Criadores de vão de escada
Moderador: mcerqueira
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Conheci um fulano que aproveitava os cios de uma cadela pastor alemão que tinha para arranjar uns cachorros que depois vendia. Não sei se se pode considerar um criador de vão de escada porque não o fazia de uma maneira regular. Quando calhava lá soltava a cadela com cio junto ao cão de um familiar meu, para grande gáudio do cão e da cadela, e toca a vender os filhotes aos vizinhos. Como é uma zona de vivendas, muito daquele pessoal passou a ter um pastor alemão como cão de guarda.
Quanto à última pergunta, é a chamada pergunta premiada, e você sabe isso perfeitamente, mas se é uma troca de opiniões que pretende, OK.
As únicas maneiras de terminar com qualquer actividade serão ou desrentabilizá-la, ou proibi-la. Esta última está fora de questão, porque neste país nunca se proíbe nada e quando se proíbe não só ninguém cumpre como funciona como incentivo.
Resta a primeira - desrentabilizar a actividade. Duas maneiras possíveis me ocorrem - a) a consciencialização das pessoas para os cães que estão a comprar e os perigos que podem correr de modo a que de moto próprio elas deixem de adquirir um mau "produto", b) um abaixamento dos preços por parte dos criadores, de modo a combater os dos BYB.
Esta última (apesar de tudo, de eficácia duvidosa) como muita boa gente tem defendido aqui, está fora de questão pois toda a gente sabe que os cães de um criador consciente saem caros (pronto, custam muito dinheiro...), e não pode baixar o nível dos preços para competir com os fulanos que vendem cães que não "prestam", ao desbarato...
Resta então a consciencialização - primeiro problema, para haver isso, terá de haver consciências e meu caro amigo, neste país é um bem muito, muito raro.
E o nosso amigo John Smith ou Zé dos Anzóis quer um cão porque dá "ficha" ou "sainete", ou o vizinho tem um , ou ainda porque quer inferiorizar alguém conhecido e mais aquelas coisas todas que a gente sabe e nos confere um honroso lugar nas estatísticas dos desastres automóveis, e como é chico esperto, para quê dar 1000 se arranja uma pechincha por 500 e "é garantido tão bom como os outros e os gajos querem é chular a malta"?
E isso do LOP é alguma coisa que eles dão aos cães a comer, mas o meu não precisa, que isso é só para enganar a malta, mas a mim... etc. Além disso, não ando nessa mariquice das exposições (já ouvi esta...).
Portanto, não resta nada, o problema é insolúvel, não há nenhuma maneira de o fazer.
Não sou eu que sou pessimista, e gente é mesmo assim!!! (e não só nós, pelo que sei, BYB não é uma expressão portuguesa)
A solução para o problema é filosófica, e esse homem novo já se tentou de várias maneiras sem qualquer resultado que se veja...
Cumprimentos Vasco
JoseLuis
Quanto à última pergunta, é a chamada pergunta premiada, e você sabe isso perfeitamente, mas se é uma troca de opiniões que pretende, OK.
As únicas maneiras de terminar com qualquer actividade serão ou desrentabilizá-la, ou proibi-la. Esta última está fora de questão, porque neste país nunca se proíbe nada e quando se proíbe não só ninguém cumpre como funciona como incentivo.
Resta a primeira - desrentabilizar a actividade. Duas maneiras possíveis me ocorrem - a) a consciencialização das pessoas para os cães que estão a comprar e os perigos que podem correr de modo a que de moto próprio elas deixem de adquirir um mau "produto", b) um abaixamento dos preços por parte dos criadores, de modo a combater os dos BYB.
Esta última (apesar de tudo, de eficácia duvidosa) como muita boa gente tem defendido aqui, está fora de questão pois toda a gente sabe que os cães de um criador consciente saem caros (pronto, custam muito dinheiro...), e não pode baixar o nível dos preços para competir com os fulanos que vendem cães que não "prestam", ao desbarato...
Resta então a consciencialização - primeiro problema, para haver isso, terá de haver consciências e meu caro amigo, neste país é um bem muito, muito raro.
