Adeus minha querida Mimi
Moderador: mcerqueira
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Há vários dias que ando para te fazer esta pequena homenagem, mas a vontade de a fazer era sempre vencida pela dificuldade em estar a remexer nesta ferida ainda muito fresca.
Faz hoje 15 dias que partiste e não quero deixar passar mais tempo, sob pena de nunca vir aqui a deixar a tua recordação e partilhá-la nesta comunidade de que faço parte.
Entraste aqui em casa em Janeiro de 2006, também numa quarta-feira. Estavas, por razões que não vale a pena aqui evocar, metida numa marquise com vários outros gatos, que não pertenciam a uma familiar minha mas era ela que tratava há meses. Estavas muito grávida e receava-se que, não havendo possibilidade de te separar, pudesse haver problemas no parto para ti ou para os teus bebés. Tendo uma divisão livre na altura, acedi a que viesses cá para casa para teres os teus bebés e seres devolvida ao teu dono quando ele tivesse possibilidade.
Parecias uma fera quando chegaste. Nem pensar em chegar-me a ti. O teu ninho já estava preparado, mas na primeira noite, sozinha num ambiente estranho, miaste muito. Sem saber como resolver o problema de outra forma, pedi então à minha familiar que trouxesse uma das tuas companheiras, a Naná, para ver se acalmavas um pouco e ganhavas mais confiança. Quando ela chegou, assisti a uma cena de que me hei-de lembrar sempre como uma das mais comovedoras a que assisti. Num desassossego e numa alegria enorme, ias para junto da Naná, como que a chamavas para ela ir ver a vossa casinha quentinha e, pela primeira vez, vinhas aos meus pés, dando-me turrinhas nervosas, como que a agradecer-me. Parecias uma tonta, de um lado para o outro. A partir desse momento, 24 horas depois de teres chegado cá a casa, a tua atitude em relação a mim mudou completamente.
Os teus bebés nasceram 3 dias depois, a 21 de Janeiro. O parto foi durante a noite e, quando de manhã entrei nesta divisão onde me encontro agora, já tinhas tido os cinco bebés sozinha e quase nada denunciava que o parto tinha acontecido. Foi uma sorte para mim, que nunca tinha assistido a um e, caso precisasses de ajuda, me teria visto bastante atrapalhada. Ao contrário do que é habitual na tua raça, foste uma mãe extremosa. Os quatro bebés que morreram, possivelmente, já tinham nascido fraquinhos, e nada houve a fazer. Ficou um, o Saminha, que aqui continuou sempre comigo. E tu e a Naná também acabaram por ficar; o vosso antigo dono, que já não vos tinha em casa, cedeu-vos a meu pedido.
Quando chegou a altura oportuna, juntei-vos aos meus outros gatos. Ao contrário da Naná e do Saminha, tinhas medo e custou-te a habituar a eles. Durante algum tempo, viveste praticamente em cima dos móveis e das bancadas, mas acabaste por te adaptar ao resto da família e por conviver com os outros sem brigas nem assanhamentos.
Comigo, sempre foste da maior meiguice. Nunca me vou esquecer dos teus abraços apertados e das lambidelas muito ternas, tal como faz o teu filho. Mas eras mais delicada que ele nos mimos, menos possessiva.
Com a esterilização, ficaste muito gordinha, e a partir de determinada altura comecei a pensar que, mais dia menos dia, ficarias diabética. Mas, até há duas semanas atrás, nunca tinhas estado doente.
Fez segunda-feira 15 dias, achei-te murchinha e pus-te debaixo de olho. Na terça, continuavas um pouco prostrada, não te vi comer e beber apenas um pouquinho de água. Não havia dúvida de que não estavas bem e pensei, deve ser a esperada diabetes. Pesei-te antes de irmos ao veterinário: tinhas 6,100 kg, mais 100 gramas do que a última vez que te tinha pesado, há mês e meio atrás. Tinhas febre: 40 graus. Fizeste bioquímicas e hemograma. Nas primeiras, apenas alguns valores estavam um pouco alterados. Uma coisa era certa: não se tratava de diabetes.
Nessa noite ainda comeste um bocadinho de saqueta, lambeste com muita vontade o molhinho, pus o teu iglô em cima da minha cama, do qual saíste e dormiste juntinha a mim, sem outros gatos a atrapalhar.
