CONDENADO A TRÊS MESES DE PRISÃO POR FERIR GATA
Um homem de Tarouca foi condenado a três meses de cadeia, remíveis ao pagamento de uma multa de 500 euros, por ter ferido a tiro uma gata que viria a ser abatida em consequência das lesões.
Iolanda Vilar
A “Tigreza” é agora apenas uma recordação para Amélia Gomes
Amélia Gomes, uma defensora dos direitos dos animais e dona da "Tigreza", que faleceu com 14 anos, decidiu ontem revelar o caso por considerar a sentença judicial exemplar.
O animal foi atingido com um tiro de caçadeira, desferido por um vizinho de Amélia Gomes, sem qualquer razão aparente. A dona da "Tigreza" decidiu queixar-se do atirador, num processo que ficaria conhecido em Lamego como o "Caso da gata" e que viria a ser concluído, após algumas peripécias, com a condenação do arguido a três meses de prisão, substituídos por uma multa de 500 euros.
Hoje, um ano depois da leitura da sentença, Amélia Gomes, professora, continua a lamentar "a falta de sensibilidade das pessoas no que respeita aos direitos dos animais", quando olha para uma fotografia de um grande plano da cara da "Tigreza".
O crime foi perpetrado em Tarouca, no dia 31 de Janeiro de 1999, quando a gata estava presa por uma coleira, no quintal da dona. "De repente ouvi um tiro e temi o pior", recordou ontem Amélia Gomes, adiantando que quando chegou à rua deu com um cenário "macabro": a "Tigreza" fora atingida com um tiro no olho esquerdo e agonizava.
"Ainda hoje não compreendo quais os motivos que levaram o meu vizinho a proceder desta forma", afirma a dona do animal, que não aceita a 'justificação' dada pelo autor do disparo de que "a gata matara algumas pombas que tinha numa gaiola".
Amélia Gomes travou "uma batalha sem tréguas para sensibilizar os portugueses e a Justiça para os direitos dos animais", que começou com as dificuldades iniciais que enfrentou para arranjar um advogado.
A queixa começou por ser arquivada pelo Ministério Público, mas o Tribunal da Relação do Porto viria a dar razão ao recurso interposto por Amélia Gomes, pelo que o processo seguiu para julgamento e o agressor acabou condenado a uma pena de prisão remível a dinheiro e ao pagamento de uma indemnização e das custas judiciais.
Por ironia do destino, a "Tigreza" viria a ser abatida no dia do início do julgamento, pois o seu estado de saúde impedia-a de fazer uma vida normal