Concordo com o que disse. No entanto, existem pessoas que não concordam com castigos de nenhuma forma, mesmo que sejam castigos como time outs, ou até o simples uso de uma palavra que marca um comportamento errado (ou seja, que nunca dizem ao cão quando é que ele está a errar). Talvez porque acham que esses métodos, mesmo que sejam mais suaves, continuam a ser aversivos, embora eu acho que sem castigos de nenhuma forma possa tornar a tarefa muito difícil.lds6 Escreveu:Nunca vi ninguém que defendesse ou dissesse isso. Mesmo. Se os há, esses são os que estão mais errados de todos. Porquê? Vejamos.O problema é que existem pessoas que são mesmo puro positivos, no sentido de que nem aprovam castigos como time-out ou outros, ou até palavras para marcar comportamentos errados.
Quer as pessoas queiram, quer não; quer o tenham presente ou não, um cão aprende praticamente tudo por reforço. De que forma?
Um cão age, e só depois "aprende", consoante o feedback que tiver. Se for reforçado nessa acção, ele aprende a fazê-la com mais frequência; se não obtiver reforço, o comportamento tenderá a não se repetir. Primeiro engano de muita gente (de um e de outro lado da barricada): pensa-se por aí que os reforços vêm sempre do dono/treinador. Mas é óbvio que não. Um cão que foge do dono para ir comer um pão na rua e come, efectivamente, esse cão foi reforçado por esse comportamento, pelo que isso tenderá a volta a repetir-se. Se o dono/treinador não usar formas de evitar o mau comportamento, o cão vai sentir-se reforçado por esse mau comportamento. Daí que quem diga não usar qualquer forma de castigo ou de corte de acção, ou não é verdade, ou então não vai ter sucesso, de todo!
De qualquer modo, é muito mais efectivo evitar o comportamento, por antecipação, do que castigá-lo posteriormente.
Quando mencionei que métodos positivos e aversivos não são mutuamente exclusivos, queria dizer numa forma mais geral, ou seja, uma pessoa pode incorporar ambos os métodos na forma como treina cães (como o exemplo de zeca2). São métodos que pertencem a quadrantes diferentes, e por aí podemos dizer que são mutuamente exclusivos, no entanto, acho que podemos usar métodos de quadrantes diferentes numa mesma situação.lds6 Escreveu:É aqui que vejo os problemas.Penso que os métodos positivos e aversivos não são mutuamente exclusivos, pois podemos reinforçar comportamentos que queremos e corrigir comportamentos que não sejam aceitáveis.
Disse acima que um método positivo não é, em rigor, "puramente positivo". Do mesmo modo, aquilo a que possamos chamar "método aversivo" também não é "puramente aversivo", porque utiliza reforços. Portanto, eu acho muito falível a simples ideia de que deveremos ir beber dos dois métodos só porque queremos usar reforços e castigos. E porquê? Porque quer um método quer outro usam castigos e reforços.
Portanto: essa não é a questão. a questão é escolher que tipo de "bissectriz" é que se escolhe: se a bissectriz dos quadrantes pares (castigo positivo e reforço negativo) ou a bissectriz dos quadrantes ímpares (reforço positivo e castigo negativo). É por isso que ambos os métodos são mutuamente exclusivos.
Agora, poder-me-á dizer que pode usar numas vezes o reforço positivo, e noutras o castigo negativo. De facto pode. O que não pode é fazê-lo ao mesmo tempo, na mesma situação. Justamente porque se excluem mutuamente.
Por exemplo, imagine que temos um cão A que é reactivo/agressivo para com outros cães. Utilizamos um cão B que é calmo e amigável para fazermos aproximação gradual. Escolhemos um espaço onde A adora estar, com B já no espaço. Quando A entra, vê B ao longe e começa a reagir. Como castigo, saimos com ele do espaço (castigo por retirar a liberdade). Ao fim de poucas repetições, A percebeu que quando reage, perde o acesso ao espaço que tanto quer. Quando A ignora B, é premiado com brincadeiras e guloseimas (reforço positivo), e se alguma vez reagir, é castigado de novo (castigo negativo).
Outra forma de fazer esse treino seria usar castigo positivo em vez de castigo negativo, em que é dado um esticão; e quando A não reage, é premiado pelo comportamento (ignorar o cão).
Assim, em certas situações, usamos reforços e castigos alternadamente.
Penso que certos castigos, como o time out, pode ser ligeiramente aversivo. O time out funciona por retirar a liberdade, e isso pode ser ligeiramente aversivo e o cão tenta evitar esse castigo depois.lds6 Escreveu:Também não concordo. Um castigo no treino positivo nunca é aversivo. Todo o castigo aversivo é "castigo positivo", justamente porque se "impõe". Quando se fala em castigo ou reforço positivo quer dizer que esse castigo/reforço toma o pólo positivo, ou seja, ele é activo, impõe-se, é a estratégia principal usada para ensinar. O outro pólo, o negativo, (seja castigo ou reforço) é mais "passivo", tem qualquer coisa de ausência (reforço negativo é a ausência de castigo; castigo negativo é a tentativa de se "negar" um reforço indesejável").Mas já que estamos a falar de definições, penso que na verdade até seria mais correcto usarmos o termo "castigo positivo" em vez de "métodos aversivos", pois na verdade, os castigos negativos utilizados no treino positivo podem também ser aversivos, embora de forma mais suave e não frontal.
Logo, um castigo aversivo é sempre, sempre um castigo positivo; logo, não encaixa no método do reforço positivo.