Mas não voltaste a comer nem a beber nem a fazer qualquer necessidade, a não ser nas viagens para a clínica, na transportadora, com o stress. Lá voltámos na quarta à tarde, para saber o resultado do hemograma e fazer outros eventuais exames. Também nada de muito significativo no hemograma, mas começava a desenhar-se algum problema possivelmente relacionado com o pâncreas ou o fígado. Estavas com a temperatura baixa: 36,4. Fez-se ecografia: alteração do ducto biliar. A tua respiração ficou muito alterada a seguir mas, como antes tinha estado normal, pensei tratar-se de stress, pois tinhas ficado muito nervosa durante a ecografia e miado muito. A veterinária achou conveniente fazer radiografia: ligeiras efusões pleurais. E, por volta das 5 da tarde, o possível diagnóstico que qualquer dono de um gato mais teme ouvir: PIF.
Trouxe-te para casa, pensando ainda, «não, há-de ser outra coisa qualquer», com a recomendação de te manter muito quentinha e tentar que comesses, fosse o que fosse, à seringa se fosse preciso. Mas aí, ao contrário de melhorares, começaste a piorar cada vez mais da respiração, não querias estar tapadinha no iglô, rastejavas e ias estender-te a um canto. Às 8 e meia da noite estavas novamente na clínica, a oxigénio, com 34 de temperatura. Morreste às 10 e meia, não por efusão pleural, mas por total e abrupta falência de todos os sistemas vitais. Não foi necessária mais do que uma pequena ajuda para te poupar mais sofrimento.
Levou-te uma PIF hiper-fulminante, aos seis anos. Para mim, que nunca me tinha confrontado com a morte de um dos meus animais, foi um choque terrível, como já não sofria há muitos anos, misturado com o desgosto de te ver partir assim de forma tão inesperada e súbita. Resta a consolação de não teres sofrido muito.
Não sei porque tenho necessidade de escrever tudo isto, até porque me custa bastante fazê-lo, mas possivelmente faz parte de algum processo de luto e catarse.
Minha querida, doce e linda Mimi, obrigada por tudo o que me deste. Fazes-me muita falta e nunca te esquecerei.
Faz hoje 15 dias que partiste e não quero deixar passar mais tempo, sob pena de nunca vir aqui a deixar a tua recordação e partilhá-la nesta comunidade de que faço parte.
Entraste aqui em casa em Janeiro de 2006, também numa quarta-feira. Estavas, por razões que não vale a pena aqui evocar, metida numa marquise com vários outros gatos, que não pertenciam a uma familiar minha mas era ela que tratava há meses. Estavas muito grávida e receava-se que, não havendo possibilidade de te separar, pudesse haver problemas no parto para ti ou para os teus bebés. Tendo uma divisão livre na altura, acedi a que viesses cá para casa para teres os teus bebés e seres devolvida ao teu dono quando ele tivesse possibilidade.
Parecias uma fera quando chegaste. Nem pensar em chegar-me a ti. O teu ninho já estava preparado, mas na primeira noite, sozinha num ambiente estranho, miaste muito. Sem saber como resolver o problema de outra forma, pedi então à minha familiar que trouxesse uma das tuas companheiras, a Naná, para ver se acalmavas um pouco e ganhavas mais confiança. Quando ela chegou, assisti a uma cena de que me hei-de lembrar sempre como uma das mais comovedoras a que assisti. Num desassossego e numa alegria enorme, ias para junto da Naná, como que a chamavas para ela ir ver a vossa casinha quentinha e, pela primeira vez, vinhas aos meus pés, dando-me turrinhas nervosas, como que a agradecer-me. Parecias uma tonta, de um lado para o outro. A partir desse momento, 24 horas depois de teres chegado cá a casa, a tua atitude em relação a mim mudou completamente.
Os teus bebés nasceram 3 dias depois, a 21 de Janeiro. O parto foi durante a noite e, quando de manhã entrei nesta divisão onde me encontro agora, já tinhas tido os cinco bebés sozinha e quase nada denunciava que o parto tinha acontecido. Foi uma sorte para mim, que nunca tinha assistido a um e, caso precisasses de ajuda, me teria visto bastante atrapalhada. Ao contrário do que é habitual na tua raça, foste uma mãe extremosa. Os quatro bebés que morreram, possivelmente, já tinham nascido fraquinhos, e nada houve a fazer. Ficou um, o Saminha, que aqui continuou sempre comigo. E tu e a Naná também acabaram por ficar; o vosso antigo dono, que já não vos tinha em casa, cedeu-vos a meu pedido.
