Touros de morte
Moderador: mcerqueira
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cópia de um email que recebi:
Senhores Deputados
Como cidadã portuguesa e eleitora venho apresentar o meu mais veemente protesto e mostrar a minha veemente indignação por:
Alguns Deputados , legislatura após legislatura ,teimarem à revelia da vontade da maioria dos eleitores ( expressa em diversas sondagens )
implementar os touros de morte em Portugal.
Barrancos mais não é do que o trampolim para tal, pois o assunto já foi demasiadamente discutido no Parlamento em finais de 1999 .
Qualquer dos três projectos apresentados ,nessa altura, foram rejeitados , e na Lei foi reiterada a proibição de touros de morte.
O projecto agora apresentado pelo PP ofende os mais elementares valores e principios morais e civilizacionais da sociedade portuguesa.
Será que o crime compensa?
Será que basta ignorar as leis emanadas da Assembleia da Republica, desrespeitar as decisões dos Tribunais, não acatar as ordens da Administração Interna para que logo se vá a correr mudar as leis ao contento dos prevaricadores e dos oportunistas?
Com certeza que não! caso contrário para que serve o
Parlamento?
Barrancos é a oportunidade há muito desejada pelo lobby dos touros de morte .
É lamentável que tenha sido o Presidente da República ,eleito por todos os portugueses, a dar o " pontapé de saída" que reacendeu a discussão.
Curiosamente manteve-se calado durante todos estes anos . Será porque já não se pode voltar a candidatar?
Lamentável quando para se modificar a lei ,a contento de alguns, se procura apoio junto de Deputados , dos vários partidos, que não escondem as suas preferências pela "affición "dos touros de morte. Ora estes
senhores não devem nem podem defender posições em beneficio próprio defraudando as expectativas do seu eleitorado.
Lamentável ainda quando pretendem ,abusivamente, impor um retrocesso cultural e humanitário aos portugueses.
Lamentável quando ,ao pretenderem legalizar os touros de morte, mais não estão a fazer do que recompensar o desrespeito pelas leis emanadas do Parlamento e pelas ordens dos Tribunais. Ou seja: a fomentar
a ideia de que afinal o crime compensa.
Lamentável, a afronta feita à maioria da população portuguesa, que se opõe à barbaridade que são as touradas de morte , tradição espanhola e não
portuguesa. Portugal ,à mais de um século que adquiriu uma lei que proíbe os touros de morte , em todo o território português.
Não existe qualquer razão plausível que justifique mudar a lei a não ser a de um progresso humanitário e evolução cultural .Por isso, Senhores Deputados
acabem com tal fantochada , haja vergonha e dignidade, lembrem-se que Portugal é o único país da Europa onde não existe uma Lei de Protecção aos Animais por falta de coragem política e por pressão do lobby da tauromaquia.
Senhores Deputados , acreditem que muitos milhões de
portugueses estão atentos a este caso ,que nos últimos anos tem feito estragos significativos no Poder Político , e vão continuar a estar. Portugal é de
todos os Portugueses e não só de alguns . Assim, acontece num verdadeiro Estado Democrático.
Não esqueçam , nós também não, as mais de 150.000 assinaturas que deram entrada na Assembleia em 1999 a favor dos animais e que alguns Deputados teimam em ignorar.
Acredito que o BOM SENSO irá prevalecer e que os direitos adquiridos há mais de cem anos ( proibindo os touros de morte ) não irão ser desfeiteados pela apresentação de um projecto -lei ,retrogrado
e injustificado, que alguns nos pretendem impor.
Com respeito e consideração
Senhores Deputados
Como cidadã portuguesa e eleitora venho apresentar o meu mais veemente protesto e mostrar a minha veemente indignação por:
Alguns Deputados , legislatura após legislatura ,teimarem à revelia da vontade da maioria dos eleitores ( expressa em diversas sondagens )
implementar os touros de morte em Portugal.
Barrancos mais não é do que o trampolim para tal, pois o assunto já foi demasiadamente discutido no Parlamento em finais de 1999 .
Qualquer dos três projectos apresentados ,nessa altura, foram rejeitados , e na Lei foi reiterada a proibição de touros de morte.
O projecto agora apresentado pelo PP ofende os mais elementares valores e principios morais e civilizacionais da sociedade portuguesa.
Será que o crime compensa?
Será que basta ignorar as leis emanadas da Assembleia da Republica, desrespeitar as decisões dos Tribunais, não acatar as ordens da Administração Interna para que logo se vá a correr mudar as leis ao contento dos prevaricadores e dos oportunistas?
Com certeza que não! caso contrário para que serve o
Parlamento?
Barrancos é a oportunidade há muito desejada pelo lobby dos touros de morte .
É lamentável que tenha sido o Presidente da República ,eleito por todos os portugueses, a dar o " pontapé de saída" que reacendeu a discussão.
Curiosamente manteve-se calado durante todos estes anos . Será porque já não se pode voltar a candidatar?
Lamentável quando para se modificar a lei ,a contento de alguns, se procura apoio junto de Deputados , dos vários partidos, que não escondem as suas preferências pela "affición "dos touros de morte. Ora estes
senhores não devem nem podem defender posições em beneficio próprio defraudando as expectativas do seu eleitorado.
Lamentável ainda quando pretendem ,abusivamente, impor um retrocesso cultural e humanitário aos portugueses.
Lamentável quando ,ao pretenderem legalizar os touros de morte, mais não estão a fazer do que recompensar o desrespeito pelas leis emanadas do Parlamento e pelas ordens dos Tribunais. Ou seja: a fomentar
a ideia de que afinal o crime compensa.
Lamentável, a afronta feita à maioria da população portuguesa, que se opõe à barbaridade que são as touradas de morte , tradição espanhola e não
portuguesa. Portugal ,à mais de um século que adquiriu uma lei que proíbe os touros de morte , em todo o território português.
Não existe qualquer razão plausível que justifique mudar a lei a não ser a de um progresso humanitário e evolução cultural .Por isso, Senhores Deputados
acabem com tal fantochada , haja vergonha e dignidade, lembrem-se que Portugal é o único país da Europa onde não existe uma Lei de Protecção aos Animais por falta de coragem política e por pressão do lobby da tauromaquia.
Senhores Deputados , acreditem que muitos milhões de
portugueses estão atentos a este caso ,que nos últimos anos tem feito estragos significativos no Poder Político , e vão continuar a estar. Portugal é de
todos os Portugueses e não só de alguns . Assim, acontece num verdadeiro Estado Democrático.
Não esqueçam , nós também não, as mais de 150.000 assinaturas que deram entrada na Assembleia em 1999 a favor dos animais e que alguns Deputados teimam em ignorar.
Acredito que o BOM SENSO irá prevalecer e que os direitos adquiridos há mais de cem anos ( proibindo os touros de morte ) não irão ser desfeiteados pela apresentação de um projecto -lei ,retrogrado
e injustificado, que alguns nos pretendem impor.
Com respeito e consideração
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Porque é importante continuar a exercer pressão junto dos Deputados para que não aprovem no Parlamento a legalização das touradas de morte em Portugal, as organizações portuguesas de defesa e protecção dos animais decidiram promover uma Vigília Permanente (24h sobre 24h) em frente à Assembleia da República, a ter início neste Sábado (amanhã, dia 29/07), às 10h, terminando apenas quando o projecto-lei pró-touros de morte for votado no Parlamento (o que implica que esta Vigília pode ter que durar até 12 de Julho, quando começam as férias parlamentares - data até à qual o mesmo projecto-lei tem que ser votado).
O objectivo desta vigília é, muito claramente, protestar contra a intenção de uma parte dos Deputados de voltarem a submeter um projecto-lei pró-touros de morte à apreciação do Parlamento (tendo estes como objectivo introduzir as touradas de morte em Portugal). Esta vigília visa também alertar todos os parlamentares para as graves consequências que a aprovação desta proposta legislativa teria, desde logo quanto às suas implicações morais, mas também quanto às suas implicações sociais, políticas e mesmo jurídicas. É também um objectivo deste protesto mostrar que os defensores dos animais estão atentos à postura do Parlamento relativamente a esta questão, que tudo farão para que esta protecção legal mínima dos animais (a proibição actual das touradas de morte) se mantenha, pois não é aceitável que haja um retrocesso moral, civilizacional e legislativo neste domínio, mensagem que, de resto, a maioria dos portugueses já subscreveu em diversas ocasiões, e que sairá reforçada nesta vigília.
Aos defensores dos animais, o apelo é muito claro. A partir das 10h deste Sábado, pede-se a todas as pessoas que repudiam as touradas de morte e que não querem que estas sejam uma prática legal no nosso país para que, em qualquer dia da semana (útil ou fim-de-semana) e a qualquer hora dos dias próximos (eventualmente, até ao dia 12 de Julho), se juntem aos activistas que estão permanentemente nesta vigília, pois é muito importante poder contar com a participação e solidariedade de todos os cidadãos que partilham esta preocupação ética. É sempre importante lembrar que os animais não têm obviamente voz nem têm hipótese de se defender contra as muitas agressões de que são vítimas. E, porque são merecedores de uma consideração moral séria e justa, é nosso dever protegê-los, assumindo posições firmes na sua defesa. Assim, espero encontrar-me com todos vós nesta vigília em frente ao Parlamento...

O objectivo desta vigília é, muito claramente, protestar contra a intenção de uma parte dos Deputados de voltarem a submeter um projecto-lei pró-touros de morte à apreciação do Parlamento (tendo estes como objectivo introduzir as touradas de morte em Portugal). Esta vigília visa também alertar todos os parlamentares para as graves consequências que a aprovação desta proposta legislativa teria, desde logo quanto às suas implicações morais, mas também quanto às suas implicações sociais, políticas e mesmo jurídicas. É também um objectivo deste protesto mostrar que os defensores dos animais estão atentos à postura do Parlamento relativamente a esta questão, que tudo farão para que esta protecção legal mínima dos animais (a proibição actual das touradas de morte) se mantenha, pois não é aceitável que haja um retrocesso moral, civilizacional e legislativo neste domínio, mensagem que, de resto, a maioria dos portugueses já subscreveu em diversas ocasiões, e que sairá reforçada nesta vigília.
Aos defensores dos animais, o apelo é muito claro. A partir das 10h deste Sábado, pede-se a todas as pessoas que repudiam as touradas de morte e que não querem que estas sejam uma prática legal no nosso país para que, em qualquer dia da semana (útil ou fim-de-semana) e a qualquer hora dos dias próximos (eventualmente, até ao dia 12 de Julho), se juntem aos activistas que estão permanentemente nesta vigília, pois é muito importante poder contar com a participação e solidariedade de todos os cidadãos que partilham esta preocupação ética. É sempre importante lembrar que os animais não têm obviamente voz nem têm hipótese de se defender contra as muitas agressões de que são vítimas. E, porque são merecedores de uma consideração moral séria e justa, é nosso dever protegê-los, assumindo posições firmes na sua defesa. Assim, espero encontrar-me com todos vós nesta vigília em frente ao Parlamento...

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Parlamento: touros de Barrancos em risco
MARTIM SILVA
A aprovação do projecto de lei que abre uma excepção para as
touradas de morte em Barrancos, subscrito por deputados do PSD e do CDS/PP e que ontem deu finalmente entrada na mesa da Assembleia da República, está longe, bem longe mesmo, de ter aprovação garantida pelos deputados. Uma coisa parece certa: a votação do diploma, para um lado ou para outro, deverá ser à justa. E um facto tão simples como a ida de uma delegação parlamentar ao estrangeiro por essa altura - inclui três
deputados do PSD, três deputados do PS (um deles é João Soares) e um do CDS/PP, Basílio Horta - pode decidir tudo.
Por enquanto, a confusão é imensa. E começa no próprio
agendamento do projecto. É que até ao dia 11 de Julho, quando encerra a sessão, todas as sessões já têm a agenda preenchida. E a inclusão deste
diploma só pode ser por consenso. Por isso, para desbloquear a situação,
deverá ter de se marcar um novo plenário. Segunda-feira, dia 8 de Julho, é a possibilidade - E nessa altura os tais sete deputados estão
fora, a participar em Berlim na 11.ª; sessão anual da Assembleia
Parlamentar da OSCE.
Da parte do CDS/PP não há grandes dúvidas. Teremos 11 votos a
favor, dois contra (Narana Coissoró e João Rebelo) e um ausente
(Basílio).
No PCP, que apoia a excepção de Barrancos mas ainda deverá
apresentar um projecto de lei autónomo, contam-se a totalidade dos votos a favor: 10.
BE e PCP estão contra, somando cinco votos.
No PS ficou ontem assente que haverá disciplina de voto, contra
a excepção de Barrancos, isto apesar de ter sido o presidente da
República, o socialista Jorge Sampaio, a avançar com a ideia.
