que não comprava os meus cães a criadores e sim a produtores. Mas se há cerca de trinta anos atrás fazia-o por desconhecimento, desde há uns doze anos faço-o porque os cães de exposição não têm o carácter (e quase de certeza a estrutura física) de que eu necessito num cão de trabalho. Nesta altura tenho um casal. O Bonga é de um carácter excepcional. Tem uma coragem extraordinária. E é inteligente na acepção humana da palavra ou seja tem a capacidade de relacionar as coisas. Esta frase é polémica mas é verdadeira. A Nina, é destemida mas, ao contrário do Bonga, não faz o seu trabalho por iniciativa própria. É um cão normal. Os dois juntos fazem a melhor dupla que eu jamais tive. E sabendo eu o trabalho que me vai dar encontrar um cachorro com as caracteríticas que pretendo, agravando-se esse trabalho pelo facto que o "criador" do Bonga já não ter pastores alemães (virou-se para uma raça mais da moda), cada vez é maior a tentação de deixá-los cruzar. E só não o faço porque não tenho donos suficientes para uma ninhada de doze. Não é porque o Bonga foge ao standard por o seu pêlo ser demasiado comprido e não ter uma garupa muito inclinada ou pelo facto de a Nina ter demasiado pêlo atrás das orelhas. Já sei que vou ser alvo de crítica mas, qualquer dos defeitos que os meus cães apresentam, para mim, são bem menores do que adquirir um cachorro filho de um campeão importado da Alemanha, mas que não dá sequer sinal quando um estranho se aproxima da sua boxe e de uma cadela sieger na França e Espanha (?), super medrosa, que tem medo até do barulho que um saco de plástico fazia a deslizar na rua pela acção do vento.
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Por todas estas razões estava tão ansiosa para que "nascesse" o fórum desta raça. Estava à espera da participação de um grande nº de pessoas que se não tem, deve ter já tido um pastor alemão. Gostaria de saber o motivo porque n pessoas optaram por ter cães de outra raça após terem tido um pastor alemão. Gostaria de saber se até na própria Alemanha os cães belos já não têm carácter.
Sintetizou tão bem o que eu sinto em relação aos PA que poderia ter sido eu a escrever o seu post. Lembro-me de que há alguns meses, "caí" no meio de alguns comentários mais duros por ter dito que não comprava os meus cães a criadores e sim a produtores. Mas se há cerca de trinta anos atrás fazia-o por desconhecimento, desde há uns doze anos faço-o porque os cães de exposição não têm o carácter (e quase de certeza a estrutura física) de que eu necessito num cão de trabalho. Nesta altura tenho um casal. O Bonga é de um carácter excepcional. Tem uma coragem extraordinária. E é inteligente na acepção humana da palavra ou seja tem a capacidade de relacionar as coisas. Esta frase é polémica mas é verdadeira. A Nina, é destemida mas, ao contrário do Bonga, não faz o seu trabalho por iniciativa própria. É um cão normal. Os dois juntos fazem a melhor dupla que eu jamais tive. E sabendo eu o trabalho que me vai dar encontrar um cachorro com as caracteríticas que pretendo, agravando-se esse trabalho pelo facto que o "criador" do Bonga já não ter pastores alemães (virou-se para uma raça mais da moda), cada vez é maior a tentação de deixá-los cruzar. E só não o faço porque não tenho donos suficientes para uma ninhada de doze. Não é porque o Bonga foge ao standard por o seu pêlo ser demasiado comprido e não ter uma garupa muito inclinada ou pelo facto de a Nina ter demasiado pêlo atrás das orelhas. Já sei que vou ser alvo de crítica mas, qualquer dos defeitos que os meus cães apresentam, para mim, são bem menores do que adquirir um cachorro filho de um campeão importado da Alemanha, mas que não dá sequer sinal quando um estranho se aproxima da sua boxe e de uma cadela sieger na França e Espanha (?), super medrosa, que tem medo até do barulho que um saco de plástico fazia a deslizar na rua pela acção do vento.

Por todas estas razões estava tão ansiosa para que "nascesse" o fórum desta raça. Estava à espera da participação de um grande nº de pessoas que se não tem, deve ter já tido um pastor alemão. Gostaria de saber o motivo porque n pessoas optaram por ter cães de outra raça após terem tido um pastor alemão. Gostaria de saber se até na própria Alemanha os cães belos já não têm carácter.
Maria João
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Última edição por jcsousa em quarta mai 19, 2004 11:14 am, editado 1 vez no total.
