Pela experiência que tenho com a minha cadela e filha, que à data da vinda da Sabiah tinha 1 ano e meio, aconselho vivamente a adquirir, se adoptado, um cão calmo, dócil e que não tenha qualquer tipo de receio com crianças (daí indicar que se tente informar disso ANTES de adquirir o cão, há cães que até são muito dóceis mas, por alguma infelicidade na vida, reagem mal a crianças). Se adquirido em cachorro habituar AMBOS à companhia e educar AMBOS para se respeitarem.
Eu nunca, nunca, deixei a minha filha sozinha com a cadela, a Madalena em pequena não sabia muito bem, como é óbvio, o limite das coisas e tão bem estava a dar festas à Sabiah como de súbito desatava a arrepanhar-lhe os pêlos do lombo e a puxar pelos beiços... ora isso num cão nem sempre é tolerável... e aí eu ESTAVA LÁ para repreender a minha filha e para ter debaixo de olho a reacção da cadela e actuar de imediato caso ela não achasse piada ao "trato". Nunca tive problemas, ainda hoje continuo a fazer assim, a Madalena já vai com 3 anos, já não faz "maldades" à Sabiah e a Sabiah vive para a sua dona mais pequena, mas nunca fiando, estamos a lidar com 2 seres totalmente imprevisíveis... Também habituei a cadela a respeitar a minha filha em situações limite, tal como a Madalena poder mexer na comida da Sabiah, brincar com as bolas dela e deitar-se na transportadora com a cadela. No fundo, ensinei-a a não ser territorial com a menina, para não acontecer nenhum azar.
Quanto à reacção instintiva da cadela para com a miúda posso dizer que ela nem que viesse a correr a 100km/h mal se apercebia da Madalena no caminho travava da melhor maneira que podia e tentava desviar-se... sempre foi estouvada mas com a menina nunca teve outra forma de ser senão a de "cão-galinha"
Quanto às outras crianças, a Sabiah tem medo... e tem medo porque infelizmente as pessoas não sabem ser normais face a um animal... ela quando começou a ir à rua, com cerca de 4 meses, apanhava sempre miúdos (e pais, para piorar a coisa), que quando viam a CACHORRA, COM TRELA, A CAMINHAR CALMAMENTE A MEU LADO, gritavam desalmadamente "ai vem aí um cão mau!!!" e "socorro!"... se era por medo genuíno ou por gozo, não sei... sei que a cadela se pudesse trepava por mim acima, enfiava-se no meio das minhas pernas toda a tremer, e se por acaso eu informava os miúdos que ela não era má, não ia DE CERTEZA chegar-se sequer a menos de 10 metros deles (eu também não queria, verdade seja dita) lá vinham os pais ainda fazer mais estardalhaço... Resultado: hoje em dia qualquer criança que se abeire da Sabiah deixa-a hirta, mal respira, e se insiste em fazer-lhe festas elacomeça a recuar e chega abocanhar se estiver encurralada. Um cão com medo é bem pior que um cão agressivo, mas tenho tido bons resultados com esforço e paciencia e, neste momento, posso afirmar que a Sabiah já tolera presença de crianças, desde que silenciosas, a fazerem festas apenas no lombo... e comigo por perto!
Um aparte:
Optei nessa altura, dado o histerismo do pessoal, por começar a fazer o que ainda faço hoje, à semelhança de pessoas que também vivem nesta mesma zona e que são donos de cães de raça rottweiller, boxer, pastor alemão, rhodesian ridgeback, pitt bull... pode ser curioso mas eu, se não saísse de casa com a minha cadela todas as NOITES, a partir das 22h, não os conhecia, porque nós passeamos os nossos cães na calada da noite... já houve quem me tenha perguntado se a minha cadela morreu... de certa forma, sim, pelo menos morreu para os traseuntes do meu bairro, só quando eles estão enfiadinhos nas suas casas a ver telenovelas e o futebol é que nós vivemos...