António Costa confirmou que apenas cinco deputados foram autorizados a
votar a favor: Rui Cunha, Luís Miranda, Capoulas Santos, Manuel Alegre e
Vera Jardim. Mas entre os socialistas o tema está muito longe de ser
pacífico, havendo outros deputados, como por exemplo Helena
Roseta, que pretendem votar a favor. Para já, estão seguros cinco votos a favor e 88 contra (sendo que este número, como se explicou, pode diminuir).
Já na maior bancada, o PSD, foi decidido dar liberdade de voto.
E sabe-se que Guilherme Silva (presidente) e Marques Guedes
(vice-presidente) não votam a favor, nem indicam o sentido de
voto. Refira-se que o próprio ministro Marques Mendes não é fã da
excepção para Barrancos, o que demonstra a dificuldade em arregimentar votos em massa a favor. Entre a JSD, três deputados votam contra e os restantes 10 a favor.
Perante este quadro, ontem um dirigente da bancada laranja foi
peremptório ao DN, dizendo que se apenas cinco socialistas
votarem a favor da excepção "o diploma chumba seguramente", dada a divisão entre os laranjas. O mesmo responsável afirmou que entre os deputados dos círculos eleitorais do Norte há muita gente que não está de
acordo com a excepção para Barrancos.
Temos assim que dos 102 deputados do PSD que devem estar na
votação, devem ser necessários 70 a 80 votos a favor para que o diploma passe.
Se a lei não passar, neste Verão quando decorrerem as festas de
Barrancos, a morte do touro será ilegal e sujeita a multas.
MARTIM SILVA
A aprovação do projecto de lei que abre uma excepção para as
touradas de morte em Barrancos, subscrito por deputados do PSD e do CDS/PP e que ontem deu finalmente entrada na mesa da Assembleia da República, está longe, bem longe mesmo, de ter aprovação garantida pelos deputados. Uma coisa parece certa: a votação do diploma, para um lado ou para outro, deverá ser à justa. E um facto tão simples como a ida de uma delegação parlamentar ao estrangeiro por essa altura - inclui três
deputados do PSD, três deputados do PS (um deles é João Soares) e um do CDS/PP, Basílio Horta - pode decidir tudo.
Por enquanto, a confusão é imensa. E começa no próprio
agendamento do projecto. É que até ao dia 11 de Julho, quando encerra a sessão, todas as sessões já têm a agenda preenchida. E a inclusão deste
diploma só pode ser por consenso. Por isso, para desbloquear a situação,
deverá ter de se marcar um novo plenário. Segunda-feira, dia 8 de Julho, é a possibilidade - E nessa altura os tais sete deputados estão
fora, a participar em Berlim na 11.ª; sessão anual da Assembleia
Parlamentar da OSCE.
Da parte do CDS/PP não há grandes dúvidas. Teremos 11 votos a
favor, dois contra (Narana Coissoró e João Rebelo) e um ausente
(Basílio).
No PCP, que apoia a excepção de Barrancos mas ainda deverá
apresentar um projecto de lei autónomo, contam-se a totalidade dos votos a favor: 10.
BE e PCP estão contra, somando cinco votos.
No PS ficou ontem assente que haverá disciplina de voto, contra
a excepção de Barrancos, isto apesar de ter sido o presidente da
República, o socialista Jorge Sampaio, a avançar com a ideia.
António Costa confirmou que apenas cinco deputados foram autorizados a
votar a favor: Rui Cunha, Luís Miranda, Capoulas Santos, Manuel Alegre e
Vera Jardim. Mas entre os socialistas o tema está muito longe de ser
pacífico, havendo outros deputados, como por exemplo Helena
Roseta, que pretendem votar a favor. Para já, estão seguros cinco votos a favor e 88 contra (sendo que este número, como se explicou, pode diminuir).
Já na maior bancada, o PSD, foi decidido dar liberdade de voto.
E sabe-se que Guilherme Silva (presidente) e Marques Guedes
(vice-presidente) não votam a favor, nem indicam o sentido de
voto. Refira-se que o próprio ministro Marques Mendes não é fã da
excepção para Barrancos, o que demonstra a dificuldade em arregimentar votos em massa a favor. Entre a JSD, três deputados votam contra e os restantes 10 a favor.
Perante este quadro, ontem um dirigente da bancada laranja foi
peremptório ao DN, dizendo que se apenas cinco socialistas
votarem a favor da excepção "o diploma chumba seguramente", dada a divisão entre os laranjas. O mesmo responsável afirmou que entre os deputados dos círculos eleitorais do Norte há muita gente que não está de
acordo com a excepção para Barrancos.
Temos assim que dos 102 deputados do PSD que devem estar na
votação, devem ser necessários 70 a 80 votos a favor para que o diploma passe.
Se a lei não passar, neste Verão quando decorrerem as festas de
Barrancos, a morte do touro será ilegal e sujeita a multas.
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Touradas e erotismo
O touro como anátema do desejo de ser perfurado. Pedrito Portugal, herói infame?
É de certeza uma ideia capaz de irritar igualmente à primeira vista homossexuais e amantes da arte tauromáquica e, no entanto, para quem o queira ver é perfeitamente evidente que a tourada é das festas com maior carga homo erótica que há.
Senão vejamos, desde logo, a profunda ambiguidade da figura “touro”. Símbolo de força e virilidade, ele ostenta simultaneamente na testa o sinal da vergonha do homem traído e despojado de virilidade: o “corno”, também chamado de “corno manso”.
O homem traído e só ele é “***”. A mulher não passa jamais por ser “vaca” e quando o é não é por ter levado uma facada conjugal, antes por ter tido ela própria o proveito. Porque será?
O toureiro, o matador e os forcados, em suma todos os participantes na festa brava, vestem-se de forma absolutamente irregular: os fatos justinhos e luzidios, carregados de rendas e berloques constituem a mais eloquente exaltação do corpo masculino que se possa conceber. Serve igualmente para exaltar, qual Pedrito Portugal, o galã das senhoras como a mais acerba fantasia do homem amante de homens.
Na antiga Grécia – sobejamente conhecida pelo elogio da bissexualidade e pela aceitação da iniciação dos jovens mancebos pelos homens adultos – a besta mítica Minotauro habitava um labirinto para cujo esconjuro lhe eram feitos os mais diversos sacrifícios. Tudo o que lhe vinha à rede, porém, era peixe. E não eram só jovens virgens que lhe eram «imoladas»...
Os cornos do touro valem como arma pela sua capacidade perfurante, quais falos. No momento presente, antecipando a tourada, eles são comum e implacavelmente limados. Despojando assim a besta da sua força.
Expediente sobejamente “maricas” e espécie de castração simbólica, a ablação das pontas dos chifres converte os pobres touros em seres efeminados. Quais eunucos em que o bandarilheiro crava as suas farpas (ideia ambígua q.b. ela própria) enfeitadas. Gesto em que freudiana e arreliadoramente podemos ver uma forma de sodomia e uma extrapolação do seu próprio desejo – e do público – em ser sodomizado.
O touro como anátema do desejo de ser perfurado. Pedrito Portugal, herói infame?
É de certeza uma ideia capaz de irritar igualmente à primeira vista homossexuais e amantes da arte tauromáquica e, no entanto, para quem o queira ver é perfeitamente evidente que a tourada é das festas com maior carga homo erótica que há.
Senão vejamos, desde logo, a profunda ambiguidade da figura “touro”. Símbolo de força e virilidade, ele ostenta simultaneamente na testa o sinal da vergonha do homem traído e despojado de virilidade: o “corno”, também chamado de “corno manso”.
O homem traído e só ele é “***”. A mulher não passa jamais por ser “vaca” e quando o é não é por ter levado uma facada conjugal, antes por ter tido ela própria o proveito. Porque será?
O toureiro, o matador e os forcados, em suma todos os participantes na festa brava, vestem-se de forma absolutamente irregular: os fatos justinhos e luzidios, carregados de rendas e berloques constituem a mais eloquente exaltação do corpo masculino que se possa conceber. Serve igualmente para exaltar, qual Pedrito Portugal, o galã das senhoras como a mais acerba fantasia do homem amante de homens.
Na antiga Grécia – sobejamente conhecida pelo elogio da bissexualidade e pela aceitação da iniciação dos jovens mancebos pelos homens adultos – a besta mítica Minotauro habitava um labirinto para cujo esconjuro lhe eram feitos os mais diversos sacrifícios. Tudo o que lhe vinha à rede, porém, era peixe. E não eram só jovens virgens que lhe eram «imoladas»...
Os cornos do touro valem como arma pela sua capacidade perfurante, quais falos. No momento presente, antecipando a tourada, eles são comum e implacavelmente limados. Despojando assim a besta da sua força.
Expediente sobejamente “maricas” e espécie de castração simbólica, a ablação das pontas dos chifres converte os pobres touros em seres efeminados. Quais eunucos em que o bandarilheiro crava as suas farpas (ideia ambígua q.b. ela própria) enfeitadas. Gesto em que freudiana e arreliadoramente podemos ver uma forma de sodomia e uma extrapolação do seu próprio desejo – e do público – em ser sodomizado.
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videos
http://www.sharkonline.org/indexbullfighting.mv
1-páginas estrangeiras que foca Portugal e touradas.
De facto, estas páginas são as mais importantes pois
se as divulgarmos podemos ver a imagem que Portugal
tem lá fora. Aqui estão uns links com algum texto
http://travel.ninemsn.com.au/getaway/fa ... sheet3.asp
"Bullfighting in Portugal is a tradition dating back
2000 years. Although it is not quite as popular in
Portugal as it is in Spain, it is still considered by
many Portuguese to be a spectacular form of
entertainment. At least 300 bullfights are held during
the season that runs from March to October.
Bullfighting supporters point out that the Portuguese
"tourada" (bullfight) is far less brutal and bloody
than the Spanish version. There is a lot more skilled
horsemanship, artistry and bravado. Bullfights in
Portugal carry the label "The bull isn't killed" but
do not be deceived; the public just doesn't see it."
http://www.s-t.com/daily/03-00/03-15-00/b05op063.htm
"Bullfighting has absolutely no place in the modern world
NEW BEDFORD
Last year, I watched a Portuguese news report through the RTPi network.
This broadcast took its audience to a small town, Barrancos, on the
Eastern border with Spain. While watching the report, I marveled at the
natural splendors and the lush landscape
of a truly beautiful part of
the world. I have never been to Barrancos, though I have previously
traveled within the region.
To my surprise, the reporter turned to a few individuals, citizens of
Barrancos, asking them what they thought about lethal bullfighting. I
was a bit astonished, since I knew that publicly displayed lethal
bullfighting was illegal in Portugal.
I watched enough to know that the people of Barrancos were in the midst
of a heated defiance of a decades-old law of the Republic. Since 1924,
Portugal has allowed bullfighting, but forbids public killing of the
bull in the arena. The bull is killed in private.
Most of the interviewed individuals attempted to justify their defiance
on the basis of upholding Portuguese tradition and culture. I find this
attitude reprehensible, brutish, offensive to the civilized world, and
repugnant above all.
I cannot in this limited space list the glorious contributions and the
resplendent components of the Portuguese
culture, heritage, and
traditions. There are numerous sources that will illustrate the
uniqueness of Portuguese architecture, music, art, literature, cuisine,
society or history. It abhors me to think that Barrancos tries to
justify lethal bullfighting as a cultural feature in the face of poll
after poll that demonstrates no general support for bullfighting, lethal
or not!
In my view, their defiance of this old law is not an example of civil
disobedience. This term is only reserved for civic martyrs. What the
people of Barrancos are guilty of is malice and bloodthirst. They are
also guilty of defaming the Portuguese culture.
I think it's a grave mistake to disturb the remedial intent of this
longstanding law that has worked so well. It was successful in paving
the way for the Portuguese culture to leave behind, and indeed reject,
its shameful and ignoble aspects. "
http://c
anterbury.gn.apc.org/carnage/BULLS1.HTML
"In PORTUGAL, a proposal to allow the killing of bulls
in public was allowed to go ahead, thus revoking their
1928 law which forbad the killing of bulls in
bullfights. The first killings in Portugal may well
have taken place already in the town of Barrancos,
high in the mountains overlooking Spain. The bullfight
mafia want to encourage bullfights to the death in
Portugal, as enormous profits can be made from it. The
decision has caused uproar in Portugal and is shaking
the very foundations of the government.
Determined Portuguese AR groups - not very big at
present - bravely hold regular demonstrations against
bullfights and have recently been seriously beaten up
by bullfight enthusiasts in the last three bullfights
they demonstrated against. The police just looked on."
http://www.skytravel.co.uk/destinationg ... _code=2068
e
http://www.thefirstresort.com/destinati ... _code=2068
Bullfighting
Texto igual em ambas as paginas
"Bullfighting in Portugal is neither as common nor,
relatively speaking, as brutal as in Spain, although
the combination of grace in the face of danger, of
glamour entwined with drama, and of skill matched with
courage is every bit as attractive to the Portuguese
as it is to their Spanish counterparts.