Quando chegou a altura oportuna, juntei-vos aos meus outros gatos. Ao contrário da Naná e do Saminha, tinhas medo e custou-te a habituar a eles. Durante algum tempo, viveste praticamente em cima dos móveis e das bancadas, mas acabaste por te adaptar ao resto da família e por conviver com os outros sem brigas nem assanhamentos.
Comigo, sempre foste da maior meiguice. Nunca me vou esquecer dos teus abraços apertados e das lambidelas muito ternas, tal como faz o teu filho. Mas eras mais delicada que ele nos mimos, menos possessiva.
Com a esterilização, ficaste muito gordinha, e a partir de determinada altura comecei a pensar que, mais dia menos dia, ficarias diabética. Mas, até há duas semanas atrás, nunca tinhas estado doente.
Fez segunda-feira 15 dias, achei-te murchinha e pus-te debaixo de olho. Na terça, continuavas um pouco prostrada, não te vi comer e beber apenas um pouquinho de água. Não havia dúvida de que não estavas bem e pensei, deve ser a esperada diabetes. Pesei-te antes de irmos ao veterinário: tinhas 6,100 kg, mais 100 gramas do que a última vez que te tinha pesado, há mês e meio atrás. Tinhas febre: 40 graus. Fizeste bioquímicas e hemograma. Nas primeiras, apenas alguns valores estavam um pouco alterados. Uma coisa era certa: não se tratava de diabetes.
Nessa noite ainda comeste um bocadinho de saqueta, lambeste com muita vontade o molhinho, pus o teu iglô em cima da minha cama, do qual saíste e dormiste juntinha a mim, sem outros gatos a atrapalhar.
Mas não voltaste a comer nem a beber nem a fazer qualquer necessidade, a não ser nas viagens para a clínica, na transportadora, com o stress. Lá voltámos na quarta à tarde, para saber o resultado do hemograma e fazer outros eventuais exames. Também nada de muito significativo no hemograma, mas começava a desenhar-se algum problema possivelmente relacionado com o pâncreas ou o fígado. Estavas com a temperatura baixa: 36,4. Fez-se ecografia: alteração do ducto biliar. A tua respiração ficou muito alterada a seguir mas, como antes tinha estado normal, pensei tratar-se de stress, pois tinhas ficado muito nervosa durante a ecografia e miado muito. A veterinária achou conveniente fazer radiografia: ligeiras efusões pleurais. E, por volta das 5 da tarde, o possível diagnóstico que qualquer dono de um gato mais teme ouvir: PIF.
Trouxe-te para casa, pensando ainda, «não, há-de ser outra coisa qualquer», com a recomendação de te manter muito quentinha e tentar que comesses, fosse o que fosse, à seringa se fosse preciso. Mas aí, ao contrário de melhorares, começaste a piorar cada vez mais da respiração, não querias estar tapadinha no iglô, rastejavas e ias estender-te a um canto. Às 8 e meia da noite estavas novamente na clínica, a oxigénio, com 34 de temperatura. Morreste às 10 e meia, não por efusão pleural, mas por total e abrupta falência de todos os sistemas vitais. Não foi necessária mais do que uma pequena ajuda para te poupar mais sofrimento.
Levou-te uma PIF hiper-fulminante, aos seis anos. Para mim, que nunca me tinha confrontado com a morte de um dos meus animais, foi um choque terrível, como já não sofria há muitos anos, misturado com o desgosto de te ver partir assim de forma tão inesperada e súbita. Resta a consolação de não teres sofrido muito.
Não sei porque tenho necessidade de escrever tudo isto, até porque me custa bastante fazê-lo, mas possivelmente faz parte de algum processo de luto e catarse.
Minha querida, doce e linda Mimi, obrigada por tudo o que me deste. Fazes-me muita falta e nunca te esquecerei.
«Ninguém cometeu maior erro do que aquele que nada fez, só porque podia fazer muito pouco.» Edmund Burke
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- Registado: terça ago 31, 2010 8:29 am
- Localização: Simba e Mia



Tassebem lamento imenso e posso apenas imaginar o que passou e está a passar...perder alguém querido é indescritível..
Não encontro palavras...não as há...apenas posso lhe dar com toda a sinceridade os meus sentimentos e solidariedade para o que for preciso.