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E eu a pensar que este estado de coisas se passava somente em Portugal. É que me tinham dito que em França, Alemanha, ... nenhum PA poderia ser campeão em beleza se não obtivesse bons resultados em provas de trabalho. Foi por isso que visitei o tal criador que tinha os cães importados. Estranhei realmente que eles fossem tão passivos, tão medrosos mas, a explicação que me deram, é que esses cães tinham pertencido a um outro criador português e devido a terem sido mal trabalhados todos tinham ficado medrosos. Mas como não o eram no seu país de origem podiam continuar a procriar. Eu acabei por optar não reservar nenhum desses cachorros pois, sendo a mãe medrosa de origem ou não, é ela que vai educar os cachorrinhos e penso que a probabilidade de eles virem a ser inseguros é muito grande. Mas já me estou a afastar do assunto. Afinal de contas, que provas de trabalho são as desses países, que não asseguram o carácter original da raça?jcsousa Escreveu: ...
Toda a estrutura competitiva reflecte esta dicotomia e serve apara avaliar apenas um destes dois aspectos, sem que nos diga nada sobre o outro... Quem manda é o SV alemão, e quem manda no SV são os criadores famosos que ganham rios de dinhei~ro com a exportação de cães pagos a preço de ouro. O equilíbrio psico-morfológico do PA foi relegado, por motivos económicos, para a especialização em APENAS UMA destas duas vertentes, e o resultado está aí...
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Maria João
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Última edição por jcsousa em quarta mai 19, 2004 11:16 am, editado 1 vez no total.
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Olá José Sousa,
Ao ler este seu post fiquei com imensas dúvidas. É que desconheço completamente de que consistem as provas de trabalho do PA. Julguei que seriam avaliadas as reacções dos cães em exercícios próprios para cada classe de idades. Pelo que me diz pode-se treinar um cão medroso a reagir e fazer um brilharete numa parte da prova. É isso? Sinceramente não pensei que tal fosse possível. Vou tentar explicar melhor dando exemplos.
Na exposição de Lisboa (foi a única que assisti), concorreu uma cachorra tão medrosa, que a pessoa que a passava, teve que segurar-lhe a cauda pois ela insistia em mantê-la entre as pernas. Mesmo a correr notava-se nitidamente que ela estava cheia de medo. Sem querer ofender, espero que o dono não se lembre de a deixar procriar, seja qual fôr o pedigree dela, seja qual fôr a classificação anatómica. E pensei para comigo que se não fosse em Portugal, a cadela seria desclassificada. Não creio que a cachorra consiga ser induzida a morder qualquer coisa além da ração.
Já tive alguns cachorros, que sob ameaça de um estranho, no primeiro instante recuam mas depois aguentam-se e fazem frente à pessoa/coisa que os assustou. Em adultos, ladram muito mas duvido que se tivesse tido mesmo necessidade, eles tivessem atacado. Quando isto acontece e se preciso de um guarda opto por adquirir outro cão porque não tenho confiança total no cão. Para mim um bom cão de guarda é aquele que, em cachorro (7, 8 meses) não recua face ao desconhecido. Pode não atacar, mas não recua. Julguei que era este tipo de reacções que eram avaliadas nos concursos.
Com esta conversa pode parecer que treino os cães a morder mas não é verdade. Dei este exemplo para responder ao dado pelo José Carlos. Ensino-lhes a obediência básica e depois vou-lhes ensinando aquilo que espero deles no trabalho de uma quinta, que não é só vigilância. Passa também por busca de objectos/animais/pessoas, condução de animais, entrega de objectos, etc.
Ao ler este seu post fiquei com imensas dúvidas. É que desconheço completamente de que consistem as provas de trabalho do PA. Julguei que seriam avaliadas as reacções dos cães em exercícios próprios para cada classe de idades. Pelo que me diz pode-se treinar um cão medroso a reagir e fazer um brilharete numa parte da prova. É isso? Sinceramente não pensei que tal fosse possível. Vou tentar explicar melhor dando exemplos.
Na exposição de Lisboa (foi a única que assisti), concorreu uma cachorra tão medrosa, que a pessoa que a passava, teve que segurar-lhe a cauda pois ela insistia em mantê-la entre as pernas. Mesmo a correr notava-se nitidamente que ela estava cheia de medo. Sem querer ofender, espero que o dono não se lembre de a deixar procriar, seja qual fôr o pedigree dela, seja qual fôr a classificação anatómica. E pensei para comigo que se não fosse em Portugal, a cadela seria desclassificada. Não creio que a cachorra consiga ser induzida a morder qualquer coisa além da ração.