The fact that the bull is not killed during the
Portuguese tourada does not mean that the animal
doesn't suffer. Bulls receive several thrusts from the
horseman's darts, and suffer again when these are
pulled out.
The vast majority of Portuguese see nothing wrong in
bullfighting, and the articulate and vocal minority
who do oppose it are invariably shouted down by a
powerful lobby in
favour."
http://explore.ca/europe/portugal/portuga4.htm
"Besides beaches and beer, bullfighting is the other Portuguese passion.
The next
day Anna Maria and Kathy joined Greg and I for the weekly beef bashing.
Contrary to Spanish tradition, the Matadors of Portugal don't slaughter
the bull at the end, they just humiliate it to death
"
http://www.laprensa-sandiego.org/archie ... erwood.htm
"June 25, 1999
Will They Again Kill Bulls in Portugal?
Although Portugal has produced some out-standing matadores, the most
recent example being the now-retired Victor Mendes, most of their
corridas feature rejoneadores. On most afternoons, after the rejoneador
completes his work from horseback, the forcados enter, to do their
rather strange, although dangerous, duties of wre
stling the bull to a
standstill. Then, at least as it has been since 1928, the bull is
removed from the arena, where it stands around in the corrals, until
somebody dispatches it with a gun. In the meantime, as the animal cools
off, it endures great pain from the pic and banderillas wounds in its
shoulders.
Toros Bravos are bred and raised for only one purpose to, at four years
of age --twice the life span of the miserable slaughterhouse steer-- be
sent to the plaza de toros. There, they are afforded the opportunity to
perform with dignity and glory, and receive an honorable death, by the
sword.
Therefore, in comparative terms, the Portuguese bullfights are much more
cruel to the bulls than are those in Spain, France, South America and
Mexico.
But, all of that may soon change. In Lisboa, the Portuguese Parliament
is debating a return to the tradition of killing bulls in the arena. The
debate is so intense, that, last month, police had to provide a security
ring
around the Asamblea de La República, in order to keep the taurinos
and anti-taurinos from causing a riot. The much more vociferous
anti-taurinos not only want to leave the law the way it is, but wish
that bullfighting, in any form, would simply go the way of the dodo bird.
Inside the Palacio, the Socialist Party passed the buck by assigning the
debate to the agriculture commission, which will study the issue for a
few months. (Does that sound familiar?)"
http://www.csmonitor.com/durable/1999/10/07/p1s5.htm
"BARRANCOS, PORTUGAL
"Kill the bull! Kill the bull!" On a balmy September afternoon, the
large crowd in the public square of this quaint Portuguese town is
working itself into a frenzy.
Nowhere else in Portugal would you hear such words.
Unlike in Spain, the Portuguese bullfight is not a blood spectacle where
the animal is killed. It's a display of swashbuckling horsem
anship,
glitzy costumes, and bare-knuckled combat.
But Barrancos brazenly defies a 70-year-old ban on Spanish-style
bullfights. The determination of its citizens is matched by that of
animal-rights demonstrators in the capital, Lisbon. Yet this is more
than a face-off over bullfights. It's part of a broader collision
between the "liberal" values of northern Europe and the traditions of
southern Europe.
With membership in the European Union, more southern Europeans have
begun to embrace traditional northern European values, including respect
for the dignity of animals. As a result, animal-rights groups have begun
to emerge as a significant social force, drawing support from
organizations such as veterinary associations and student groups.
But as this civic activism grows, regional pride is also on the rise.
Spain's Andalusia and Estremadura regions, Portugal's Alentejo, Sicily,
Italy, and the hill farms of Greece are emerging as staunch bastions of
the past, socia
l experts say. Their defiant traditionalism has emerged
as a reaction to concerns over modernization and the perception that
their culture is under siege.
Indeed, sponsors and participants of the Barrancos bullfight have
defended their 300-year-old tradition as a non-issue. "The law doesn't
apply to us," says Barrancos mayor Antonio Terreno. "It's a tradition
that's older than the law."
Only two miles from Spain, Barrancos residents have ignored the ban
since it was introduced, along with recent court orders against killing
bulls in public. At one bullfight in August, two bulls were killed by
unidentified matadors from Latin America. Their names were kept secret
to avoid prosecution.
"
http://horsedoc_org.tripod.com/id399.htm
"HORSEMANSHIP IN ANOTHER LAND
On a recent trip to Portugal I was able to witness another example of
how versatile horses can be. As we drove through Spain an
d Portugal, my
niece and I decided the bullfights of Portugal would be better for us.
In 1757 the reining Marquis banned the killing of the bulls after a
friend of his, the Count of Arcos, died in a bullfighting accident. The
bullfights were used by nobility to train for the battlefield, riding
the Lusitanian horses, known for their agility and intelligence.
The Portuguese view the fight as a display of skill, elegance and
courage instead of taking the Spaniard's view of bullfighting as a
contest between intelligence and instinct."
http://www.travelactive.com/myagent/myt ... p?index=12
"In Portuguese bullfighting, the bull is wounded, not killed. (...)The
Spanish bullfighting is different from the Portuguese, where the bull is
killed, not wounded.
http://members.tripod.com/circle_of_san ... ights.html
"There is some disturbing regulation being debated--well, disturbing to
me at least--where the Portuguese government may allow the killing of
bulls under certain circumstances. While I know some in Portugal have
lobbied for the killing of bulls, and some matadores--most notably
Manolo Dos Santos, Fernando Dos Santos, and I think El Soro--had killed
bulls in protest of the law, only to be arrested for it, I think to
allow the kill would be a bad decision. Portuguese bullfighting enjoys
the reputation of being "less barbaric" by the tourists and the
humanitarians, and I think it will open a whole series of scandals if
kills are allowed. I am not opposed to the killing of bulls or an
anti-bullfighting fanatic by any means, but kills belong in Mexico,
Spain, and South America. Portugal should stay clear of this and keep
their bullfighting excl
usive. To discriminately say you can kill a bull
in this Portuguese ring and not in that one, as well, is sure folly.
What next, kills in California? Some of the people we've seen here the
past few years barely know how to fight the damned bull, let alone kill
it!!!!!!!!"
Bullfighting: Spain is Ashamed, but Subsidies Continue
"According to a recent television survey, the majority of Spaniards now
regard bullfighting and cruel fiestas as shameful and a blot on their
countrys reputation. However, there is still a long way to go before the
ritualised torture of animals in the name of entertainment or even
religion is actually abolished. The European Parliament has stated that
breeders of animals for torture in the bullring are not entitled to
subsidies, but the way in which the payments are made still allows
unscrupulous breeders to pocket substantial sums of taxpayers money from
countries where such spectacles have long been illegal. "
http://www.virtualazores.com/jorn/Ebullfighting%20.htm
"Azores bullfighting
Well, it's hard to explain ! I find it very amusing
to watch, and I can warmly recommend to go and see it.
It's far more human to watch than Spanish
bullfighting. After the game is over, the bull are
taken to the vet to be taken care of. After
this the bull continue its normal life in the
countryside."
2- páginas estrangeiras anti touradas
http://www.faace.co.uk/bfacts.htm
"Portuguese bullfights always advertise that they do
not kill the bull. What they should say is "We do not
let you see us kill the bull".
The farpas have barbed spearheads approximately 25cms
in length, which are left embedded in the bull's
shoulders plus the sharp harpoons (Banderillas).
The bull is then physically manhandled and held for a
few moments then released by a team of
Forcadas (eight
men).
The bull has to be killed because it would die anyway.
To say the bull is not killed is just a cynical ploy
to try and get tourists into the bullring and take
their money from them."
http://216.110.171.197/01/9/nobulls0901.html
"Portuguese bullfighting has been misleadingly
promoted as "bloodless" since killing bulls in the
ring was banned in 1928. Spanish bullfighters, by
contrast, killed an estimated 35,000 bulls in 1999:
18,000 of them at about 3,000 regional festivals, the
rest in big rings.
Noticing that Spanish bullfights attract more
tourists, Portuguese promoters have recently defied
the law, aware that the fines for breaking it could
easily be paid from higher gate receipts. A part of
the law putting bullfighters at risk of being jailed
for three years if they kill bulls was rescinded in
1999. Lethal bullfights have been openly held at
Barrancos, near the
Spanish border, since August 2000.
Bullfighter Pedrito de Portugal reintroduced
bull-killing to the Moita ring, near Lisbon, on
September 1. Police held de Portugal briefly for
questioning after he twice lapped the stadium with the
bull's bloody ear in his hand, but released him after
a mob threatened to storm the police station.A similar
mob assaulted protesters outside the Cascais bull ring
on July 28, Maria Lopes reported, in an incident she
said was not noted by any Portuguese media "
http://www.cfhs.ca/GeneralInfo/AboutCFH ... entpol.htm
"9. Bloodless Bullfighting
Position Statement
CFHS is opposed to bloodless bullfighting. CFHS believes that bloodless
bullfighting encourages disrespect for animals, and may be detrimental
to the physical and psychological well-being of the animals.
Definition
Bloodless or Portuguese-style bullfighting
involves the use of darts
with blunt points covered with velcro that adhere to a mat fitted on the
animal's back. Bloodless bullfighting is not intended to involve killing
or the deliberate infliction of serious physical harm to the animals.
However, the bull is prepared for the exhibition by using techniques
such as harassment or an electric prod to provoke the animal. In some
cases horses are used in the bullfight
Background/Rationale
Bloodless bullfighting is an event common in Portugal and has been
introduced to Canada.
Bloodless bullfighting involves taunting and harassing the animals,
causing them psychological stress and possible physical harm.
Bloodless bullfighting may subject the animals to distress, harassment
and pain, both in training and in the actual fight, to encourage a
higher level of aggression in the bulls."
http://www.gothampictures.com/places/spain/bul
l.htm
"THE BULLFIGHT
A Bullfight is thought to be a beautiful exhibition of a struggle
between man and beast.
IT IS NOT !!!(...)
Is this some sort of sport? An artform?. We thought it was disgusting.
We couldn't believe the barbaric nature of the event. There was no
respect for the bull, and certainly no consideration for the pain the
bull was in.
When the first bull came out, we both wanted to leave, but the ring was
so crowded with people, it would have been impossible. So we stayed.
After it was all over, we both agreed we were glad to have had the
experience, but also agreed that we had both lost our respect for those
that would enjoy such an event. It was hard to believe that a culture so
rich with art and beauty would still be entertaining themselves in this
manner."
http://emol.org/emol/features/bullfight.html
" Gringa's Perspective of a Mexican Bullfight"
http://newsvote.bbc.co.uk/hi/english/ta ... 297701.asp
"Is there beauty in bullfighting? Your reaction Yes:30% No:70%"
http://www.wspa-international.org/campa ... world.html
http://www.wspa-international.org/takea ... hting.html
http://www.alibi.com/alibi/1999-12-09/guestessay.html
http://www.gregssandbox.com/places/spain/bull.htm
http://www.owen100
.com/bull.html
http://www.stieren.net/Start.html
http://www.peta-online.org/mc/facts/fsent6.html
http://www.addaong.org/abc.html
http://www.gregssandbox.com/places/spain/bull.htm
http://members.tripod.com/~design_www/b ... in_eng.htm
http://www.idausa.org/campaigns/sport/b ... hting.html
http://www.anti-corrida.de/
http://www.farradoboi.org/farra/more.shtml
http://members.tripod.com/~animom/bull.html
http://www.eroj.org/ar/bullfigh.html
http://www.ivu.org/news/2-97/tossa.html
http://www.aeinc-online.org/jack.html
http://www.expressindia.com/ie/daily/19 ... 28006.html
http://www.rferl.org/nca/features/2001/ ... 122230.asp
http://www.idausa.org/campaigns/sport/b ... hting.html
http://news.bbc.co.uk/hi/english/world/ ... 533166.stm
http://www.c3.hu/~feherkereszt/english/bull/bull.htm
http://www.sharkonline.org/indexbullfighting.mv
1-páginas estrangeiras que foca Portugal e touradas.
De facto, estas páginas são as mais importantes pois
se as divulgarmos podemos ver a imagem que Portugal
tem lá fora. Aqui estão uns links com algum texto
http://travel.ninemsn.com.au/getaway/fa ... sheet3.asp
"Bullfighting in Portugal is a tradition dating back
2000 years. Although it is not quite as popular in
Portugal as it is in Spain, it is still considered by
many Portuguese to be a spectacular form of
entertainment. At least 300 bullfights are held during
the season that runs from March to October.
Bullfighting supporters point out that the Portuguese
"tourada" (bullfight) is far less brutal and bloody
than the Spanish version. There is a lot more skilled
horsemanship, artistry and bravado. Bullfights in
Portugal carry the label "The bull isn't killed" but
do not be deceived; the public just doesn't see it."
http://www.s-t.com/daily/03-00/03-15-00/b05op063.htm
"Bullfighting has absolutely no place in the modern world
NEW BEDFORD
Last year, I watched a Portuguese news report through the RTPi network.
