A vida nunca foi fácil para mim. Nasci tendo como tecto a lua e as estrelas. A minha mãe era carinhosa e foi com preocupação que viu os seus filhinhos partirem um a um.
A sua preocupação tinha todos os fundamentos, afinal os humanos são seres estranhos e imprevisíveis. Num momento têm um animal e no dia seguinte já se estão a livrar dele como um objecto que já foi usado.
Foi isso que aconteceu comigo. Saímos de manhãzinha como se fosse para um passeio. Aperaltei-me à frente, com a minha dona, para espreitar o caminho e receber a brisa na cara. De repente o carro pára. Empurram-me. Caio e rebolo pelo chão. Não percebo o que aconteceu. Corro, corro, corro, continuo a correr atrás do carro, mas as minhas patinhas curtas não me permitem alcançá-lo.
Completamente desesperado, sob um sol sufocante, vou caminhando sem rumo nem destino. Acabo por ir parar a uma aldeia. Imploro por um bocadinho de água. Enxotam-me.
Passam-se vários dias, ninguém me dá água nem comida. Sacio a sede numas pocinhas de lama que encontro e vasculho no lixo restos que me matem a fome.
A minha ingenuidade faz-me cair na armadilha de umas crianças que de inocentes infelizmente não têm nada. Dão-me pontapés e mais pontapés, primeiro um de cada vez, depois todos juntos. Não consigo virar-me a eles. Afinal, apesar de tudo, não passam de crianças. Quando estou quase a desmaiar com a dor, ouço a voz de alguém a intervir. Os miúdos fogem e alguém apanha-me do chão. Umas mãos tratam-me as feridas e quando recupero as forças vejo que há água e comida à descrição. Sacio as minhas necessidades básicas e depois descanso verdadeiramente.
Ouço os meus protectores falarem, que eu tinha tido muita sorte. Felizmente o meu caminho não se cruzou com os pedaços de carne com veneno e vidro moído que as pessoas da aldeia tinham deixado para mim. Verdadeiros cocktails de morte. Mas ouço-os também dizer que não podem ficar comigo, que já têm demasiados animais…
Sei que a minha história pode ter um final feliz a partir daqui. Para isso só preciso de encontrar uns donos responsáveis que não me despejem quando vislumbrarem umas férias.
Se estiverem interessados em me conhecer, contactem os meus protectores e perguntem pelo Kiko. Terão em mim um amigo para toda a vida. Sou de porte mini (5 kilos), tenho cerca de 1 ano e sou muito meigo e carente.
96 358 20 33
96 796 17 32