E o nosso amigo John Smith ou Zé dos Anzóis quer um cão porque dá "ficha" ou "sainete", ou o vizinho tem um , ou ainda porque quer inferiorizar alguém conhecido e mais aquelas coisas todas que a gente sabe e nos confere um honroso lugar nas estatísticas dos desastres automóveis, e como é chico esperto, para quê dar 1000 se arranja uma pechincha por 500 e "é garantido tão bom como os outros e os gajos querem é chular a malta"?
E isso do LOP é alguma coisa que eles dão aos cães a comer, mas o meu não precisa, que isso é só para enganar a malta, mas a mim... etc. Além disso, não ando nessa mariquice das exposições (já ouvi esta...).
Portanto, não resta nada, o problema é insolúvel, não há nenhuma maneira de o fazer.
Não sou eu que sou pessimista, e gente é mesmo assim!!! (e não só nós, pelo que sei, BYB não é uma expressão portuguesa)
A solução para o problema é filosófica, e esse homem novo já se tentou de várias maneiras sem qualquer resultado que se veja...
Cumprimentos Vasco
JoseLuis
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Olá
Estou plenamente de acordo com o dicas (o que não significa que ele obrigatoriamente esteja de acordo comigo...).
Quando em diversas circunstâncias evidencio um grande cepticismo em relação ao nosso povo no que respeita a civismo, poderei ser mal interpretado, julgando-se que sou um conformista e que não vale a pena lutar por uma sociedade melhor e com outra mentalidade.
Vivemos numa democracia, e ainda bem, mas com todos os prós e contras que lhe são inerentes. O povo português, como qualquer outro, não ficará civilizado assim de repente por decreto-lei. Claro que as leis são importantes, mas isso não chega. A evolução de uma civilização vai-se construindo no dia a dia. É um processo lentíssimo. Infelizmente, muito, muito lento.
Há já muitos tópicos atrás, num tema sobre criadores que eu próprio lancei a propósito da aquisição dos meus cães, a SeaLords, para além de muitos outros esclarecimentos, referiu que nos países nórdicos praticamente já não existem cães SRD. Nessas sociedades, de facto, não há lugar a criadores de vão de escada. E não creio que isso advenha de quaisquer decretos impostos pelos governos desses países.
Outro exemplo: num tópico sobre certificados de sociabilização foi referido que na Alemanha isso está regulamentado e funciona. Pois claro, é que lá, basta isso estar na lei... Num país civilizado, regra geral, as leis cumprem-se.
Claro que em Portugal também têm que existir leis. Isso está fora de causa. Mas em muitos casos deverão ser acompanhadas de acções de sensibilização, com uma pedagogia adequada à nossa mentalidade, com acções individuais, com alguma militância.
Às vezes tento por-me na pele dos verdadeiros criadores e, de facto, deve ser frustrante terem a concorrência (desleal) de um tão elevado número de indivíduos que, muito provavelmente, até nem sabem o que é ser um verdadeiro criador. E os clientes muito menos. Mas isto não acontece só nesta área. Em Portugal ainda existem pessoas não qualificadas a assinar projectos de arquitectura, por ex., e com uma clientela enorme...
Vou utilizar um chavão ou, se preferirem, um lugar comum: é tudo uma questão de civismo, de educação. É redutor? Claro que é. E tenho muita pena, porque até gosto de ser português.
Agora, depois de todos estes rodeios, respondendo mais concretamente ao VascoV: meu caro amigo, não desista. Continue na sua militância. Essa é uma forma muito, mas muito positiva mesmo de se andar para a frente. Provavelmente já não será durante a sua vida que deixarão de existir produtores de cães. Mas não desista. Aliás, não desistam. A vossa acção é mesmo fundamental.
Estou plenamente de acordo com o dicas (o que não significa que ele obrigatoriamente esteja de acordo comigo...).
Quando em diversas circunstâncias evidencio um grande cepticismo em relação ao nosso povo no que respeita a civismo, poderei ser mal interpretado, julgando-se que sou um conformista e que não vale a pena lutar por uma sociedade melhor e com outra mentalidade.
Vivemos numa democracia, e ainda bem, mas com todos os prós e contras que lhe são inerentes. O povo português, como qualquer outro, não ficará civilizado assim de repente por decreto-lei. Claro que as leis são importantes, mas isso não chega. A evolução de uma civilização vai-se construindo no dia a dia. É um processo lentíssimo. Infelizmente, muito, muito lento.