This broadcast took its audience to a small town, Barrancos, on the
Eastern border with Spain. While watching the report, I marveled at the
natural splendors and the lush landscape
of a truly beautiful part of
the world. I have never been to Barrancos, though I have previously
traveled within the region.
To my surprise, the reporter turned to a few individuals, citizens of
Barrancos, asking them what they thought about lethal bullfighting. I
was a bit astonished, since I knew that publicly displayed lethal
bullfighting was illegal in Portugal.
I watched enough to know that the people of Barrancos were in the midst
of a heated defiance of a decades-old law of the Republic. Since 1924,
Portugal has allowed bullfighting, but forbids public killing of the
bull in the arena. The bull is killed in private.
Most of the interviewed individuals attempted to justify their defiance
on the basis of upholding Portuguese tradition and culture. I find this
attitude reprehensible, brutish, offensive to the civilized world, and
repugnant above all.
I cannot in this limited space list the glorious contributions and the
resplendent components of the Portuguese
culture, heritage, and
traditions. There are numerous sources that will illustrate the
uniqueness of Portuguese architecture, music, art, literature, cuisine,
society or history. It abhors me to think that Barrancos tries to
justify lethal bullfighting as a cultural feature in the face of poll
after poll that demonstrates no general support for bullfighting, lethal
or not!
In my view, their defiance of this old law is not an example of civil
disobedience. This term is only reserved for civic martyrs. What the
people of Barrancos are guilty of is malice and bloodthirst. They are
also guilty of defaming the Portuguese culture.
I think it's a grave mistake to disturb the remedial intent of this
longstanding law that has worked so well. It was successful in paving
the way for the Portuguese culture to leave behind, and indeed reject,
its shameful and ignoble aspects. "
http://c
anterbury.gn.apc.org/carnage/BULLS1.HTML
"In PORTUGAL, a proposal to allow the killing of bulls
in public was allowed to go ahead, thus revoking their
1928 law which forbad the killing of bulls in
bullfights. The first killings in Portugal may well
have taken place already in the town of Barrancos,
high in the mountains overlooking Spain. The bullfight
mafia want to encourage bullfights to the death in
Portugal, as enormous profits can be made from it. The
decision has caused uproar in Portugal and is shaking
the very foundations of the government.
Determined Portuguese AR groups - not very big at
present - bravely hold regular demonstrations against
bullfights and have recently been seriously beaten up
by bullfight enthusiasts in the last three bullfights
they demonstrated against. The police just looked on."
http://www.skytravel.co.uk/destinationg ... _code=2068
e
http://www.thefirstresort.com/destinati ... _code=2068
Bullfighting
Texto igual em ambas as paginas
"Bullfighting in Portugal is neither as common nor,
relatively speaking, as brutal as in Spain, although
the combination of grace in the face of danger, of
glamour entwined with drama, and of skill matched with
courage is every bit as attractive to the Portuguese
as it is to their Spanish counterparts.
The fact that the bull is not killed during the
Portuguese tourada does not mean that the animal
doesn't suffer. Bulls receive several thrusts from the
horseman's darts, and suffer again when these are
pulled out.
The vast majority of Portuguese see nothing wrong in
bullfighting, and the articulate and vocal minority
who do oppose it are invariably shouted down by a
powerful lobby in
favour."
http://explore.ca/europe/portugal/portuga4.htm
"Besides beaches and beer, bullfighting is the other Portuguese passion.
The next
day Anna Maria and Kathy joined Greg and I for the weekly beef bashing.
Contrary to Spanish tradition, the Matadors of Portugal don't slaughter
the bull at the end, they just humiliate it to death
http://www.laprensa-sandiego.org/archie ... erwood.htm
"June 25, 1999
Will They Again Kill Bulls in Portugal?
Although Portugal has produced some out-standing matadores, the most
recent example being the now-retired Victor Mendes, most of their
corridas feature rejoneadores. On most afternoons, after the rejoneador
completes his work from horseback, the forcados enter, to do their
rather strange, although dangerous, duties of wre
stling the bull to a
standstill. Then, at least as it has been since 1928, the bull is
removed from the arena, where it stands around in the corrals, until
somebody dispatches it with a gun. In the meantime, as the animal cools
off, it endures great pain from the pic and banderillas wounds in its
shoulders.
Toros Bravos are bred and raised for only one purpose to, at four years
of age --twice the life span of the miserable slaughterhouse steer-- be
sent to the plaza de toros. There, they are afforded the opportunity to
perform with dignity and glory, and receive an honorable death, by the
sword.
Therefore, in comparative terms, the Portuguese bullfights are much more
cruel to the bulls than are those in Spain, France, South America and
Mexico.
But, all of that may soon change. In Lisboa, the Portuguese Parliament
is debating a return to the tradition of killing bulls in the arena. The
debate is so intense, that, last month, police had to provide a security
ring
around the Asamblea de La República, in order to keep the taurinos
and anti-taurinos from causing a riot. The much more vociferous
anti-taurinos not only want to leave the law the way it is, but wish
that bullfighting, in any form, would simply go the way of the dodo bird.
Inside the Palacio, the Socialist Party passed the buck by assigning the
debate to the agriculture commission, which will study the issue for a
few months. (Does that sound familiar?)"
http://www.csmonitor.com/durable/1999/10/07/p1s5.htm
"BARRANCOS, PORTUGAL
"Kill the bull! Kill the bull!" On a balmy September afternoon, the
large crowd in the public square of this quaint Portuguese town is
working itself into a frenzy.
Nowhere else in Portugal would you hear such words.
Unlike in Spain, the Portuguese bullfight is not a blood spectacle where
the animal is killed. It's a display of swashbuckling horsem
anship,
glitzy costumes, and bare-knuckled combat.
But Barrancos brazenly defies a 70-year-old ban on Spanish-style
bullfights. The determination of its citizens is matched by that of
animal-rights demonstrators in the capital, Lisbon. Yet this is more
than a face-off over bullfights. It's part of a broader collision
between the "liberal" values of northern Europe and the traditions of
southern Europe.
With membership in the European Union, more southern Europeans have
begun to embrace traditional northern European values, including respect
for the dignity of animals. As a result, animal-rights groups have begun
to emerge as a significant social force, drawing support from
organizations such as veterinary associations and student groups.
But as this civic activism grows, regional pride is also on the rise.
Spain's Andalusia and Estremadura regions, Portugal's Alentejo, Sicily,
Italy, and the hill farms of Greece are emerging as staunch bastions of
the past, socia
l experts say. Their defiant traditionalism has emerged
as a reaction to concerns over modernization and the perception that
their culture is under siege.
Indeed, sponsors and participants of the Barrancos bullfight have
defended their 300-year-old tradition as a non-issue. "The law doesn't
apply to us," says Barrancos mayor Antonio Terreno. "It's a tradition
that's older than the law."
Only two miles from Spain, Barrancos residents have ignored the ban
since it was introduced, along with recent court orders against killing
bulls in public. At one bullfight in August, two bulls were killed by
unidentified matadors from Latin America. Their names were kept secret
to avoid prosecution.
"
http://horsedoc_org.tripod.com/id399.htm
"HORSEMANSHIP IN ANOTHER LAND
On a recent trip to Portugal I was able to witness another example of
how versatile horses can be. As we drove through Spain an
d Portugal, my
niece and I decided the bullfights of Portugal would be better for us.
In 1757 the reining Marquis banned the killing of the bulls after a
friend of his, the Count of Arcos, died in a bullfighting accident. The
bullfights were used by nobility to train for the battlefield, riding
the Lusitanian horses, known for their agility and intelligence.
The Portuguese view the fight as a display of skill, elegance and
courage instead of taking the Spaniard's view of bullfighting as a
contest between intelligence and instinct."
http://www.travelactive.com/myagent/myt ... p?index=12
"In Portuguese bullfighting, the bull is wounded, not killed. (...)The
Spanish bullfighting is different from the Portuguese, where the bull is
killed, not wounded.
http://members.tripod.com/circle_of_san ... ights.html
"There is some disturbing regulation being debated--well, disturbing to
me at least--where the Portuguese government may allow the killing of
bulls under certain circumstances. While I know some in Portugal have
lobbied for the killing of bulls, and some matadores--most notably
Manolo Dos Santos, Fernando Dos Santos, and I think El Soro--had killed
bulls in protest of the law, only to be arrested for it, I think to
allow the kill would be a bad decision. Portuguese bullfighting enjoys
the reputation of being "less barbaric" by the tourists and the
humanitarians, and I think it will open a whole series of scandals if
kills are allowed. I am not opposed to the killing of bulls or an
anti-bullfighting fanatic by any means, but kills belong in Mexico,
Spain, and South America. Portugal should stay clear of this and keep
their bullfighting excl
usive. To discriminately say you can kill a bull
in this Portuguese ring and not in that one, as well, is sure folly.
What next, kills in California? Some of the people we've seen here the
past few years barely know how to fight the damned bull, let alone kill
it!!!!!!!!"
Bullfighting: Spain is Ashamed, but Subsidies Continue
"According to a recent television survey, the majority of Spaniards now
regard bullfighting and cruel fiestas as shameful and a blot on their
countrys reputation. However, there is still a long way to go before the
ritualised torture of animals in the name of entertainment or even
religion is actually abolished. The European Parliament has stated that
breeders of animals for torture in the bullring are not entitled to
subsidies, but the way in which the payments are made still allows
unscrupulous breeders to pocket substantial sums of taxpayers money from
countries where such spectacles have long been illegal. "
http://www.virtualazores.com/jorn/Ebullfighting%20.htm
"Azores bullfighting
Well, it's hard to explain ! I find it very amusing
to watch, and I can warmly recommend to go and see it.
It's far more human to watch than Spanish
bullfighting. After the game is over, the bull are
taken to the vet to be taken care of. After
this the bull continue its normal life in the
countryside."
2- páginas estrangeiras anti touradas
http://www.faace.co.uk/bfacts.htm
"Portuguese bullfights always advertise that they do
not kill the bull. What they should say is "We do not
let you see us kill the bull".
The farpas have barbed spearheads approximately 25cms
in length, which are left embedded in the bull's
shoulders plus the sharp harpoons (Banderillas).
The bull is then physically manhandled and held for a
few moments then released by a team of
Forcadas (eight
men).
The bull has to be killed because it would die anyway.
To say the bull is not killed is just a cynical ploy
to try and get tourists into the bullring and take
their money from them."
http://216.110.171.197/01/9/nobulls0901.html
"Portuguese bullfighting has been misleadingly
promoted as "bloodless" since killing bulls in the
ring was banned in 1928. Spanish bullfighters, by
contrast, killed an estimated 35,000 bulls in 1999:
18,000 of them at about 3,000 regional festivals, the
rest in big rings.
Noticing that Spanish bullfights attract more
tourists, Portuguese promoters have recently defied
the law, aware that the fines for breaking it could
easily be paid from higher gate receipts. A part of
the law putting bullfighters at risk of being jailed
for three years if they kill bulls was rescinded in
1999. Lethal bullfights have been openly held at
Barrancos, near the
Spanish border, since August 2000.
Bullfighter Pedrito de Portugal reintroduced
bull-killing to the Moita ring, near Lisbon, on
September 1. Police held de Portugal briefly for
questioning after he twice lapped the stadium with the
bull's bloody ear in his hand, but released him after
a mob threatened to storm the police station.A similar
mob assaulted protesters outside the Cascais bull ring
on July 28, Maria Lopes reported, in an incident she
said was not noted by any Portuguese media "
http://www.cfhs.ca/GeneralInfo/AboutCFH ... entpol.htm
"9. Bloodless Bullfighting
Position Statement
CFHS is opposed to bloodless bullfighting. CFHS believes that bloodless
bullfighting encourages disrespect for animals, and may be detrimental
to the physical and psychological well-being of the animals.
Definition
Bloodless or Portuguese-style bullfighting
involves the use of darts
with blunt points covered with velcro that adhere to a mat fitted on the
animal's back. Bloodless bullfighting is not intended to involve killing
or the deliberate infliction of serious physical harm to the animals.
However, the bull is prepared for the exhibition by using techniques
such as harassment or an electric prod to provoke the animal. In some
cases horses are used in the bullfight
Background/Rationale
Bloodless bullfighting is an event common in Portugal and has been
introduced to Canada.
Bloodless bullfighting involves taunting and harassing the animals,
causing them psychological stress and possible physical harm.
Bloodless bullfighting may subject the animals to distress, harassment
and pain, both in training and in the actual fight, to encourage a
higher level of aggression in the bulls."
http://www.gothampictures.com/places/spain/bul
l.htm
"THE BULLFIGHT
A Bullfight is thought to be a beautiful exhibition of a struggle
between man and beast.
IT IS NOT !!!(...)
Is this some sort of sport? An artform?. We thought it was disgusting.
We couldn't believe the barbaric nature of the event. There was no
respect for the bull, and certainly no consideration for the pain the
bull was in.
When the first bull came out, we both wanted to leave, but the ring was
so crowded with people, it would have been impossible. So we stayed.
