Cães em co-propriedade

Este é o fórum dedicado exclusivamente ao melhor amigo do homem! Troque ideias e tire dúvidas sobre o cão.

Moderador: mcerqueira

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Pedra
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quarta out 29, 2003 11:21 am

Em alguns países os cães para exposição e/ou reprodução, são muitas vezes vendidos em co-propriedade com o criador.
Não sei se alguém deste fórum tem experiência nisto, mas gostaria de saber as vossas opiniões e desenvolver o tema, mesmo com os mais leigos na matéria.
Ou seja o que pensam desta modalidade? Se comprassem um cão para ir a exposições, aceitaram a co-propriedade?
Falem, á vontade e soltem a alma....
Isabel
linda76
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quarta out 29, 2003 11:32 am

Olá...

Sabes, nem a proposito esse tema, que ainda ontem estive a falar desse assunto....

E sabes o que te diga? Não sei!!!

Para exposição é capaz de trazer algumas vantagens como a possibilidade de levar o cão a vários sítios sem ser sempre o mesmo proprietário a arcar com os custos, mas eu sou muito egoista (sindrome de filha única???) e um cão em co-propriedade.... não me deixa muito confiante....

Quem tomava conta dele? Quem tinha responsabilidades perante o cão?
Se calhar eu sou tacanha... mas a mi essas coisas fazem-me alguma confusão.

E se as pessoas se chateiam? Como fica a co-propriedade?
Estas são as minhas dúvidas existencias (confesso que ainda ontem me fizeram essa proposta e eu não sei o que diga...[/size]
Arcanjo
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quarta out 29, 2003 11:37 am

Boas!!!

Bem.... isto tem panos para mangas....para mim depende muito de como se vê o cão...ou seja....será que é mesmo nosso porque o comprámos?
Vou tentar fazer uma comparação com algo que realmente sei...a Arte.

Vou divagar nesta comparação artistica.... um Criador....em arte é alguem que dá forma que de algo ou de muitas coisas juntas cria uma coisa unica....pois bem esta comparação nao está muito lonje de um Criador de cães... ou seja eles também criam e tentam chegar "a sua obra prima".

Agora aqui vai o busilis destas divagação estranha! Se um quadro que compramos nunca é verdadeiramente nosso (não podemos alterar ou modificar o mesmo) porque é que os cães serão?

Espero não ter sido estranho nesta comparação he he he he...pois são pensamentos deste cerebro marado!!!


Abraços,

Arcanjo
Pedra
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quarta out 29, 2003 12:04 pm

A ideia penso que seja mais ou menos esta:
1- a pessoa quer um cão para exposição, mas depois chateia-se e não vai! O facto de estar em co-propriedade já iria fazer com que a pessoa se "chateasse" menos... se é que entendem ;)
2 - Reprodução. Sendo o cão de 2 pessoas, o cão ou cadela não iria cruzar com um qualquer que aparecesse ( o que muitas vezes acontece quando o cão está só em nome do proprietário).
3 - O cão seria propriedade da pessoa que o comprou, viveria com ela, etc.
Quanto a partilhar de despesas, isso é algo que ainda não pensei bem, mas parece-me justo que pelo menos as despesas de campeonato sejam partilhadas por ambos os proprietários.
O que me parece é que esta modalidade, se bem que bem aceite lá fora, cá em Portugal está ainda um bocado "longe". Comprei, é meu!
Isabel
isabelpo
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quarta out 29, 2003 12:12 pm

Olá Pedra!!!

Mas é assim mesmo que eu penso! Se é meu, é meu!!! Não me vejo a ter nada "a meias" com ninguém, muito menos as minhas cadelas. Eu nada ou quase nada sei do assunto, mas não me parece que vá vingar por terras Lusitanas!!!

De qualquer forma vou continuar a acompanhar o tópico para fazer o que é costume fazer por aqui...aprender mais!!! ;)
Última edição por isabelpo em quarta out 29, 2003 12:15 pm, editado 1 vez no total.
KROZ
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quarta out 29, 2003 1:33 pm

O regime de co-propriedade não se trata de exposições.

É uma garantia que o criador tem em que os seus cães têm o que merecem.

Se algo acontecer de mal, podem sempre pedi-los de volta. E desse modo garantem que o cão recebe as vacinas, treino e quando são pessoas conhecidas, até podem usar os cães para reprodução.
Mas não obrigam nada a ninguém. Pelo menos nos criadores que conheço.
Elsa
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quarta out 29, 2003 1:54 pm

olá,

Eu acho uma optima ideia. Fazer dos novos proprietários, aliados no processo de criação. Se muitos dos cachorros que saem da vista do criador, não são acompanhados, não são utilizados se tiverem potencial para isso.... a selecção é muito menos eficaz.