Há já muitos tópicos atrás, num tema sobre criadores que eu próprio lancei a propósito da aquisição dos meus cães, a SeaLords, para além de muitos outros esclarecimentos, referiu que nos países nórdicos praticamente já não existem cães SRD. Nessas sociedades, de facto, não há lugar a criadores de vão de escada. E não creio que isso advenha de quaisquer decretos impostos pelos governos desses países.
Outro exemplo: num tópico sobre certificados de sociabilização foi referido que na Alemanha isso está regulamentado e funciona. Pois claro, é que lá, basta isso estar na lei... Num país civilizado, regra geral, as leis cumprem-se.
Claro que em Portugal também têm que existir leis. Isso está fora de causa. Mas em muitos casos deverão ser acompanhadas de acções de sensibilização, com uma pedagogia adequada à nossa mentalidade, com acções individuais, com alguma militância.
Às vezes tento por-me na pele dos verdadeiros criadores e, de facto, deve ser frustrante terem a concorrência (desleal) de um tão elevado número de indivíduos que, muito provavelmente, até nem sabem o que é ser um verdadeiro criador. E os clientes muito menos. Mas isto não acontece só nesta área. Em Portugal ainda existem pessoas não qualificadas a assinar projectos de arquitectura, por ex., e com uma clientela enorme...
Vou utilizar um chavão ou, se preferirem, um lugar comum: é tudo uma questão de civismo, de educação. É redutor? Claro que é. E tenho muita pena, porque até gosto de ser português.
Agora, depois de todos estes rodeios, respondendo mais concretamente ao VascoV: meu caro amigo, não desista. Continue na sua militância. Essa é uma forma muito, mas muito positiva mesmo de se andar para a frente. Provavelmente já não será durante a sua vida que deixarão de existir produtores de cães. Mas não desista. Aliás, não desistam. A vossa acção é mesmo fundamental.
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Good morning Vietnam!!!
Vocês começam logo de manhã com uma questão do foro subjectivo.
Criadores de vão de escada, podem ser criadores que:
-Criem cães em vãos de escada
-Criem sem acompanhamento e com um fim unico que é fazer $$
-Podem ser os famosos BYB...
Vou aquecer os neurónios porque a noite foi dificil
Vocês começam logo de manhã com uma questão do foro subjectivo.
Criadores de vão de escada, podem ser criadores que:
-Criem cães em vãos de escada
-Criem sem acompanhamento e com um fim unico que é fazer $$
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Vou aquecer os neurónios porque a noite foi dificil

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Nel, Nel, isto está cada vez pior.
Acho que há uns 5 anos descobriu-se que o negocio dos animais dá dinheiro ( e dá muito , desde que se cortem certas despesas "inuteis" como instalações, investimento em reprodutores e tratamentos).
Parece um bocado como a febre da Croissanterias há 15 anitos. Já contei umas 40 marcas de ração à venda, criadores multiplicam-se. Os revendedores vendem cães a preços incriveis, nem sei o que dizer...
As clinicas veterinária abrem aos molhos e oferecem todos os serviços possiveis e mais alguns, na maior parte das vezes sem suporte financeiro, nem possibilidade de ter uma carteira de clientes que lhe permita a sobrevivência. Na sequência do discurso Bushista do nosso "Cherne" sei de 7 (SETE) que já fecharam desde o inicio do ano. Não dou 3 anos para começarem a fechar umas dezenas...
Os canis hoteis fazem preços de concorrência estupidamente baixos. Vamos a ver. Quem cobra só 5 euros por dia pelo pensionato de um Grand Danois está a perder dinheiro, ou então a cortar à bruta na qualidade....
Parece a lei da selva.
E no meio disto tudo temos os iluminados como alguns aqui do forum que pedem os animais de graça,etc,etc....
Acho que há uns 5 anos descobriu-se que o negocio dos animais dá dinheiro ( e dá muito , desde que se cortem certas despesas "inuteis" como instalações, investimento em reprodutores e tratamentos).
Parece um bocado como a febre da Croissanterias há 15 anitos. Já contei umas 40 marcas de ração à venda, criadores multiplicam-se. Os revendedores vendem cães a preços incriveis, nem sei o que dizer...