After it was all over, we both agreed we were glad to have had the
experience, but also agreed that we had both lost our respect for those
that would enjoy such an event. It was hard to believe that a culture so
rich with art and beauty would still be entertaining themselves in this
manner."
http://emol.org/emol/features/bullfight.html
" Gringa's Perspective of a Mexican Bullfight"
http://newsvote.bbc.co.uk/hi/english/ta ... 297701.asp
"Is there beauty in bullfighting? Your reaction Yes:30% No:70%"
http://www.wspa-international.org/campa ... world.html
http://www.wspa-international.org/takea ... hting.html
http://www.alibi.com/alibi/1999-12-09/guestessay.html
http://www.gregssandbox.com/places/spain/bull.htm
http://www.owen100
.com/bull.html
http://www.stieren.net/Start.html
http://www.peta-online.org/mc/facts/fsent6.html
http://www.addaong.org/abc.html
http://www.gregssandbox.com/places/spain/bull.htm
http://members.tripod.com/~design_www/b ... in_eng.htm
http://www.idausa.org/campaigns/sport/b ... hting.html
http://www.anti-corrida.de/
http://www.farradoboi.org/farra/more.shtml
http://members.tripod.com/~animom/bull.html
http://www.eroj.org/ar/bullfigh.html
http://www.ivu.org/news/2-97/tossa.html
http://www.aeinc-online.org/jack.html
http://www.expressindia.com/ie/daily/19 ... 28006.html
http://www.rferl.org/nca/features/2001/ ... 122230.asp
http://www.idausa.org/campaigns/sport/b ... hting.html
http://news.bbc.co.uk/hi/english/world/ ... 533166.stm
http://www.c3.hu/~feherkereszt/english/bull/bull.htm
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Páginas portuguesas anti-taurinas
Dança da Morte
http://www.geocities.com/RainForest/Andes/1084
Web Anti-Taurina
http://www.festabrava.web.pt
Miguel Torga-"Bichos" - Miura
O Problema da Identidade Cultural e os Touros de Morte em Barrancos
Dança da Morte
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Web Anti-Taurina
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Miguel Torga-"Bichos" - Miura
O Problema da Identidade Cultural e os Touros de Morte em Barrancos
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Assunto: Barrancos e as Declarações do Presidente da República Portuguesa
A SEDA – Sociedade Ética de Defesa dos Animais lamenta profundamente as infelizes declarações que o Senhor Presidente da República fez em Barrancos, no âmbito da Presidência Aberta. Ao dizer “Eu sei que estão à espera que eu fale do outro assunto, mas eu não falo... ou ainda sou multado!”, o Senhor Presidente da República permitiu-se gracejar sobre uma situação que tem tudo menos graça.
O caso de Barrancos (como é vulgarmente conhecido) é a mais flagrante violação do princípio do Estado de Direito e tem posto em causa a autoridade do Estado, bem como a vigência, força e aplicabilidade do Direito, tornando-se um autêntico problema político e jurídico. Evidentemente, representa também um problema moral, pois a inflicção de sofrimento e morte a animais levanta sérios problemas éticos, designadamente quando isso é feito em nome do espectáculo e do entretenimento. Ora, pensar-se-ia que um caso tão grave levasse o Senhor Presidente da República a pronunciar-se sobre esta questão, exactamente como a Constituição da República Portuguesa (CRP), no seu art.º 134, diz: “Compete ao Presidente da República, na prática de actos próprios:”, e), “Pronunciar-se sobre todas as emergências graves para a vida da República”. Realmente, o Senhor Presidente da República pronunciou-se, de facto, mas extemporaneamente (o caso de Barrancos é bastante anterior a esta sua Presidência Aberta), para além de ter sido profundamente infeliz nas suas afirmações. Como se pode ver, o art.º 134 da CRP diz que é competência do Presidente da República pronunciar-se sobre situações graves (e esta é uma delas, pelo modo como ameaça as fundações jurídicas e mesmo democráticas do Estado, e, portanto, a sua estabilidade), mas não diz que lhe é permitido ironizar sobre as mesmas. Logo, esta atitude do Senhor Presidente da República dependeu de uma escolha própria e não do cumprimento de uma obrigação constitucionalmente consagrada. É sabido que o cidadão Jorge Sampaio é aficcionado de touradas, o que, pelo menos no que respeita às suas liberdades constitucionais, é legítimo (o que já não se pode dizer em termos morais); o que é grave é que o cidadão Jorge Sampaio, sendo a primeira figura do Estado Português e tendo responsabilidades e condicionantes especiais por isso, se permita deixar transparecer (sem grandes preocupações, diga-se) esse seu gosto pessoal, num discurso que faz na qualidade de Presidente da República.
As multas sobre as quais o Senhor Presidente da República ironizou estão determinadas numa lei que a Assembleia da República democraticamente analisou, debateu e aprovou, e que foi promulgada pelo próprio Presidente da República. Estará este a pôr esta lei em questão? Uma lei promulgada por si? Pior: estará o Senhor Presidente da República a questionar a legitimidade de uma lei que só vigora porque preencheu todas as condições democráticas, formais e jurídicas para isso? É de uma grande falta de prudência (se não mesmo de bom senso) que um Presidente da República profira tais declarações, tendo estas implicações muito fortes. Mais: ao advogar a “harmonização da lei com a tradição, porque há tradições que são importantes e que devem ser mantidas”, apelando aos legisladores, autarcas e população para dialogarem nesse sentido, o Senhor Presidente da República sugeriu implicitamente que a repetida violação da lei em Barrancos nos últimos quatro anos (desde que as touradas de morte naquela vila foram publicamente conhecidas) é uma questão menor, para além de deixar a ideia de que o crime compensa. Se realmente houvesse uma medida legislativa que permitisse as touradas de morte (em Barrancos ou em qualquer outra parte do país), isso não só seria eticamente inaceitável, como, de um ponto de vista legal, significaria que aquilo que de tão grave se tem passado em Barrancos – o desafio flagrante da autoridade do Estado, dos órgãos soberanos (Governo, Assembleia da República e Tribunais) e a ameaça de uma quase guerra civil – teria, no fim de contas, uma recompensa positiva. A ser assim, e porque não há nem pode haver cidadãos de primeira e cidadãos de segunda, qualquer cidadão poderia, e com legitimidade conferida por esse precedente, desafiar a lei e a autoridade do Estado, ofender Juízes e desrespeitar as ordens dos Tribunais, ameaçar o Governo de guerra civil e condicionar fisicamente a acção das forças policiais. Evidentemente, a SEDA espera que outros responsáveis políticos – os Deputados à Assembleia da República – tenham o bom senso, o sentido de justiça, a razoabilidade e a seriedade que outros não revelaram, recusando, como já aconteceu em Dezembro de 1999 (em que foram reprovados na Assembleia da República quatro projectos-lei a favor das touradas de morte), qualquer iniciativa legislativa que vise permitir a re-introdução das corridas de touros com morte dos animais na arena como actividades legais em Portugal.
Contudo, e apesar deste sério erro político do Senhor Presidente da República, nem tudo o que disse foi criticável. De facto, ao dizer que “a lei deve ser cumprida”, o Senhor Presidente da República deixou, não obstante outras mensagens menos próprias, a mensagem mais elementar: há uma lei que proíbe a organização e a realização de touradas de morte, que tem que ser cumprida, e, convém dizer, só é cumprida se a organização e a realização de touradas de morte não acontecerem. Caso contrário, e contrariamente às absurdas explicações anti-jurídicas dos Ministros da Administração Interna dos dois Governos anteriores, a lei é desrespeitada e, mesmo que as multas se apliquem, a lei continuará a ter sido violada, dado que a aplicação das multas não corresponde ao cumprimento da lei, mas sim ao cumprimento das penalizações que essa lei, para os casos em que não for cumprida, prevê.
Por último, é preciso esclarecer que a SEDA, e as organizações de defesa dos animais em geral, assumem, naturalmente, uma posição de condenação face a qualquer tipo de corrida de touros ou prática tauromáquica, por se considerar que estas actividades ofendem princípios éticos elementares e implicam momentos de grande sofrimento para os animais que vitimam. A insistência (legítima, sob todos os pontos de vista) a propósito da questão de Barrancos prende-se com a existência de um dos poucos instrumentos legais de que os defensores dos animais se podem valer em Portugal para salvaguardar interesses fundamentais dos animais. Não se trata, portanto, de criticar as touradas de morte e não as touradas convencionais portuguesas, mas criticar ambas, usando dos meios jurídicos disponíveis para combater as primeiras (pois, quanto às outras, não há, por agora, instrumentos jurídicos de que nos possamos valer).
A SEDA – Sociedade Ética de Defesa dos Animais lamenta profundamente as infelizes declarações que o Senhor Presidente da República fez em Barrancos, no âmbito da Presidência Aberta. Ao dizer “Eu sei que estão à espera que eu fale do outro assunto, mas eu não falo... ou ainda sou multado!”, o Senhor Presidente da República permitiu-se gracejar sobre uma situação que tem tudo menos graça.
O caso de Barrancos (como é vulgarmente conhecido) é a mais flagrante violação do princípio do Estado de Direito e tem posto em causa a autoridade do Estado, bem como a vigência, força e aplicabilidade do Direito, tornando-se um autêntico problema político e jurídico. Evidentemente, representa também um problema moral, pois a inflicção de sofrimento e morte a animais levanta sérios problemas éticos, designadamente quando isso é feito em nome do espectáculo e do entretenimento. Ora, pensar-se-ia que um caso tão grave levasse o Senhor Presidente da República a pronunciar-se sobre esta questão, exactamente como a Constituição da República Portuguesa (CRP), no seu art.º 134, diz: “Compete ao Presidente da República, na prática de actos próprios:”, e), “Pronunciar-se sobre todas as emergências graves para a vida da República”. Realmente, o Senhor Presidente da República pronunciou-se, de facto, mas extemporaneamente (o caso de Barrancos é bastante anterior a esta sua Presidência Aberta), para além de ter sido profundamente infeliz nas suas afirmações. Como se pode ver, o art.º 134 da CRP diz que é competência do Presidente da República pronunciar-se sobre situações graves (e esta é uma delas, pelo modo como ameaça as fundações jurídicas e mesmo democráticas do Estado, e, portanto, a sua estabilidade), mas não diz que lhe é permitido ironizar sobre as mesmas. Logo, esta atitude do Senhor Presidente da República dependeu de uma escolha própria e não do cumprimento de uma obrigação constitucionalmente consagrada. É sabido que o cidadão Jorge Sampaio é aficcionado de touradas, o que, pelo menos no que respeita às suas liberdades constitucionais, é legítimo (o que já não se pode dizer em termos morais); o que é grave é que o cidadão Jorge Sampaio, sendo a primeira figura do Estado Português e tendo responsabilidades e condicionantes especiais por isso, se permita deixar transparecer (sem grandes preocupações, diga-se) esse seu gosto pessoal, num discurso que faz na qualidade de Presidente da República.
As multas sobre as quais o Senhor Presidente da República ironizou estão determinadas numa lei que a Assembleia da República democraticamente analisou, debateu e aprovou, e que foi promulgada pelo próprio Presidente da República. Estará este a pôr esta lei em questão? Uma lei promulgada por si? Pior: estará o Senhor Presidente da República a questionar a legitimidade de uma lei que só vigora porque preencheu todas as condições democráticas, formais e jurídicas para isso? É de uma grande falta de prudência (se não mesmo de bom senso) que um Presidente da República profira tais declarações, tendo estas implicações muito fortes. Mais: ao advogar a “harmonização da lei com a tradição, porque há tradições que são importantes e que devem ser mantidas”, apelando aos legisladores, autarcas e população para dialogarem nesse sentido, o Senhor Presidente da República sugeriu implicitamente que a repetida violação da lei em Barrancos nos últimos quatro anos (desde que as touradas de morte naquela vila foram publicamente conhecidas) é uma questão menor, para além de deixar a ideia de que o crime compensa. Se realmente houvesse uma medida legislativa que permitisse as touradas de morte (em Barrancos ou em qualquer outra parte do país), isso não só seria eticamente inaceitável, como, de um ponto de vista legal, significaria que aquilo que de tão grave se tem passado em Barrancos – o desafio flagrante da autoridade do Estado, dos órgãos soberanos (Governo, Assembleia da República e Tribunais) e a ameaça de uma quase guerra civil – teria, no fim de contas, uma recompensa positiva. A ser assim, e porque não há nem pode haver cidadãos de primeira e cidadãos de segunda, qualquer cidadão poderia, e com legitimidade conferida por esse precedente, desafiar a lei e a autoridade do Estado, ofender Juízes e desrespeitar as ordens dos Tribunais, ameaçar o Governo de guerra civil e condicionar fisicamente a acção das forças policiais. Evidentemente, a SEDA espera que outros responsáveis políticos – os Deputados à Assembleia da República – tenham o bom senso, o sentido de justiça, a razoabilidade e a seriedade que outros não revelaram, recusando, como já aconteceu em Dezembro de 1999 (em que foram reprovados na Assembleia da República quatro projectos-lei a favor das touradas de morte), qualquer iniciativa legislativa que vise permitir a re-introdução das corridas de touros com morte dos animais na arena como actividades legais em Portugal.