"Primeiro foi necessário civilizar o homem em relação ao próprio homem. Agora é necessário civilizar o homem em relação a natureza e aos animais." (Victor Hugo) "Não há diferenças fundamentais entre o homem e os animais nas suas faculdades mentais...os animais, como os homens, demonstram sentir prazer, dor, felicidade e sofrimento" (Charles Darwin)
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- Registado: terça jun 17, 2008 2:46 pm
- Localização: Kikas, Xaninha, Luna, Fofinha e Babsy mais todos os outros q entram e saem em FAT
Tassebem... 

<p>O ronronar sai de uma válvula de segurança existente no pescoço do gato para atenuar o excesso de satisfação.
</p>
<p>ADAP - Associação de Defesa dos Animais de Portimão <a href="http://animaisdeportimao.blogspot.com">http://animaisdeportimao.blogspot.com</a></p>
</p>
<p>ADAP - Associação de Defesa dos Animais de Portimão <a href="http://animaisdeportimao.blogspot.com">http://animaisdeportimao.blogspot.com</a></p>
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- Registado: domingo nov 08, 2009 11:05 am
- Localização: Nina;
Pretita;
Chico;
Sushi
Não há palavras que nos possam consolar nesta situação...
Os meus profundos sentimentos, que descanse em paz...
...
Os meus profundos sentimentos, que descanse em paz...
...
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- Mensagens: 3988
- Registado: sábado jan 03, 2009 11:12 am
- Localização: Chamarrita, Kyikoo & outros nobres felinos, cadelas e o ouriço Eugénio.
Tassebem, lamento tanto...
confesso que estou transtornada; sei que o PIF não escolhe idades, mas atinge sobretudo gatinhos jovens. Nunca tinha ouvido falar de um caso de PIF num gato com 6 anos
e ainda por cima fulminante! Eu, que depois de 3 mortes por PIF (confirmadas... houve uma quarta, cujo quadro clínico apontava para tal, mas não chegou a fazer necrópsia), vivo com o coração nas mãos à espera que os mais novos façam os 2 anos para se "livrarem" da terrível ameaça...
Já estou por tudo, agora...
Mas o que importa, Tassebem, não é a doença que levou a MIMI tão cedo; o que importa é que a MIMI foi uma gatinha feliz, e que deu felicidade. A Tassebem fez toda a diferença na sua vida, e a MIMI teve amor e cuidados até à hora da partida.
Obrigada por partilhar a sua gatinha connosco, e obrigada pela homenagem. A dor partilhada dó um pouco menos...
Um enorme abraço apertado *




Mas o que importa, Tassebem, não é a doença que levou a MIMI tão cedo; o que importa é que a MIMI foi uma gatinha feliz, e que deu felicidade. A Tassebem fez toda a diferença na sua vida, e a MIMI teve amor e cuidados até à hora da partida.
Obrigada por partilhar a sua gatinha connosco, e obrigada pela homenagem. A dor partilhada dó um pouco menos...
Um enorme abraço apertado *
Acredito na Paciência, na Persistência, no Pai Natal e no Poder do Fiambre!
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- Membro Veterano
- Mensagens: 726
- Registado: segunda set 14, 2009 1:15 pm
- Localização: Kitty, Zara, Wallee, Mia & Micas

Um xi-coração apertadinho!
Sinto muito. Vejo que a Mimi foi muito amada, mas é sempre um duro golpe quando nos morre um animal que é considerado um membro da familia.
São momentos dolorosos, mas temos sempre as lembranças felizes do tempo que passámos juntos que nos ajudam a superar a dor.
São momentos dolorosos, mas temos sempre as lembranças felizes do tempo que passámos juntos que nos ajudam a superar a dor.
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- Membro Veterano
- Mensagens: 1046
- Registado: sexta ago 04, 2006 3:22 am
- Localização: brankinha,bobi(caes)tuxa joana(gatas)
RIP Mimi
Ficam as lembranças de quanto a conseguiu fazer feliz!
Força e coragem Tassebem

Ficam as lembranças de quanto a conseguiu fazer feliz!
Força e coragem Tassebem
"No olhar do animal mudo, está um discurso que só os sábios podem verdadeiramente compreender"
Estaras sempre no meu pensamento....no meu coração....1997-2010
Estaras sempre no meu pensamento....no meu coração....1997-2010