As clinicas veterinária abrem aos molhos e oferecem todos os serviços possiveis e mais alguns, na maior parte das vezes sem suporte financeiro, nem possibilidade de ter uma carteira de clientes que lhe permita a sobrevivência. Na sequência do discurso Bushista do nosso "Cherne" sei de 7 (SETE) que já fecharam desde o inicio do ano. Não dou 3 anos para começarem a fechar umas dezenas...
Os canis hoteis fazem preços de concorrência estupidamente baixos. Vamos a ver. Quem cobra só 5 euros por dia pelo pensionato de um Grand Danois está a perder dinheiro, ou então a cortar à bruta na qualidade....
Parece a lei da selva.
E no meio disto tudo temos os iluminados como alguns aqui do forum que pedem os animais de graça,etc,etc....
nel Escreveu: Olá
Estou plenamente de acordo com o dicas (o que não significa que ele obrigatoriamente esteja de acordo comigo...).
Quando em diversas circunstâncias evidencio um grande cepticismo em relação ao nosso povo no que respeita a civismo, poderei ser mal interpretado, julgando-se que sou um conformista e que não vale a pena lutar por uma sociedade melhor e com outra mentalidade.
Vivemos numa democracia, e ainda bem, mas com todos os prós e contras que lhe são inerentes. O povo português, como qualquer outro, não ficará civilizado assim de repente por decreto-lei. Claro que as leis são importantes, mas isso não chega. A evolução de uma civilização vai-se construindo no dia a dia. É um processo lentíssimo. Infelizmente, muito, muito lento.
Há já muitos tópicos atrás, num tema sobre criadores que eu próprio lancei a propósito da aquisição dos meus cães, a SeaLords, para além de muitos outros esclarecimentos, referiu que nos países nórdicos praticamente já não existem cães SRD. Nessas sociedades, de facto, não há lugar a criadores de vão de escada. E não creio que isso advenha de quaisquer decretos impostos pelos governos desses países.
Outro exemplo: num tópico sobre certificados de sociabilização foi referido que na Alemanha isso está regulamentado e funciona. Pois claro, é que lá, basta isso estar na lei... Num país civilizado, regra geral, as leis cumprem-se.
Claro que em Portugal também têm que existir leis. Isso está fora de causa. Mas em muitos casos deverão ser acompanhadas de acções de sensibilização, com uma pedagogia adequada à nossa mentalidade, com acções individuais, com alguma militância.
Às vezes tento por-me na pele dos verdadeiros criadores e, de facto, deve ser frustrante terem a concorrência (desleal) de um tão elevado número de indivíduos que, muito provavelmente, até nem sabem o que é ser um verdadeiro criador. E os clientes muito menos. Mas isto não acontece só nesta área. Em Portugal ainda existem pessoas não qualificadas a assinar projectos de arquitectura, por ex., e com uma clientela enorme...
Vou utilizar um chavão ou, se preferirem, um lugar comum: é tudo uma questão de civismo, de educação. É redutor? Claro que é. E tenho muita pena, porque até gosto de ser português.
Agora, depois de todos estes rodeios, respondendo mais concretamente ao VascoV: meu caro amigo, não desista. Continue na sua militância. Essa é uma forma muito, mas muito positiva mesmo de se andar para a frente. Provavelmente já não será durante a sua vida que deixarão de existir produtores de cães. Mas não desista. Aliás, não desistam. A vossa acção é mesmo fundamental.
Demasiadas vezes ....Alguém aqui já se deparou com um? Em que circunstâncias?
Tirando mm os criadores mediocres, que querem é $$, que nao selecionam mas que por incrivel que pareca acham que sao os melhores, um dos casos mais flagrantes, passou-se esta páscoa (penso q ja contei esta historia aqui), um senhor bastante conhecido por estas bandas, que cria sharpeis e outras raças. Como vende também ração tem bastante contactos entre o pessoal dos cães. Bom, entao o negocio começa qd ele disponibiliza-se para ficar com as crias do pessoal que tem cães (como em geral trabalha para pessoas abastadas e que não percebem mt de cães, acabam lhe oferecendo as ninhadas), de tal modo que ele tem sempre cachorros prontos para venda. Depois tem la para cima, no meio dos pinhais uns canis com cães que vao-lhe dando. Usa os cães enquanto lhe convém e dps despacha-os.