Contudo, e apesar deste sério erro político do Senhor Presidente da República, nem tudo o que disse foi criticável. De facto, ao dizer que “a lei deve ser cumprida”, o Senhor Presidente da República deixou, não obstante outras mensagens menos próprias, a mensagem mais elementar: há uma lei que proíbe a organização e a realização de touradas de morte, que tem que ser cumprida, e, convém dizer, só é cumprida se a organização e a realização de touradas de morte não acontecerem. Caso contrário, e contrariamente às absurdas explicações anti-jurídicas dos Ministros da Administração Interna dos dois Governos anteriores, a lei é desrespeitada e, mesmo que as multas se apliquem, a lei continuará a ter sido violada, dado que a aplicação das multas não corresponde ao cumprimento da lei, mas sim ao cumprimento das penalizações que essa lei, para os casos em que não for cumprida, prevê.
Por último, é preciso esclarecer que a SEDA, e as organizações de defesa dos animais em geral, assumem, naturalmente, uma posição de condenação face a qualquer tipo de corrida de touros ou prática tauromáquica, por se considerar que estas actividades ofendem princípios éticos elementares e implicam momentos de grande sofrimento para os animais que vitimam. A insistência (legítima, sob todos os pontos de vista) a propósito da questão de Barrancos prende-se com a existência de um dos poucos instrumentos legais de que os defensores dos animais se podem valer em Portugal para salvaguardar interesses fundamentais dos animais. Não se trata, portanto, de criticar as touradas de morte e não as touradas convencionais portuguesas, mas criticar ambas, usando dos meios jurídicos disponíveis para combater as primeiras (pois, quanto às outras, não há, por agora, instrumentos jurídicos de que nos possamos valer).
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Discussão sobre Touros de Morte em Portugal volta ao Parlamento
Depois das lamentáveis declarações do Presidente da República em Barrancos, ironizando com o gravíssimo problema jurídico e ético que todos os anos se repete ilegal e imoralmente naquela vila, e advogando uma alteração à actual lei que proíbe as corridas de touros com morte dos animais na arena, também o Primeiro-Ministro resolveu remeter a decisão sobre os touros de morte em Portugal para o Parlamento.
O que é mais estranho, porém, é que, em Dezembro de 1999, foram chumbados pela Assembleia da República quatro projectos-lei que visavam permitir as touradas de morte em Barrancos (um deles, do Partido Popular, visava permitir as touradas de morte a nível nacional). Ora, se estamos em 2002 e ainda não passaram sequer três anos desta decisão, é de facto de estranhar que se volte a auscultar a Assembleia da República sobre este assunto, depois de esta se ter pronunciado sobre o mesmo há tão pouco tempo. Mais espantoso ainda é o facto da actual lei que proíbe as touradas de morte ter sido aprovada na Assembleia da República (e promulgada pelo Presidente da República) perto do Verão do ano 2000, ou seja, há cerca de dois anos. Logo, este debate já foi travado na Assembleia da República, por duas vezes, sendo que, de cada uma delas, resultou sempre uma decisão contrária à permissão de touradas de morte.
Só numa atitude de muita má-fé e de desprezo intencional pelos mais elementares princípios éticos - que são absolutamente desrespeitados pelas práticas tauromáquicas – é que alguém pode estar tão interessado em ver este problema novamente discutido na Assembleia da República, evidenciando de resto a sua parcialidade inaceitável. Fala-se, naturalmente, do Presidente da República.
A primeira coisa que devemos fazer quando alguém diz que é preciso que haja uma excepção a uma lei é perguntar porque foi essa lei inicialmente promulgada, ou porque é que ainda ninguém a aboliu, ou porque é que achamos que ela deve ser
mantida. As razões pelas quais achamos que a lei contra os touros de morte deve ou não ser mantida determina, de facto, qual será a nossa posição acerca da possibilidade de aceitarmos uma excepção. E o processo também se verifica no sentido inverso: a nossa posição acerca da possibilidade de aceitarmos uma excepção também determinará a nossa posição acerca da lei contra os touros de morte.
Neste caso, o PP parece achar que a lei deve ser mantida porque a prática das touradas de morte não se enquadra na tradição tauromáquica portuguesa (segundo este partido, deve apenas haver excepção para as zonas do país em que a tradição espanhola seja mais forte que a portuguesa). Se essa for mesmo a razão pela qual o PP acha que a lei deve ser mantida, então não faz sentido nenhum aceitar abrir uma excepção para as zonas em que haja práticas tauromáquicas com morte do touro, desde que sejam realizadas em Portugal. Até porque, na prática, se este Projecto-Lei popular passar, a decisão de autorizar ou não os touros de morte ficará a cargo das câmaras municipais, com critérios de base para avaliação das autorizações que serão muito flexíveis e que permitirão que a tradição tauromáquica espanhola (touradas de morte) se generalize por todo o país.
Uma outra razão de fundo para apoiar um regime de excepção para os Barranquenhos (e quem queira seguir-lhes o exemplo) parece ser a crença popular de que, em termos morais e legais, os touros (e, de um modo geral, todos os outros animais não-humanos) não passam de objectos e que fazê-los sofrer ou matá-los é a mesma coisa que dar um pontapé numa pedra. Mas, nesse caso, deixaria de haver qualquer motivação para apoiar uma lei geral que proibisse as touradas de morte, fosse onde fosse, independentemente dos motivos em causa. Como para o PP os touros não têm qualquer importância moral, a legalização ou proibição das touradas (com ou sem morte do touro) é apenas uma questão de conflito de tradições e não um problema ético. O PP só não vai directo ao assunto e propõe a abolição da lei porque, como mencionei no parágrafo anterior, quer atender à tradição tauromáquica portuguesa.
Mas a SEDA não acha que a lei contra os touros de morte deva ser mantida em nome da tradição tauromáquica portuguesa. A SEDA acha que a lei contra os touros de morte deve ser mantida precisamente porque os animais não são meros objectos que possamos usar a nosso bel-prazer, razão pela qual não podemos, igualmente, concordar que sejam abertas quaisquer excepções.
fonte:S.E.D.A.
Depois das lamentáveis declarações do Presidente da República em Barrancos, ironizando com o gravíssimo problema jurídico e ético que todos os anos se repete ilegal e imoralmente naquela vila, e advogando uma alteração à actual lei que proíbe as corridas de touros com morte dos animais na arena, também o Primeiro-Ministro resolveu remeter a decisão sobre os touros de morte em Portugal para o Parlamento.
O que é mais estranho, porém, é que, em Dezembro de 1999, foram chumbados pela Assembleia da República quatro projectos-lei que visavam permitir as touradas de morte em Barrancos (um deles, do Partido Popular, visava permitir as touradas de morte a nível nacional). Ora, se estamos em 2002 e ainda não passaram sequer três anos desta decisão, é de facto de estranhar que se volte a auscultar a Assembleia da República sobre este assunto, depois de esta se ter pronunciado sobre o mesmo há tão pouco tempo. Mais espantoso ainda é o facto da actual lei que proíbe as touradas de morte ter sido aprovada na Assembleia da República (e promulgada pelo Presidente da República) perto do Verão do ano 2000, ou seja, há cerca de dois anos. Logo, este debate já foi travado na Assembleia da República, por duas vezes, sendo que, de cada uma delas, resultou sempre uma decisão contrária à permissão de touradas de morte.
Só numa atitude de muita má-fé e de desprezo intencional pelos mais elementares princípios éticos - que são absolutamente desrespeitados pelas práticas tauromáquicas – é que alguém pode estar tão interessado em ver este problema novamente discutido na Assembleia da República, evidenciando de resto a sua parcialidade inaceitável. Fala-se, naturalmente, do Presidente da República.
A primeira coisa que devemos fazer quando alguém diz que é preciso que haja uma excepção a uma lei é perguntar porque foi essa lei inicialmente promulgada, ou porque é que ainda ninguém a aboliu, ou porque é que achamos que ela deve ser
mantida. As razões pelas quais achamos que a lei contra os touros de morte deve ou não ser mantida determina, de facto, qual será a nossa posição acerca da possibilidade de aceitarmos uma excepção. E o processo também se verifica no sentido inverso: a nossa posição acerca da possibilidade de aceitarmos uma excepção também determinará a nossa posição acerca da lei contra os touros de morte.
Neste caso, o PP parece achar que a lei deve ser mantida porque a prática das touradas de morte não se enquadra na tradição tauromáquica portuguesa (segundo este partido, deve apenas haver excepção para as zonas do país em que a tradição espanhola seja mais forte que a portuguesa). Se essa for mesmo a razão pela qual o PP acha que a lei deve ser mantida, então não faz sentido nenhum aceitar abrir uma excepção para as zonas em que haja práticas tauromáquicas com morte do touro, desde que sejam realizadas em Portugal. Até porque, na prática, se este Projecto-Lei popular passar, a decisão de autorizar ou não os touros de morte ficará a cargo das câmaras municipais, com critérios de base para avaliação das autorizações que serão muito flexíveis e que permitirão que a tradição tauromáquica espanhola (touradas de morte) se generalize por todo o país.
Uma outra razão de fundo para apoiar um regime de excepção para os Barranquenhos (e quem queira seguir-lhes o exemplo) parece ser a crença popular de que, em termos morais e legais, os touros (e, de um modo geral, todos os outros animais não-humanos) não passam de objectos e que fazê-los sofrer ou matá-los é a mesma coisa que dar um pontapé numa pedra. Mas, nesse caso, deixaria de haver qualquer motivação para apoiar uma lei geral que proibisse as touradas de morte, fosse onde fosse, independentemente dos motivos em causa. Como para o PP os touros não têm qualquer importância moral, a legalização ou proibição das touradas (com ou sem morte do touro) é apenas uma questão de conflito de tradições e não um problema ético. O PP só não vai directo ao assunto e propõe a abolição da lei porque, como mencionei no parágrafo anterior, quer atender à tradição tauromáquica portuguesa.
Mas a SEDA não acha que a lei contra os touros de morte deva ser mantida em nome da tradição tauromáquica portuguesa. A SEDA acha que a lei contra os touros de morte deve ser mantida precisamente porque os animais não são meros objectos que possamos usar a nosso bel-prazer, razão pela qual não podemos, igualmente, concordar que sejam abertas quaisquer excepções.
fonte:S.E.D.A.
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retirado da internet:
"Na minha aldeia, por ocasião da festa religiosa anual, realizavam-se jogos populares. Um desses divertimentos, era o “jogo do galo”. Um concorrente, depois de pagar a inscrição, de olhos vendados, avançava com um pau nas mãos e, julgando estar no sítio certo, dava uma paulada no chão tentando acertar na cabeça do galo, que estava enterrado. Unicamente tinha a cabeça de fora. O prémio era o próprio animal e uma salva de palmas do público, que se ia divertindo com o espectáculo. Era a tradição. Eu participei nela. Depois, em vez do animal, colocaram um ovo. Actualmente, a tradição acabou. Se ela perdurasse, confesso que já não participaria nessa tradição.
A história regista hecatombes. Alguns povos já fizeram sacrifícios humanos: imolaram jovens (virgens) em honra dos deuses; na Grécia, havia o sacrificar de cem bois; o povo israelita fazia oblação de animais, no Templo; os homens lutavam com os animais, nos circos romanos. Também, os homens lutavam com homens até à morte (gladiadores)...
Não entendo o “espectáculo” do boxe. Há sangue, há violência (bem paga). O bicho homem é bem esquisito. Por dinheiro faz quase tudo. A verdade é que “gostamos” da violência e do “sangue”. Se o espectáculo, “ o filme”, não tiver acção, o povo adormece e não gosta. Ou descemos baixo, explorando a “nossa animalidade” ou apresentamos os valores e ideais humanos.
Será que os fins justificam os meios? Haverá sempre gregos e troianos. Haverá sempre quem seja a favor e quem seja contra. Porém , no agir humano ( na boa moral), os fins não justificam os meios. Um fim bom,, justo, lícito, não pode ser conseguido através de meios ilícitos. O divertimento (em si) é bom, mas nem todos os espectáculos são bons. Alguém defende hoje a luta de gladiadores? Algumas pessoas continuam a defender a luta de cães. Treinam cães para o combate. Eles mordem, ferem o “cão inimigo”, por vezes, até à morte. E, o que está em jogo é o dinheiro. São as apostas. É um espectáculo moralmente lícito? A lei deve permitir ou penalizar? Todas as leis devem estar ao serviço do Bem, do bom, da Justiça, da Verdade, dos direitos humanos.