Já tive alguns cachorros, que sob ameaça de um estranho, no primeiro instante recuam mas depois aguentam-se e fazem frente à pessoa/coisa que os assustou. Em adultos, ladram muito mas duvido que se tivesse tido mesmo necessidade, eles tivessem atacado. Quando isto acontece e se preciso de um guarda opto por adquirir outro cão porque não tenho confiança total no cão. Para mim um bom cão de guarda é aquele que, em cachorro (7, 8 meses) não recua face ao desconhecido. Pode não atacar, mas não recua. Julguei que era este tipo de reacções que eram avaliadas nos concursos.
Com esta conversa pode parecer que treino os cães a morder mas não é verdade. Dei este exemplo para responder ao dado pelo José Carlos. Ensino-lhes a obediência básica e depois vou-lhes ensinando aquilo que espero deles no trabalho de uma quinta, que não é só vigilância. Passa também por busca de objectos/animais/pessoas, condução de animais, entrega de objectos, etc.
Maria João
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Última edição por jcsousa em quarta mai 19, 2004 11:17 am, editado 1 vez no total.
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Pois é José Carlos, mas o que eu não concordo é que se trabalhe determinado defeito para parecer que não é defeito. Que um dono de um animal de estimação o faça, enfim! Afinal de contas investiu no animal para tirar partido de certa qualidade e tem o direito de tentar que o animal faça o trabalho que espera dele. Mas um criador?! Sabendo, melhor que ninguém, que ao procriar esse animal, no fundo, só está a contribuir para o degeneramento da raça?!
Maria João
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Última edição por jcsousa em quarta mai 19, 2004 11:19 am, editado 1 vez no total.
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A questão que se coloca é , em grande medida, o que é que o mercado pede num Pastor. Isto é, sabemos que a maioria dos criadores querem vender para realizar dinheiro alguns, poucos , procurando criteriosamente o aperfeiçoamento da raça através da análise dos factores evolutivos da raça , dos seus defeitos e virtudes procurando potenciar estes e reduzir aqueles e outros criadores para os quais o Pastor é uma raça que vende e enquanto vender aposta-se nela.Importante para estes os dog shows onde podem passar a mensagem ao público consumidor e assim aumentar as suas vendas.
Se analizarmos a maioria dos donos de pastores o que eles procuram num cão é mais um cão de companhia , muitas vezes tipo bibelot para dizerem , especialmente quando o Pastor esteve mais na moda , que tinham um Pastor.Se aliarmos isso á grande percentagem dos donos que adquiriram um pastor sem fazerem a mínima ideia do que estavam a adquirir, sem terem o mínimo informação sobre o mesmo, então temos que admitir que não existe pressaõ por parte da procura para que os criadores, que constituem a oferta, sejam impelidos a aperfeiçoarem algumas das características do Pastor as quais , para quem gosta de cães e ,em particular de Pastores ,parecem imprescidíveis.
Estou de acordo com o José Carlos que neste estado de coisas os grandes criadores preferem deixar as coisas correrem como estão enquanto venderem.Só que aos pequenos criadores que poderiam efectivamente atirar uma pedra ao charco colocam-se num dilema : ao remar contra a maré conseguirão vender as suas ninhadas? Admito perfeitamente que sim mas exige um esforço de divulgação acrescido junto do público onde o realce das características de trabalho e carácter do cão sejam sobrelevadas nomeadamente relativamente á sua morfologia face ao estalão.Há de certeza pessoas como eu , a Maria João , o José Carlos e outros que apreciariam essa postura. Mais o Pastor, tal como outras raças como o Rott ,não deveriam ser vendidas a qualquer pessoa mas apenas a quem demonstrasse mínimamente capacidade para possuir um cão desta raça ( estou-me a lembrar que quando adquiri o meu BB a criadora fez-me um verdadeiro inquérito sobre as condições que eu possuia , constituição da família, experiência com cães nomeadamente de porte médio/grande e de guarda, utilidade que pretendia dar ao cão, etc. e só depois aceitou vender-me o cão).E aqui embica a grande questão a necessidade de vender pelos criadores versus a qualidade das ninhadas.Quanto maior a pressão de venda mais o criador tem que seguir as tendências e requesitos do mercado e a desvalorizar as características da raça , embora que fundamentais, não perceptíveis como essenciais pelo consumidor.Quer queiramos quer não estamos numa sociedade de consumo e quem dita as leis é o mercado mesmo que muitas delas não tenham o mínimo de lógica.Porém continuo a dizer que existe espaço no mercado para uma criação de pastores chamemos-lhe "á moda antiga".