Mas a paixao dele é mm os sharpei, entao ele vai cruzando os cães (nao sei se respeitando ou nao as cadelas), e para nao perder o monopolio da raça na regiao, às nascença abate as femeas e vende so os machos !
Mas o ironico disto tudo, é que ele é um fulano mt simpatico, humilde e sempre pronto a ajudar quem precise ...
Enfim ...
Good friend Vs true friend: A good friend will come bail you out of jail....But a true friend will be sitting next to you saying "... WE screwed up! BUT WASN'T IT FUN!!!
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Olá
Há uma realidade que não podemos esquecer. Ter um cão tornou-se uma moda. Há vinte anos atrás aqui no prédio onde vivo não havia cães. Mas quando a moda pegou, foi vê-los entrar.
Os negócios ligados a essa moda também aparecem de imediato. O grande problema é serem desenvolvidos por gente sem qualquer preparação.
Já que fiz uma comparação na mensagem anterior sobre projectos de arquitectura, vou retomá-la. Quando os emigrantes foram regressando, houve um certo incremento da construção. Mas os projectos das suas casas eram encomendados a desenhadores ou, pior ainda, a indivíduos que nem esse estatuto possuem. E pior ainda: muita gente que tem habilitações académicas de nível superior (gente supostamente mais culta) continua a usar esses recursos.
Só um àparte para ilustrar melhor: aqui há tempos estive com um alemão que tinha vindo a Portugal pela primeira vez e disse-me um pouco a custo com receio que me ofendesse: "A arquitectura em Portugal é feia..."
Pois é. Nem é por mal. Nós somos assim. Somos uns gajos porreiros.
Então não há tanta gente que ainda vai à bruxa em vez de ir ao médico?
Mas continuo a apelar. Criadores deste país, não desistam. Já viram o que seria se terminassem a vossa actividade?
As crias de hoje serão os campeões de amanhã... (saiu-me assim este chavão, mas não fica mal de todo aqui, pois não?)
Há uma realidade que não podemos esquecer. Ter um cão tornou-se uma moda. Há vinte anos atrás aqui no prédio onde vivo não havia cães. Mas quando a moda pegou, foi vê-los entrar.
Os negócios ligados a essa moda também aparecem de imediato. O grande problema é serem desenvolvidos por gente sem qualquer preparação.
Já que fiz uma comparação na mensagem anterior sobre projectos de arquitectura, vou retomá-la. Quando os emigrantes foram regressando, houve um certo incremento da construção. Mas os projectos das suas casas eram encomendados a desenhadores ou, pior ainda, a indivíduos que nem esse estatuto possuem. E pior ainda: muita gente que tem habilitações académicas de nível superior (gente supostamente mais culta) continua a usar esses recursos.
Só um àparte para ilustrar melhor: aqui há tempos estive com um alemão que tinha vindo a Portugal pela primeira vez e disse-me um pouco a custo com receio que me ofendesse: "A arquitectura em Portugal é feia..."
Pois é. Nem é por mal. Nós somos assim. Somos uns gajos porreiros.
Então não há tanta gente que ainda vai à bruxa em vez de ir ao médico?
Mas continuo a apelar. Criadores deste país, não desistam. Já viram o que seria se terminassem a vossa actividade?
As crias de hoje serão os campeões de amanhã... (saiu-me assim este chavão, mas não fica mal de todo aqui, pois não?)
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- Localização: Caniche muito anão (Hortelã), farrusco tricolor quatro olhos (Patolas)
Nel
Por estranho que lhe pareça, estou também cem por cento de acordo consigo, mas não ande por aí a gabar-se disso...
Há apenas um aspecto no que disse que me assusta e diz respeito ao desaparecimento dos SRD. Lembro-me de um romance de FC daquele tipo de paradoxo temporal, em que o protagonista tinha de ordenar no tempo um deserto, um jardim e uma floresta luxuriante , tudo aspectos do mesmo mundo, E a ordenação era primeiro a floresta (a variedade sem limites, a luxúria da vida, a experiência da Natureza), a seguir o jardim (intervenção humana, classificação das espécies) e finalmente o deserto, em que se transformava o jardim invariavelmente, exactamente devido à falta de variedade, de cruzamentos, da parte selvagem.