A coopropriedade é justa nas seguintes condições:

- Haja um abatimento no preço do cachorro, em troca de a possibilidade de dar duas oportunidades de cruzar ao criador. Claro está que os custos serão todos a cargo do criador. Esta possibilidade será usada ou não. Mas está disponivel ao criador.

- Possibilidade de ir a exposições, mas estas serão feitas pelo criador, conforme achar necessário e que mais uma vez suportará os custos. A participação do proprietário é voluntária.

Claro está que o cão viverá normalmente na casa do seu proprietário e será este o total responsável pelo cão enquanto estiver em sua posse. Mais tarde, se o criador não necessitar mais de utilizar o cão no seu processo de criação, ou até achar que o animal, afinal não tem potencial, a propriedade total será dada ao proprietário.

No fundo, o criador tem acesso aos cachorros com mais potencial, assegura-se que tem hipóteses de os utilizar na sua criação, de os acompanhar e de os avaliar em exposições, sem ser surpreendido pela falta de vontade dos proprietários e perder grandes oportunidades de usar cães de grande valor.

Outra vantagem, do ponto de vista do criador, é que um cão em coopropriedade não pode ser vendido, dado ou cruzado, sem a sua autorização. Isso previne as cruzas irresponsáveis dos BYB e em caso de incompatibilidades entre cão e dono, o criador é o primeiro a ter preferência em ficar com o cão.

Esta coopropriedade é um contrato, em que ambas as partes estão de acordo. Ninguém é obrigado a fazer esse acordo. Aliás, acho que até é bastante comum, entre criadores.

Eu, se me dessem essa oportunidade, de participar activamente na selecção da raça, eu não me importava nada, ficaria muito orgulhosa.
Pedra
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quarta out 29, 2003 1:57 pm

Kroz, desculpe, mas o que eu falei foi " Cães para exposição e/ou reprodução". Portanto trata-se também de exposições sim. Embora não só.
Repare: Vende um cão para exposição, escolhe um bom animal (não vamos falar dos amargos de boca dos patinhos feios e cisnes e vice versa). O novo dono acha o maximo, mas depois passado um tempo chateia-se e não vai mais. Se o cão é bom, é uma pena. Eu pessoalmente tenho 2 casos.
O que acontece é que reparo que actualmente toda a gente de inicio quer o melhor cão, o mais bonito e o mais perfeito, e chega a dizer que é para ir a exposições. Depois... a maioria esquece-se do que disse de inicio.
Reprodução: O criador tenta melhorar, pesquisa, faz testes de saúde aos reprodutores. Vende um cão e mais tarde vem a saber que esse cão foi cruzado com um cão de qualidade muito inferior, ou quiçá com um outro que até se duvida se é da mesma raça.
Que eu saiba, não temos meio de impedir que isto aconteça. Mas.. o que é facto é que o produto (mau) desses cruzamentos, tem o nome do nosso canil por trás.
O criador tem não só entre outras responsabilidades, a responsabilidade de melhorar uma raça. E cruzar cães á toa, não me parece que seja a melhor forma.
Ok, vão dizer-me, mas para isso há que ter muito cuidado aquem se vende os cães, etc, blablabla... Tudo muito bonito. O que é certo é que mesmo com muito boas referencias, as pessoas enganam, as pessoas mudam, e eu no espaço de um mês, retirei um cão por maus tratos (subjectivo) e um outro que recolhi, muito, muito doente. Por ironia, estas pessoas tinham boas referencias e nada, mas mesmo nada me indicou que o desfecho seria este.
:cry:
Isabel
Pedra
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quarta out 29, 2003 2:05 pm

Elsa, obrigada pela sua participação :p
Muito lúcida e vai de encontro ao que quero chegar.
Tenho pena que cá no burgo haja muito poucos como a Elsa.
Isabel
linda76
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quarta out 29, 2003 2:10 pm

Bem....

Esses pontos de vista de facto são bastante interessantes, mas estão a assumir que há sempre uma pessoa conhecedora (vulgo o criador) e pessoas comuns, o proprietário.

Eu concordo com o ponto de vista..... mas e se forem dois criadores? Ou dois proprietários?

Não sei... de facto esse assunto faz-me um pouco de "cócegas"....
Pelos pontos de vista que a elsa referiu, eu quase me sentia tentada a poder fazer isso... mas últimamente desconfio da boa vontade das pessoas....

No exemplo que estavam a dar, o criador estava sempre por cima, com opção de escolher o que ele entendia ser melhor para o cão... mas se aopinião fosse contraditória com o outro proprietário? De quem deveria ser a opinião final? Do criador?