Faço votos para que esses criadores pequenos e independentes se mantenham fazendo prevalecer as características inatas e únicas dos Pastores pois caso contrário quando o meu Dog se for de certeza que não irei ter outro Pastor.
Saudações
Se analizarmos a maioria dos donos de pastores o que eles procuram num cão é mais um cão de companhia , muitas vezes tipo bibelot para dizerem , especialmente quando o Pastor esteve mais na moda , que tinham um Pastor.Se aliarmos isso á grande percentagem dos donos que adquiriram um pastor sem fazerem a mínima ideia do que estavam a adquirir, sem terem o mínimo informação sobre o mesmo, então temos que admitir que não existe pressaõ por parte da procura para que os criadores, que constituem a oferta, sejam impelidos a aperfeiçoarem algumas das características do Pastor as quais , para quem gosta de cães e ,em particular de Pastores ,parecem imprescidíveis.
Estou de acordo com o José Carlos que neste estado de coisas os grandes criadores preferem deixar as coisas correrem como estão enquanto venderem.Só que aos pequenos criadores que poderiam efectivamente atirar uma pedra ao charco colocam-se num dilema : ao remar contra a maré conseguirão vender as suas ninhadas? Admito perfeitamente que sim mas exige um esforço de divulgação acrescido junto do público onde o realce das características de trabalho e carácter do cão sejam sobrelevadas nomeadamente relativamente á sua morfologia face ao estalão.Há de certeza pessoas como eu , a Maria João , o José Carlos e outros que apreciariam essa postura. Mais o Pastor, tal como outras raças como o Rott ,não deveriam ser vendidas a qualquer pessoa mas apenas a quem demonstrasse mínimamente capacidade para possuir um cão desta raça ( estou-me a lembrar que quando adquiri o meu BB a criadora fez-me um verdadeiro inquérito sobre as condições que eu possuia , constituição da família, experiência com cães nomeadamente de porte médio/grande e de guarda, utilidade que pretendia dar ao cão, etc. e só depois aceitou vender-me o cão).E aqui embica a grande questão a necessidade de vender pelos criadores versus a qualidade das ninhadas.Quanto maior a pressão de venda mais o criador tem que seguir as tendências e requesitos do mercado e a desvalorizar as características da raça , embora que fundamentais, não perceptíveis como essenciais pelo consumidor.Quer queiramos quer não estamos numa sociedade de consumo e quem dita as leis é o mercado mesmo que muitas delas não tenham o mínimo de lógica.Porém continuo a dizer que existe espaço no mercado para uma criação de pastores chamemos-lhe "á moda antiga".
Faço votos para que esses criadores pequenos e independentes se mantenham fazendo prevalecer as características inatas e únicas dos Pastores pois caso contrário quando o meu Dog se for de certeza que não irei ter outro Pastor.
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Olá José Carlos
A questão é que para se fazer uma criação consciente de aperfeiçoamento da raça implica em despesas e não só como disponibilidade de tempo e interesse em aprender. Não me parece que existam muitos criadores para aí virados uns porque entendem que a criação de cães é um negócio que deve dar logo lucros elevados , outros porque nada sabem do assunto nem procuram saber ( estou-me a lembrar de alguns criadores com que falei quando procurei adquirir a minha Rott , um verdadeiro descalabro ). Chego á conclusão que a única hipótese de se poder ser um criador independente e determinado a seguir determinada linha de desenvolvimento da raça é ser uma pessoa com dinheiro e disposto a perder uma boa quantia por gosto dos cães e em especial da raça , ter disponibilidade de tempo para viajar, ler , falar ou seja aprender o máximo possível sobre a raça , fazer poucos cruzamentos para não ter a pressão de ter que vender os cachorros ou , caso contrário , ter possibilidade de ficar com os não vendáveis a qualquer preço ou a qualquer um, ter capacidade de e possibilidade de divulgar as diferenças e inerentes vantagens que a sua linha de conduta pode trazer á raça para que o mercado se interesse pelo seu produto.
Ora como este criador ideal deve haver muito poucos pelo que teremos que procurar a agulha num palheiro.Mas não tenho dúvidas que seria uma forma de se ir melhorando a raça.