Esse desaparecimento dos SRD, que têm o seu lugar e importância no Mundo, põe-nos na fase da ordenação, fase do jardim. Ora não somos exactamente deuses com o poder de decisão do que está ou não correto na Natureza, nem temos o poder moral de decidir quem avança e quem fica. Se não, passa a ser moralmente defensável que estejamos a exterminar espécies. São dois aspectos da MESMA realidade.
Portanto vivam os SRD, cães simpáticos inteligentes, robustos e resistentes, e se para mim houver um próximo cão, vai quase de certeza ser um desses!!!
E um dia destes lembre-me para lhe dizer porque é que nos países as leis são cumpridas...
Cumprimentos
JoseLuis
Por estranho que lhe pareça, estou também cem por cento de acordo consigo, mas não ande por aí a gabar-se disso...






Há apenas um aspecto no que disse que me assusta e diz respeito ao desaparecimento dos SRD. Lembro-me de um romance de FC daquele tipo de paradoxo temporal, em que o protagonista tinha de ordenar no tempo um deserto, um jardim e uma floresta luxuriante , tudo aspectos do mesmo mundo, E a ordenação era primeiro a floresta (a variedade sem limites, a luxúria da vida, a experiência da Natureza), a seguir o jardim (intervenção humana, classificação das espécies) e finalmente o deserto, em que se transformava o jardim invariavelmente, exactamente devido à falta de variedade, de cruzamentos, da parte selvagem.
Esse desaparecimento dos SRD, que têm o seu lugar e importância no Mundo, põe-nos na fase da ordenação, fase do jardim. Ora não somos exactamente deuses com o poder de decisão do que está ou não correto na Natureza, nem temos o poder moral de decidir quem avança e quem fica. Se não, passa a ser moralmente defensável que estejamos a exterminar espécies. São dois aspectos da MESMA realidade.
Portanto vivam os SRD, cães simpáticos inteligentes, robustos e resistentes, e se para mim houver um próximo cão, vai quase de certeza ser um desses!!!
E um dia destes lembre-me para lhe dizer porque é que nos países as leis são cumpridas...
Cumprimentos
JoseLuis
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Os SRD nunca desaparecerão. Podem ser sempre "fabricados" em duas ou três gerações misturando uma série de raças. Mas se uma raça desaparecer, aí sim, já não há volta atrás.Há apenas um aspecto no que disse que me assusta e diz respeito ao desaparecimento dos SRD.
"Quando o sábio aponta para a Lua, o idiota olha para o dedo" (provérbio chinês)
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mas se há uns vivaços que até plantam droga no quintal, outros fazem contrabando das mais variadas coisas, há exploração de criancinhas, mulheres, emigrantes e dantes até iam a espanha comprar café mais barato, para o venderem aqui.... porquê o espanto de se criarem animais desta forma? é tudo uma questão de arranjar mais uns trocos.
eu até me passo com a carinha de alguns que têm cães de raça. ao ver aquilo, dá-me vontade de me enfiar num buraco e dizer que não conheço a carlote nem o max de lado nenhum!!!!
para estas pessoas, a posse de tais animais deve ser o máximo. que lhe interessa a proveniência? o meu vizinho tem um cão lindíssimo de uma raça qualquer. nunca lhe ligou nenhuma. soube que o cão lhe tinha sido dado pelo irmão. agora, comprou um cane corso. é ver as "excursões" que ele organiza para observarem o cachorro. pelo que sei, nem é puro e é mais feio que o outro.
como acabar com isto? é fácil! basta acabar a procura. mas como agora é moda ter um cão e qualquer papalvo gosta de exibir um de raça, vai ser um negócio flurescente durante largos e bons.
anjaazul
eu até me passo com a carinha de alguns que têm cães de raça. ao ver aquilo, dá-me vontade de me enfiar num buraco e dizer que não conheço a carlote nem o max de lado nenhum!!!!
para estas pessoas, a posse de tais animais deve ser o máximo. que lhe interessa a proveniência? o meu vizinho tem um cão lindíssimo de uma raça qualquer. nunca lhe ligou nenhuma. soube que o cão lhe tinha sido dado pelo irmão. agora, comprou um cane corso. é ver as "excursões" que ele organiza para observarem o cachorro. pelo que sei, nem é puro e é mais feio que o outro.
como acabar com isto? é fácil! basta acabar a procura. mas como agora é moda ter um cão e qualquer papalvo gosta de exibir um de raça, vai ser um negócio flurescente durante largos e bons.
anjaazul
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cadworx Escreveu: Há para aí mamarrachos paridos por arquitectos bem piores do qualquer rabisco de um desenhador experiente.