A sociedade portuguesa é demasiado permissiva. (as crianças bebem álcool; os jovens bebem e fumam; muitas mulheres fumam durante a gravidez; os condutores não cumprem as regras de trânsito... as taxas de alcoolismo, sida, toxicodependência... falam bem alto). Haja liberdade, mas com responsabilidade. É preciso rever certas tradições. Todas as tradições são mutáveis. Toda a cultura se fez cultura. Não nasceu assim. O pensamento e ciência evoluíram. A humanidade deu e dará passos rumo ao humanismo mais puro. Não gostaria de ser um sacerdote, que estivesse no Templo a oferecer sacrifícios de animais à divindade. (esse tempo passou)
Quando um governo faz uma lei, essa lei é para todos. Barrancos é um país ou parte de um país?
Os animais são nossos amigos e todos queremos ser amigos dos animais. Na amizade verdadeira não há violência, nem morte. Nos espectáculos, nos divertimentos, nos jogos, não pode haver violência, nem morte, dos intervenientes.
Davide Gonçalves, padre (Leiria) "
"Na minha aldeia, por ocasião da festa religiosa anual, realizavam-se jogos populares. Um desses divertimentos, era o “jogo do galo”. Um concorrente, depois de pagar a inscrição, de olhos vendados, avançava com um pau nas mãos e, julgando estar no sítio certo, dava uma paulada no chão tentando acertar na cabeça do galo, que estava enterrado. Unicamente tinha a cabeça de fora. O prémio era o próprio animal e uma salva de palmas do público, que se ia divertindo com o espectáculo. Era a tradição. Eu participei nela. Depois, em vez do animal, colocaram um ovo. Actualmente, a tradição acabou. Se ela perdurasse, confesso que já não participaria nessa tradição.
A história regista hecatombes. Alguns povos já fizeram sacrifícios humanos: imolaram jovens (virgens) em honra dos deuses; na Grécia, havia o sacrificar de cem bois; o povo israelita fazia oblação de animais, no Templo; os homens lutavam com os animais, nos circos romanos. Também, os homens lutavam com homens até à morte (gladiadores)...
Não entendo o “espectáculo” do boxe. Há sangue, há violência (bem paga). O bicho homem é bem esquisito. Por dinheiro faz quase tudo. A verdade é que “gostamos” da violência e do “sangue”. Se o espectáculo, “ o filme”, não tiver acção, o povo adormece e não gosta. Ou descemos baixo, explorando a “nossa animalidade” ou apresentamos os valores e ideais humanos.
Será que os fins justificam os meios? Haverá sempre gregos e troianos. Haverá sempre quem seja a favor e quem seja contra. Porém , no agir humano ( na boa moral), os fins não justificam os meios. Um fim bom,, justo, lícito, não pode ser conseguido através de meios ilícitos. O divertimento (em si) é bom, mas nem todos os espectáculos são bons. Alguém defende hoje a luta de gladiadores? Algumas pessoas continuam a defender a luta de cães. Treinam cães para o combate. Eles mordem, ferem o “cão inimigo”, por vezes, até à morte. E, o que está em jogo é o dinheiro. São as apostas. É um espectáculo moralmente lícito? A lei deve permitir ou penalizar? Todas as leis devem estar ao serviço do Bem, do bom, da Justiça, da Verdade, dos direitos humanos.
A sociedade portuguesa é demasiado permissiva. (as crianças bebem álcool; os jovens bebem e fumam; muitas mulheres fumam durante a gravidez; os condutores não cumprem as regras de trânsito... as taxas de alcoolismo, sida, toxicodependência... falam bem alto). Haja liberdade, mas com responsabilidade. É preciso rever certas tradições. Todas as tradições são mutáveis. Toda a cultura se fez cultura. Não nasceu assim. O pensamento e ciência evoluíram. A humanidade deu e dará passos rumo ao humanismo mais puro. Não gostaria de ser um sacerdote, que estivesse no Templo a oferecer sacrifícios de animais à divindade. (esse tempo passou)
Quando um governo faz uma lei, essa lei é para todos. Barrancos é um país ou parte de um país?
Os animais são nossos amigos e todos queremos ser amigos dos animais. Na amizade verdadeira não há violência, nem morte. Nos espectáculos, nos divertimentos, nos jogos, não pode haver violência, nem morte, dos intervenientes.
Davide Gonçalves, padre (Leiria) "
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Touros de Morte em Barrancos: Os Argumentos da Polémica
Por ÁLVARO NUNES E JÚLIO SAMEIRO
Domingo, 7 de Julho de 2002
Durante a recente presidência aberta no Alentejo, o senhor Presidente da República expressou a opinião de que era necessário dar um enquadramento legal claro e definitivo à tradição das festas de Barrancos, o que trouxe, uma vez mais, a questão da morte de touros nas festas de Barrancos para a ordem do dia. Na sequência disto, vários políticos de diferentes quadrantes expressaram opiniões idênticas e o CDS/PP avançou com um projecto-lei à Assembleia da República, que visa permitir autorizações excepcionais nos casos em que se verifique "a existência de uma tradição local histórica e ininterrupta".
A intervenção do senhor Presidente da República teve o mérito de fomentar novamente a discussão desta questão, o que é tanto mais necessário quanto é verdade que, até ao momento, o seu tratamento tem sido substancialmente incorrecto. Contudo, o senhor Presidente e a maioria dos políticos que já se pronunciaram reduziram-na a um problema legal e jurídico, ignorando ou dando tacitamente por resolvido o problema moral que está na sua base e sem o qual o problema legal não faz sentido.
O problema moral
O problema de fundo em relação às festas de Barrancos é o de saber se o sofrimento e a morte de touros numa arena com o fim de satisfazer objectivos lúdicos pode ser moralmente justificado. A análise dos argumentos seguintes mostrará que não há justificação moral e, nestas circunstâncias, o sofrimento dos animais é gratuito e inaceitável.
Talvez seja por isto que os defensores da morte de touros nas festas de Barrancos evitam discutir a questão no campo da moral e apresentam a tradição como principal razão para a sua prática. Mas não é apenas a tradição que é visada pela lei actualmente em vigor. Se fosse, a lei não faria sentido. Pelo contrário, o seu objectivo é dar expressão legal a um princípio moral e, na ausência de qualquer razão válida para recusar este princípio, não há nenhuma razão para pôr de lado, mesmo que apenas num caso, a lei que lhe dá corpo.
Vejamos alguns dos principais argumentos usados pelos defensores da morte dos touros.
O argumento da tradição
O "argumento da tradição" consiste em defender as festas de Barrancos por serem uma tradição. Quem utiliza este argumento parece acreditar que o simples facto de estas festas constituírem uma tradição lhes confere um valor que por si só justifica a sua existência. Ora, se isto fosse verdade, sê-lo-ia não só para as festas de Barrancos mas para todas as tradições. Mesmo actos moralmente inaceitáveis teriam de ser tolerados por constituírem uma tradição. Claro que não estamos dispostos a aceitar tradições más e, por consequência, não basta que algo seja uma tradição para que seja mantido. Assim, o facto de serem uma tradição, por si só, não justifica as festas de Barrancos.
É certo que o povo de Barrancos tem um grande apreço pela sua festa e que boa parte desse apreço vem do facto de ela ser uma tradição sua. Mas, como vimos, o simples facto de uma prática ser tradicional não basta para a tornar aceitável. É preciso interrogarmo-nos se as festas de Barrancos são uma tradição boa ou, quanto muito, moralmente neutra. Isto torna claro o seguinte: é irrelevante se as festas de Barrancos são ou não uma tradição; o que importa saber é se é moralmente correcto provocar o sofrimento de animais para prazer dos seres humanos. Se se considerar que sim, nada distinguirá os espectáculos com touros de morte das lutas de galos e de cães e não existirá nenhuma razão para que estas últimas não sejam legalizadas.
O argumento dos direitos
Outro argumento muito usado em defesa das touradas de morte é o de que, como os animais não têm deveres, não têm direitos. Mas, os recém-nascidos e os deficientes mentais profundos, por exemplo, também não têm deveres. Será que, por esse motivo, não têm direitos? É claro que têm. Portanto, pode-se ter direitos sem deveres e não se vê por que razão isto não é também verdade para alguns animais.
Muitos defensores da morte de touros nas festas de Barrancos baseiam-se na Bíblia para rejeitar os direitos dos animais. O "argumento bíblico" consiste em afirmar que os animais foram criados para o homem. Antes de mais, este argumento só pode ser aceite por quem interprete literalmente a Bíblia. Para muita gente, portanto, o argumento é ineficaz. Por exemplo, uma leitura literal do livro do Génesis poria a mulher sob o domínio masculino tanto quanto o estão hoje os animais sob o domínio dos homens. Houve tempos em que as coisas eram assim, mas com certeza que ninguém os quer reeditar.
Além disso, a teoria da evolução das espécies, ao fazer dos animais actualmente existentes o resultado da selecção natural, torna a ideia de que foram criados para o homem ainda menos provável.
Há, contudo, algo que pode convencer mesmo os mais cépticos da inutilidade do "argumento bíblico". Referimo-nos à existência de vários documentos da hierarquia da Igreja (incluindo uma bula papal), que condenam explicitamente as touradas. Se a Bíblia justifica o tratamento dado nas touradas aos animais, como se explica a existência destes documentos?
O argumento da coerência
Frequentemente acusa-se as pessoas que se opõem à morte de touros em espectáculos públicos de incoerência. São contra as touradas, mas participam na exploração dos animais ao usá-los na sua alimentação. A objecção contém ainda uma sugestão: os defensores dos animais, para serem coerentes, devem ser vegetarianos. O vegetarianismo é, aos seus olhos, tão estranho que acreditam ter assim mostrado o ridículo da posição oposta. Mas não é necessário ser vegetariano para ser contra os espectáculos com touros de morte. Basta lembrar que nesses espectáculos os touros não são usados para satisfazer nenhuma necessidade básica, mas para o divertimento e prazer que podem ser obtidos de muitas outras formas. Assim, quer a objecção quer a sugestão são deslocadas.
Conclusão
O que aqui escrevemos não resolve definitivamente a questão. Mas mostra que ela deve ser resolvida por intermédio de uma argumentação rigorosa (algo que muitas pessoas parecem ignorar); que alguns dos principais argumentos usados pelos defensores dos touros de morte são maus; e que os seus críticos têm alguma probabilidade de estar certos. Esta probabilidade é razão suficiente para que a nossa atitude em relação aos animais não humanos sofra uma alteração radical.
É, por isso, lamentável que o senhor Presidente da República e a classe política em geral se preparem agora para dar enquadramento legal a um procedimento para o qual não apresentam nenhum fundamento e que tudo leva a crer ser moralmente inaceitável.
Centro de Ética Aplicada da Sociedade Portuguesa de Filosofia
Por ÁLVARO NUNES E JÚLIO SAMEIRO
Domingo, 7 de Julho de 2002
Durante a recente presidência aberta no Alentejo, o senhor Presidente da República expressou a opinião de que era necessário dar um enquadramento legal claro e definitivo à tradição das festas de Barrancos, o que trouxe, uma vez mais, a questão da morte de touros nas festas de Barrancos para a ordem do dia. Na sequência disto, vários políticos de diferentes quadrantes expressaram opiniões idênticas e o CDS/PP avançou com um projecto-lei à Assembleia da República, que visa permitir autorizações excepcionais nos casos em que se verifique "a existência de uma tradição local histórica e ininterrupta".
A intervenção do senhor Presidente da República teve o mérito de fomentar novamente a discussão desta questão, o que é tanto mais necessário quanto é verdade que, até ao momento, o seu tratamento tem sido substancialmente incorrecto. Contudo, o senhor Presidente e a maioria dos políticos que já se pronunciaram reduziram-na a um problema legal e jurídico, ignorando ou dando tacitamente por resolvido o problema moral que está na sua base e sem o qual o problema legal não faz sentido.
O problema moral
O problema de fundo em relação às festas de Barrancos é o de saber se o sofrimento e a morte de touros numa arena com o fim de satisfazer objectivos lúdicos pode ser moralmente justificado. A análise dos argumentos seguintes mostrará que não há justificação moral e, nestas circunstâncias, o sofrimento dos animais é gratuito e inaceitável.
Talvez seja por isto que os defensores da morte de touros nas festas de Barrancos evitam discutir a questão no campo da moral e apresentam a tradição como principal razão para a sua prática. Mas não é apenas a tradição que é visada pela lei actualmente em vigor. Se fosse, a lei não faria sentido. Pelo contrário, o seu objectivo é dar expressão legal a um princípio moral e, na ausência de qualquer razão válida para recusar este princípio, não há nenhuma razão para pôr de lado, mesmo que apenas num caso, a lei que lhe dá corpo.
Vejamos alguns dos principais argumentos usados pelos defensores da morte dos touros.