A questão dos clubes de raça que falas num post anterior é sempre a tal questão da pescadinha de rabo na boca. Quem sustenta os clubes são os criadores que por sua vez o fazem para que os clubes sirvam os seus interesses então caimos no ciclo vicioso.Para que isto não sucedesse seria necessário os clubes encontrarem outras fontes de financiamento autóniomas.
Saudações
P.S - O meu Dog é filho de Bingo da Dona do Castro e Aga Cruzeiro do Sul e neto de Yoll de Auringis , Gora do Val do Fragoso , Itler de Caparide e Reisa do Bom Pastor
A questão é que para se fazer uma criação consciente de aperfeiçoamento da raça implica em despesas e não só como disponibilidade de tempo e interesse em aprender. Não me parece que existam muitos criadores para aí virados uns porque entendem que a criação de cães é um negócio que deve dar logo lucros elevados , outros porque nada sabem do assunto nem procuram saber ( estou-me a lembrar de alguns criadores com que falei quando procurei adquirir a minha Rott , um verdadeiro descalabro ). Chego á conclusão que a única hipótese de se poder ser um criador independente e determinado a seguir determinada linha de desenvolvimento da raça é ser uma pessoa com dinheiro e disposto a perder uma boa quantia por gosto dos cães e em especial da raça , ter disponibilidade de tempo para viajar, ler , falar ou seja aprender o máximo possível sobre a raça , fazer poucos cruzamentos para não ter a pressão de ter que vender os cachorros ou , caso contrário , ter possibilidade de ficar com os não vendáveis a qualquer preço ou a qualquer um, ter capacidade de e possibilidade de divulgar as diferenças e inerentes vantagens que a sua linha de conduta pode trazer á raça para que o mercado se interesse pelo seu produto.
Ora como este criador ideal deve haver muito poucos pelo que teremos que procurar a agulha num palheiro.Mas não tenho dúvidas que seria uma forma de se ir melhorando a raça.
A questão dos clubes de raça que falas num post anterior é sempre a tal questão da pescadinha de rabo na boca. Quem sustenta os clubes são os criadores que por sua vez o fazem para que os clubes sirvam os seus interesses então caimos no ciclo vicioso.Para que isto não sucedesse seria necessário os clubes encontrarem outras fontes de financiamento autóniomas.
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P.S - O meu Dog é filho de Bingo da Dona do Castro e Aga Cruzeiro do Sul e neto de Yoll de Auringis , Gora do Val do Fragoso , Itler de Caparide e Reisa do Bom Pastor
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Absolutamente de acordo José Carlos.Mas para que o novo dono desempenhe um papel importante no desenvolvimento do carácter do cão será primeiro preciso que os donos : 1º - saibam que tipo de cão estão a comprar ; 2º como desempenhar esse papel o que significa informação e divulgação da mesma. Mesmo , como sabes , a nível de escolas de treino há muitas que deixam muito a desejar. O cão aí não aprende , desaprende. E como é que o público tem conhecimento de quais as boas e más escolas? Não tem, primeiro porque não sabe avaliar, segundo porque ninguém avalia por ele e lhe permite ter acesso a um ranking das mesmas.jcsousa Escreveu:
O papel do novo dono, já aqui focado, é também de primordial importância.
Penso que a questão do caracter poeria evoluir muito favoràvelmente se os clubes estabelecessem para autorização de criar normas como as seguintes
- ausencia de displasia (já em vigor)
- boa anatomia confirmada em exposições monográfixcas (já existente);
- obrigação de possuir uma prova de trabalho;
- obrigação de körung de primeira
Todos os cães que não satisfizessem estas condições não seriam autorizados a criar e o clube não tatuaria as ninhadas.
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Outra coisa que seria importante era, em termos de competição (provas de trabalho ou exposições) modificar os regulamentos tentando avaliar o cão no seu todo e não apenas em parte. Dou um exemplo
- numa monográfica o cão teria de realizar algumas provas para avaliação do seu carácter, como por exemplo um ataque de surpresa e um lançado, e não obteria a classificação máxima se não aprovasse nestas provas;
- numa prova de trabalho os juizes fariam uma avaliação da anatomia do cão, pelo menos individual, e os cães que não obtivessem pelo menos a classificação de Mt. Bom nesse exame veriam descontados pontos ao total que obtivessem na prova de trabalho.
Um abraço
José Carlos
No que referes ás hipotéticas novas normas também penso que seria um excelente passo no sentido de vir a aperfeiçoar a raça na direcção que nos parece correcta.
Saudações