/quote]
Eu usei esta comparação apenas para ilustrar melhor a ideia. Claro que existem maus profissionais em todas as áreas. Mas o que possivelmente se está aqui a considerar como mamarracho nem são as obras piores. Mas isso não é de estranhar, porque normalmente não existe a suficiente preparação para entender determinadas obras, que são consideradas mamarrachos. Digo isto com o devido respeito.
Lendo a mensagem do dicas e relendo a segunda que enviei, de facto parece existir a apologia do cão de raça em detrimento do cão SRD.
Parece e de facto existe, o que contraria a minha veia anti-elitista. É uma contradição, mas tem o seu sentido. Se eu disser que não tenho nada contra os cães SRD, até poderei parecer hipócrita, mas realmente não tenho. Se os meus cães não fossem de raça, de certeza que lhes dedicaria o mesmo amor. O que defendo é que a tendência normal ou natural numa sociedade em evolução é para o progressivo desaparecimento de cães SRD. E este processo será tranquilo, lento mas tranquilo.
Se existem pessoas que exibem os seus cães por serem de raça, pois deixá-las lá... são pobres de espírito.
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Sealords
Claro que se pode fazer um pot-pourri e fabricar uma raça indefinida qualquer, ou uma centena delas. A herança genética dos SRD actuais é que desaparecerá, ao fim e ao cabo é uma "raça" que se vai
Jovem Nel
Não tenho nada contra ou a favor dos cães de raça. Sempre procurei ver um cão como um amigo, um prolongamento, e não escolho os meus amigos por terem cabelo longo ou curto, pele mais escura ou mais clara, metro e sessenta ou dois metros. Gosto dos cães, eles gostam de mim, e tenho sido feliz com a espécie assim.
Também nada tenho contra os criadores, antes pelo contrário. Sou um indivíduo de hobbies e tenho muita paixão pelos meus hobbies, compreendo a frustração de quem quer fazer uma obra decente e é torpedeado. Não só compreendo como sinto a mesma raiva que eles devem sentir. É sentir o bom e o belo, a busca da perfeição trocados por esculturas de plástico. O desesperante é que não há nada a fazer, ou pelo menos é o que sinto. E já não tenho idade para ser otimista
Cumprimentos
JoseLuis
Claro que se pode fazer um pot-pourri e fabricar uma raça indefinida qualquer, ou uma centena delas. A herança genética dos SRD actuais é que desaparecerá, ao fim e ao cabo é uma "raça" que se vai
Jovem Nel
Não tenho nada contra ou a favor dos cães de raça. Sempre procurei ver um cão como um amigo, um prolongamento, e não escolho os meus amigos por terem cabelo longo ou curto, pele mais escura ou mais clara, metro e sessenta ou dois metros. Gosto dos cães, eles gostam de mim, e tenho sido feliz com a espécie assim.
Também nada tenho contra os criadores, antes pelo contrário. Sou um indivíduo de hobbies e tenho muita paixão pelos meus hobbies, compreendo a frustração de quem quer fazer uma obra decente e é torpedeado. Não só compreendo como sinto a mesma raiva que eles devem sentir. É sentir o bom e o belo, a busca da perfeição trocados por esculturas de plástico. O desesperante é que não há nada a fazer, ou pelo menos é o que sinto. E já não tenho idade para ser otimista
Cumprimentos
JoseLuis
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Isto também era um exemplo. Há por aí cães provenientes de supostos criadores considerados de topo e gurus da actividade mais fora do estalão que muitos cães de criação caseira.Há para aí mamarrachos paridos por arquitectos bem piores do qualquer rabisco de um desenhador experiente.
Permiti-me a usar a sua comparação porque faço parte daquela minoria que sabe considerar o que é um mamarracho arquitectónico ou não. Não falo de estética porque esse assunto é muito subjectivo. Falo de qualidade, implantação, luminosidade, escolha de materiais, etc... Resumindo, falo de técnica, coisa que a maioria dos arquitectos não tem (ou por conveniência e preguiça esqueceram) e para isso recorre a desenhadores ou engenheiros.