O argumento da tradição
O "argumento da tradição" consiste em defender as festas de Barrancos por serem uma tradição. Quem utiliza este argumento parece acreditar que o simples facto de estas festas constituírem uma tradição lhes confere um valor que por si só justifica a sua existência. Ora, se isto fosse verdade, sê-lo-ia não só para as festas de Barrancos mas para todas as tradições. Mesmo actos moralmente inaceitáveis teriam de ser tolerados por constituírem uma tradição. Claro que não estamos dispostos a aceitar tradições más e, por consequência, não basta que algo seja uma tradição para que seja mantido. Assim, o facto de serem uma tradição, por si só, não justifica as festas de Barrancos.
É certo que o povo de Barrancos tem um grande apreço pela sua festa e que boa parte desse apreço vem do facto de ela ser uma tradição sua. Mas, como vimos, o simples facto de uma prática ser tradicional não basta para a tornar aceitável. É preciso interrogarmo-nos se as festas de Barrancos são uma tradição boa ou, quanto muito, moralmente neutra. Isto torna claro o seguinte: é irrelevante se as festas de Barrancos são ou não uma tradição; o que importa saber é se é moralmente correcto provocar o sofrimento de animais para prazer dos seres humanos. Se se considerar que sim, nada distinguirá os espectáculos com touros de morte das lutas de galos e de cães e não existirá nenhuma razão para que estas últimas não sejam legalizadas.
O argumento dos direitos
Outro argumento muito usado em defesa das touradas de morte é o de que, como os animais não têm deveres, não têm direitos. Mas, os recém-nascidos e os deficientes mentais profundos, por exemplo, também não têm deveres. Será que, por esse motivo, não têm direitos? É claro que têm. Portanto, pode-se ter direitos sem deveres e não se vê por que razão isto não é também verdade para alguns animais.
Muitos defensores da morte de touros nas festas de Barrancos baseiam-se na Bíblia para rejeitar os direitos dos animais. O "argumento bíblico" consiste em afirmar que os animais foram criados para o homem. Antes de mais, este argumento só pode ser aceite por quem interprete literalmente a Bíblia. Para muita gente, portanto, o argumento é ineficaz. Por exemplo, uma leitura literal do livro do Génesis poria a mulher sob o domínio masculino tanto quanto o estão hoje os animais sob o domínio dos homens. Houve tempos em que as coisas eram assim, mas com certeza que ninguém os quer reeditar.
Além disso, a teoria da evolução das espécies, ao fazer dos animais actualmente existentes o resultado da selecção natural, torna a ideia de que foram criados para o homem ainda menos provável.
Há, contudo, algo que pode convencer mesmo os mais cépticos da inutilidade do "argumento bíblico". Referimo-nos à existência de vários documentos da hierarquia da Igreja (incluindo uma bula papal), que condenam explicitamente as touradas. Se a Bíblia justifica o tratamento dado nas touradas aos animais, como se explica a existência destes documentos?
O argumento da coerência
Frequentemente acusa-se as pessoas que se opõem à morte de touros em espectáculos públicos de incoerência. São contra as touradas, mas participam na exploração dos animais ao usá-los na sua alimentação. A objecção contém ainda uma sugestão: os defensores dos animais, para serem coerentes, devem ser vegetarianos. O vegetarianismo é, aos seus olhos, tão estranho que acreditam ter assim mostrado o ridículo da posição oposta. Mas não é necessário ser vegetariano para ser contra os espectáculos com touros de morte. Basta lembrar que nesses espectáculos os touros não são usados para satisfazer nenhuma necessidade básica, mas para o divertimento e prazer que podem ser obtidos de muitas outras formas. Assim, quer a objecção quer a sugestão são deslocadas.
Conclusão
O que aqui escrevemos não resolve definitivamente a questão. Mas mostra que ela deve ser resolvida por intermédio de uma argumentação rigorosa (algo que muitas pessoas parecem ignorar); que alguns dos principais argumentos usados pelos defensores dos touros de morte são maus; e que os seus críticos têm alguma probabilidade de estar certos. Esta probabilidade é razão suficiente para que a nossa atitude em relação aos animais não humanos sofra uma alteração radical.
É, por isso, lamentável que o senhor Presidente da República e a classe política em geral se preparem agora para dar enquadramento legal a um procedimento para o qual não apresentam nenhum fundamento e que tudo leva a crer ser moralmente inaceitável.
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Comunicado à Comunicação Social
A posição da União Budista Portuguesa sobre a questão das
Touradas de
Morte
em Portugal
A União Budista Portuguesa, na qualidade de representante oficial
do Budismo em Portugal, vem por este meio tornar pública a sua posição
sobre a questão das touradas de morte em Portugal, no momento em que
a discussão e votação do projecto-lei do CDS/PP, que visa legalizar
as touradas de morte no nosso país, foi agendada para o dia 11/07
(5.ª feira). De acordo com os Ensinamentos do Senhor Buda Shakyamuni,
e mesmo, muito simplesmente, de acordo com os mais elementares
imperativos éticos e da sensibilidade,os budistas repudiam todo o
acto que consista em fazer sofrer e tirar a vida a um qualquer ser
sensível, tanto mais quando é voluntário, premeditado e cometido com
prazer por quem o pratica e para prazer de quem a ele assiste.
Considerando que todos os seres sensíveis, pelo simples facto de
existirem e de, cada um a seu modo, procurar o bem-estar e evitar o
sofrimento, são próximos parentes, os budistas consideram fruto de um
antropocentrismo, de uma ignorância e de uma falta de sensibilidade e
compaixão grosseiros o facto de os seres humanos considerarem
aceitável que um animal sofra aquilo que lhes repugnaria caso de um
homem se tratasse. Além de, por isto, ser inaceitável o sofrimento
dos animais, deve advertir-se que, de acordo com as leis da
causalidade kármica, todo aquele que faça sofrer e que tire a
vida a um ser sensível, bem como todo aquele que colha prazer em
colaborar nisso, em assistir a isso, ou simplesmente em saber da
existência disso, está a criar as condições para colher, mais tarde
ou mais cedo, os efeitos destas acções, ou seja, vir a experimentar
uma forma de sofrimento equivalente àquela que provocou, para a qual
colaborou e da qual tirou prazer. Segundo o Buda, a morte, as
doenças, as agressões e a diminuição do tempo de vida são
as consequências naturais de fazer sofrer fisicamente, de matar ou
de se congratular por tais actos.
Por estes motivos, a União Budista Portuguesa não só se posiciona
contra a legalização das touradas de morte em Portugal mas,
igualmente, contra as touradas em geral e contra todas as formas de
sofrimento imposto. Mas que fique bem claro que, pela sua própria
abrangência, esta posição não se dirige apenas ou particularmente
contra os defensores das touradas ou das touradas de morte, como por
exemplo o povo de Barrancos. Demarcando-nos de todo o moralismo e
maniqueísmo, que a este respeito, e hipocritamente, queira dividir a
sociedade portuguesa em bons e maus, ***não é apenas a tradição
tauromáquica que questionamos, mas toda a tradição de todos
os nossos hábitos, automatismos e tendências irracionais que nos
impedem de ver num animal um semelhante, fazendo com que permaneçamos
assim insensíveis ao seu sofrimento***, persistindo, por exemplo,
indiferentes à crueldade com que são criados e tratados, bem como em
hábitos alimentares nocivos, para nós e para os outros.
Para bem dos animais, mas não só, para bem de todos nós, seres
sensíveis, para que individual e colectivamente não criemos as
condições para o nosso próprio obscurecimento e sofrimento, a União
Budista Portuguesa apela assim a todos os deputados para que não seja
aprovado o projecto de lei que implica um sério retrocesso
espiritual, ético, moral e legislativo relativamente ao Estado Novo.
Apelamos também a todos os budistas e pessoas inteligentes e
sensíveis, de bom coração, para que apoiem a Vigília
permanente que decorre desde o dia 29 de Junho em frente à
Assembleia da República e que compareçam na Manifestação para aí
marcada no próximo dia 11 (5ª feira), das 9 às 15 horas, por várias
associações de defesa dos animais, nomeadamente a SEDA (Sociedade
Ética para a Defesa dos Animais).
Portugal, a primeira nação no mundo a abolir a pena de morte, a
nação que se indignou e fez com que o mundo se indignasse com o
genocídio do povo timorense, a nação que recebeu entusiasticamente, o
ano passado, Sua Santidade o Dalai Lama, não pode permitir que a
mancha da legalização de um espectáculo em tudo semelhante ao circo
romano caia agora na consciência ética de todos nós. É tempo de nos
mobilizarmos e de nos entusiasmarmos com outras causas, mais elevadas
do que o futebol. Causas onde se joga não a vaidade colectiva, mas o
nosso progresso mental e ético...
Pela Direcção da União Budista Portuguesa,
O Vice-Presidente,
Paulo Borges
[email protected]
A posição da União Budista Portuguesa sobre a questão das
Touradas de
Morte
em Portugal
A União Budista Portuguesa, na qualidade de representante oficial
do Budismo em Portugal, vem por este meio tornar pública a sua posição
sobre a questão das touradas de morte em Portugal, no momento em que
a discussão e votação do projecto-lei do CDS/PP, que visa legalizar
as touradas de morte no nosso país, foi agendada para o dia 11/07
(5.ª feira). De acordo com os Ensinamentos do Senhor Buda Shakyamuni,
e mesmo, muito simplesmente, de acordo com os mais elementares
imperativos éticos e da sensibilidade,os budistas repudiam todo o
acto que consista em fazer sofrer e tirar a vida a um qualquer ser
sensível, tanto mais quando é voluntário, premeditado e cometido com
prazer por quem o pratica e para prazer de quem a ele assiste.
Considerando que todos os seres sensíveis, pelo simples facto de
existirem e de, cada um a seu modo, procurar o bem-estar e evitar o
sofrimento, são próximos parentes, os budistas consideram fruto de um
antropocentrismo, de uma ignorância e de uma falta de sensibilidade e
compaixão grosseiros o facto de os seres humanos considerarem
aceitável que um animal sofra aquilo que lhes repugnaria caso de um
homem se tratasse. Além de, por isto, ser inaceitável o sofrimento
dos animais, deve advertir-se que, de acordo com as leis da
causalidade kármica, todo aquele que faça sofrer e que tire a
vida a um ser sensível, bem como todo aquele que colha prazer em
colaborar nisso, em assistir a isso, ou simplesmente em saber da
existência disso, está a criar as condições para colher, mais tarde
ou mais cedo, os efeitos destas acções, ou seja, vir a experimentar
uma forma de sofrimento equivalente àquela que provocou, para a qual
colaborou e da qual tirou prazer. Segundo o Buda, a morte, as
doenças, as agressões e a diminuição do tempo de vida são
as consequências naturais de fazer sofrer fisicamente, de matar ou
de se congratular por tais actos.
Por estes motivos, a União Budista Portuguesa não só se posiciona
contra a legalização das touradas de morte em Portugal mas,
igualmente, contra as touradas em geral e contra todas as formas de
sofrimento imposto. Mas que fique bem claro que, pela sua própria
abrangência, esta posição não se dirige apenas ou particularmente
contra os defensores das touradas ou das touradas de morte, como por
exemplo o povo de Barrancos. Demarcando-nos de todo o moralismo e
maniqueísmo, que a este respeito, e hipocritamente, queira dividir a
sociedade portuguesa em bons e maus, ***não é apenas a tradição
tauromáquica que questionamos, mas toda a tradição de todos
os nossos hábitos, automatismos e tendências irracionais que nos
impedem de ver num animal um semelhante, fazendo com que permaneçamos
assim insensíveis ao seu sofrimento***, persistindo, por exemplo,
indiferentes à crueldade com que são criados e tratados, bem como em
hábitos alimentares nocivos, para nós e para os outros.
Para bem dos animais, mas não só, para bem de todos nós, seres
sensíveis, para que individual e colectivamente não criemos as
condições para o nosso próprio obscurecimento e sofrimento, a União
Budista Portuguesa apela assim a todos os deputados para que não seja
aprovado o projecto de lei que implica um sério retrocesso
espiritual, ético, moral e legislativo relativamente ao Estado Novo.
Apelamos também a todos os budistas e pessoas inteligentes e
sensíveis, de bom coração, para que apoiem a Vigília
permanente que decorre desde o dia 29 de Junho em frente à
Assembleia da República e que compareçam na Manifestação para aí
marcada no próximo dia 11 (5ª feira), das 9 às 15 horas, por várias
associações de defesa dos animais, nomeadamente a SEDA (Sociedade
Ética para a Defesa dos Animais).
Portugal, a primeira nação no mundo a abolir a pena de morte, a
nação que se indignou e fez com que o mundo se indignasse com o
genocídio do povo timorense, a nação que recebeu entusiasticamente, o
ano passado, Sua Santidade o Dalai Lama, não pode permitir que a
mancha da legalização de um espectáculo em tudo semelhante ao circo
romano caia agora na consciência ética de todos nós. É tempo de nos
mobilizarmos e de nos entusiasmarmos com outras causas, mais elevadas
do que o futebol. Causas onde se joga não a vaidade colectiva, mas o
nosso progresso mental e ético...
Pela Direcção da União Budista Portuguesa,
O Vice-Presidente,
Paulo Borges
[email protected]