Enfim, acho que é uma questão um pouco controversa, que é capaz de beneficiar um criador, que não tem de suportar custos com alimentação e vacinas de todos os cães que ache potenciais vencedores de concursosou bom reprodutores e tb é vantajoso para quem se quer iniciar na criação de cães, porque conta com os ensinamentos de uma pessoa já experimentada no assunto. No entanto, o meu receio é sempre um: e se as coisas dão para o torto? E se as pessoas mudam de ideias? Como é que as coisas ficam (neste caso, o cão)?
nokio
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quarta out 29, 2003 2:32 pm

Olá a todos,

Alguns do criadores que conheço têm cães em co-propriedade. Na maior parte das vezes a co-propriedade é entre criadores, e raramente com o cliente final, ou melhor dizendo aquele que compra o cão com a finalidade de ter um cão de companhia.

A co-propriedade serve em muitos casos para assegurar o potencial do cão para determinado fim, seja o da selecção de determinado aspecto da morfologia, seja para trabalho por o cão ser promissor nesse campo, ou ainda um qualquer aspecto que o criador original queira ver salvaguardado em seu interesse.

Normalmente é feito um acordo (nem sempre envolve €), para estabelecer a co-propriedade de um cão, entre as condições podem estar a presença em exposições, competições, etc...

Abraços,
Nokio.
Elsa
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quarta out 29, 2003 2:36 pm

Eu acho que é nos criadores que se pratica mais esta modalidade.

Por exemplo: um criador fez um macho seu campeão. Já o utilizou várias vezes na sua criação e partilha-o agora com outro criador, em coopropriedade, e este usufrui do cão na totalidade. O antigo criador, pode manter alguns direitos sobre o cão, nomeadamente ter direito a mais uma cruza se assim entender...

A coopropriedade não é apenas no pedigree... é também realizado um contrato escrito, com as clausulas que ambos acordaram. As pessoas aceitam ou não!

Deve haver muitos contratos destes, nem sempre são iguais. Desde que AMBAS as partes vejam os seus direitos... são contratos como outros quaisquer.

Se houver litigio... bem, aí vai-se para tribunal... afinal assinou-se um contrato. Aliás é por isso mesmo que ele existe, para não haver mudanças de ideias, de AMBAS as partes.
linda76
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quarta out 29, 2003 2:49 pm

Estão quase a convencer-me.... ;)
fortaleza
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quarta out 29, 2003 3:49 pm

linda76 Escreveu: Estão quase a convencer-me.... ;)

Pois a mim não. Quer dizer, em teoria à primeira vista até concordo com a Elsa mas, conhecendo casos de cães pastor alemão em que há co-partilha entre criadores e co-partilha entre criador/comprador, vou explicar porque é que eu não aceitaria essa situação.

No 1º caso, em que o animal está parte do ano no canil de um e outra parte no canil do outro. E só posso dizer que me inspira piedade ver cães destes, lindíssimos, mas de temperamento amorfo, em que não se sente aquele amor exclusivo que um pa dedica à sua família. Tanto lhe faz estar com um dono, como com outro, como na casa do Zé da Esquina que nunca viu mais gordo. Desculpem, mas em raças deste tipo não é normal tal indiferença e o cão não é feliz de certeza.
No 2º caso, o animal ainda pertence à classe de cachorros e por isso sei que a única vantagem que o proprietário tem é não pagar o ensino do cão pois fica a cargo do criador. Mas a que preço? É que desde os sete meses o cão está no canil do criador e como até há grandes esperanças nele, porventura ainda vai lá ficar muito mais tempo. Ou seja, daqui a um tempo lá temos mais um cão lindíssimo mas de comportamento amorfo que tanto lhe faz estar com o dono, como com o criador, como na casa do Zé da Esquina que nunca viu mais gordo.

Quanto à possibilidade da criação sem ter em vista a qualidade da raça. É muito simples. Era só se poder inscrever o cão no LOP depois de ser avaliado em beleza e comportamento e obter o "apto para criar".

Beijinhos,
Maria João
Pedra
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quarta out 29, 2003 3:58 pm

fortaleza Escreveu:
Quanto à possibilidade da criação sem ter em vista a qualidade da raça. É muito simples. Era só se poder inscrever o cão no LOP depois de ser avaliado em beleza e comportamento e obter o "apto para criar".

Beijinhos,
Maria João
Isso é giro nos Pa´s e outras raças estrangeiras. Nas portuguesa, basta um RI e nada impede o cão de fazer filhos com registo, e assim por adiante...
Isabel
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