Depois de ler várias opiniões contrárias, assentes em argumentos válidos ligados ao bem-estar animal, resolvi então clarificar a questão, expondo a mesma em jeito de discussão para podermos (ou não) concluir qualquer coisa. A mesma estende-se mais a ofidios e alguns saurios.
Conceitos:
Terrários minimalistas: normalmente faunários ou terrários pequenos, podendo variar para grande, substrato de papel, uma toca, tina de água.
Terrários naturalistas: faunários ou terrários com algum espaço que possibilite mais elementos, substrato de bark, coco husk ou algum elemento natural adequado, várias tocas, troncos, plantas naturais/artificiais, tina de água.
5 Liberdades incluídas no conceito de bem-estar animal, em lei da manutenção de animais em cativeiro, como forma de avaliar o mesmo: Liberdade de fome/sede, lesão/doença, desconforto ambiental (inclui térmico), medo/stress e expressar o seu comportamento normal.
O uso de terrários minimalistas em variados animais é recorrente (bastante nos USA) focalizando-se a sua utilização na liberdade de segurança (liberdade de medo e stress) e na liberdade de lesões e doenças (caso da impactação). Assim, no caso das cobras, temos donos que os usam em cobras pequenas de forma a prevenir o stress (cobra pequena em ambiente grande) e por também acharem que a sua cobra não necessitará de mais nada, assistindo às suas necessidades básicas. No caso dos saurios, o argumento vai também muito neste sentido.
Mas será que não existe um conflito de necessidades e de liberdades nesta utilização? Ao colocar o animal num ambiente tão «estéril», não lhe estaremos a desrespeitar a liberdade de expressar o seu comportamento normal? Ex: uma cobra que goste de escavar num substrato de papel. Um saurio ou cobra que goste de se esconder no meio da folhagem ou de troncos e esteja impossibilitado.
Os terrários naturalistas têm vindo cada vez mais a ser usados tanto pela sua beleza exterior, como por muitas vezes colmatarem as falhas dos terrários minimalistas, oferecendo uma complexificação do ambiente que permite ao animal expressar o seu comportamento normal, minimizando o aparecimento de estereotipias, alterações de comportamento, alimentação e possibilitando o exercício e a mobilidade. Desta forma, o uso de várias tocas, vegetação e um substrato solto, permite ao animal interagir mais com o ambiente que o rodeia, minimizando o seu stress e o uso de papel apenas na altura da alimentação, evita a malfadada impactação e permite ao animal o contacto com um substrato que lhe é mais natural (para não falar da aspereza do próprio papel que muitas vezes dificulta a mobilidade).
No entanto, muitos são os donos que continuam a usar terrários minimalistas (já nem falo nas gavetas racks), apelando à segurança e em muitos casos, através da própria cultura de forum, passar a ser uma condição sine qua non, o uso de pequenos faunários em cobras juvenis, mesmo quando são regulares na sua alimentação e no seu manuseamento.
Portanto...
Os terrários minimalistas deverão ser substituídos por naturalistas? Depende única e exclusivamente do gosto de cada um?
Poderão realmente as falhas dos t. minimalistas ser totalmente suplantadas pelos naturalistas?
Os últimos não poderão também expôr os animais a mais riscos, acabando por ser mais desvantajoso?
Não estaremos a hierarquizar mal ou bem as necessidades dos nossos animais (segurança e expressar o seu comportamento normal)?
Fica a discussão
